Resenha Especial: Cinderela por Charles Perrault
Marcadores:
Charles Perrault,
Cinderela,
Contos,
Contos de Fadas,
Muito Além do Ponto,
Resenha,
Resenha Especial,
Zahar
Continuando
em nossa peregrinação sobre os contos de fadas, vamos desmistificar um pouco um
dos mais belos e universalmente conhecidos contos de fadas de todos: Cinderela!
Título do Conto: Cinderela ou O Sapatinho de Vidro
Autor: Charles Perrault
Título do Livro: Contos de Fadas
Editora: Zahar
Páginas: 44 a 59 (452)
Ano: 2013
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
Autor: Charles Perrault
Título do Livro: Contos de Fadas
Editora: Zahar
Páginas: 44 a 59 (452)
Ano: 2013
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
Branca de Neve, Cinderela, João e Maria, Rapunzel, O Gato de Botas, O Patinho Feio, Pele de Asno, A Pequena Sereia, O Pequeno Polegar. Essa bela edição comentada e ilustrada traz as mais famosas histórias infantis em suas versões originais, sem adaptações. São ao todo 26 contos de Grimm, Perrault e Andersen, entre outros, enriquecidos por centenas de notas que exploram suas origens históricas e complexidades culturais e psicológicas, além de uma apresentação, elaboradas por Maria Tatar, eminente autoridade no campo do folclore e da literatura infantil. O volume conta também com uma extraordinária coleção de cerca de 240 pinturas e desenhos, muitos deles raros, de ilustradores célebres como Arthur Rackham, Gustave Doré, George Gruikshank, Edward Burne-Jones, Edmund Dulac e Walter Crane. E traz ainda biografias de autores, compiladores e ilustradores, além de apêndices com diferentes versões de alguns contos.
Não é
surpresa ou mistério para ninguém do que se trata a história da Cinderela, a
história da jovem órfã, maltratada e humilhada por sua madrasta e filhas é o
conto de fadas mais reescrito e disseminado em diversas culturas e tempos. Não o
suficiente, essa história é reciclada continuamente e, ao longo das épocas,
tivemos diversas versões, tanto literárias, quanto cinematográficas. Mas, o que
torna esse conto tão interessante para que seja tão buscado por diversos povos,
em diversas épocas, ao longo do tempo?
Cinderela
traz a ideia básica da pessoa humilhada que muda de vida como num passe de
mágica, mas é importante ressaltarmos que não é assim tão fácil que a história
acontece. Vivendo uma
vida boa e confortável, a jovem moça se vê sozinha e perdida quando perde os
pais e fica a mercê de sua madrasta, que se mostra a pior as megeras após o
falecimento de seu pai. Na versão mais disseminada pelo mundo, que é a de
Charles Perrault, o abuso doméstico começa ainda com o pai da jovem vivo, mas a
garota evita falar disso com seu pai.
Aí temos a
primeira questão: Por que Cinderela não
se revoltou contra sua madrasta?
Para os
carniceiros e fãs de derramamento de sangue, há as versões em que Cinderela
mata sua madrastas (e só pra constar, são cenas bem gráficas), mas isso,
ao meu ver, descaracteriza a personagem.
Cinderela,
como eu comentei em minha resenha do Mágico de Oz, junto com o Lenhador de
Lata, a personagem mais sinceramente gentil que existe. Mesmo a versão da
Disney, onde ela é até meio sarcástica e independente, é algo tão intrínseco a
personagem que eu consigo perceber genuinidade nisso.
Assim como “A Pequena Sereia” é uma história sobre desejos, “Cinderela” é uma história de
como a bondade e a gentileza conseguem mudar seu destino, pois creio que todos
aqui concordam comigo quando afirma que conviver com pessoas gentis é
extremamente melhor.
Aí vamos ao
segundo ponto da história: Por que a Cinderela foi ao baile?
A resposta
na verdade é bem simples: Porque ela foi convidada. Vamos usar nossa capacidade
empática por alguns instantes agora e nos colocar no lugar da personagem:
Vivemos uma vida confortável em nosso lar, até que perdemos os dois
referenciais de vida que temos (que seriam nossos pais), somos então obrigados
a viver com uma mulher que claramente nos detesta e nos usa como escravo
doméstico. Nosso lar passa então a ser um ambiente opressor onde perdemos toda
nossa identidade e somos maltratados tanto física quanto psicologicamente (Para
os desavisados, Cinderela não é o nome da garota, é um apelido que a madrasta e
as filhas dela dão à jovem) sem nunca ter direito a descanso, pois, vejam só,
nosso local de repouso é o próprio ambiente das torturas!
Se nós, que
trabalhamos numa carga horária que varia das 40 às 48 horas semanais,
necessitamos de um momento de descanso, imagina para alguém que 7 dias na
semana, 24 horas por dia, precisa agradar a 3 criaturas deploráveis e
mesquinhas, sempre mantendo o sorriso e sendo bondosa?
Em algumas
versões do conto, não é uma fada madrinha, mas uma árvore, plantada no túmulo
de sua mãe, que lhe concede as graças ofertadas pela mística mulher. Ambas trazem
a ideia da proteção materna sobre a garota, que apenas deu frutos graças a toda
a bondade e gentileza de seu coração.
Isso nos
leva a outro ponto da história: Cinderela não esperava ser “resgatada” por um
príncipe!
O convite do
baile estava extenso à todas as jovens senhoritas de reino, requisitos aos
quais ela se encaixa. Ela não foi pronta para arrumar um casamento, mas, pela
primeira vez em sua vida após o falecimento de seus pais, conseguiu finalmente
um lugar onde, por algumas horas(no conto, por alguns dias), poderia se
esquecer de todo abuso que vinha sofrendo e viver! Como negar isso a alguém com
essa carga em sua história?
Finalmente,
Cinderela é muito mais que a mocinha bobinha e ingênua que sofre sentada no
sótão, enquanto aguarda um cavaleiro em seu corcel branco para resgatá-la. É
uma jovem sofrida que teve sua sorte mudada, graças a sua força em aguentar
todo seu infortúnio sendo sim “gentil e corajosa”.
Beldade, ela vale mais do que roupas enfeitadas,
Para ganhar um coração, chegar ao fim da batalha,
A doçura é que é a dádiva preciosa das fadas,
Adorne-se com ela, pois essa virtude não falha. Pág. 59
--- Marcel Elias ---
Postar um comentário
Obrigada pela visita, dê sua opinião, participe e volte sempre.
- Caso tenha uma pergunta deixe seu e-mail abaixo que respondo assim que o comentário for lido.
- Caso sua mensagem não tenha relação com o post, envie para o e-mail.