Resenha: Assassinato no Expresso do Oriente por Agatha Christie

E no mês de comemoração dos 130 anos da escritora Agatha Christie, nós promovemos a leitura coletiva do livro "Assassinato no Expresso do Oriente" no perfil @blogmundodoslivros, no Instagram. A experiência única proporcionada pela Rainha do Crime, rendeu uma leitura que além de misteriosa, foi muito divertida. Agora, vocês conferem tudo o que eu achei desse clássico protagonizado por Hercule Poirot.

Título:
 Assassinato no Expresso do Oriente
Autora: Agatha Christie
Editora: HarperCollins
Ano: 2020
Páginas: 200
Sinopse: "Em meio a uma viagem, Hercule Poirot é surpreendido por um telegrama solicitando seu retorno a Londres. Então, o famoso detetive belga embarca no Expresso do Oriente, que está inesperadamente cheio para aquela época do ano. Pouco tempo após a meia-noite, o excesso de neve nos trilhos obriga o trem a parar. Na manhã seguinte, o corpo de um dos passageiros é encontrado, golpeado por múltiplas facadas. Com os passageiros isolados por conta da neve, e tendo um assassino entre eles, a única solução é que Poirot inicie uma investigação para descobrir quem é o criminoso ― antes que se faça mais uma vítima."

O detetive belga, Hercule Poirot, está indo da Síria em direção à Istambul quando recebe uma mensagem urgente que o faz mudar de planos e prosseguir com a viagem no trem até Londres. No entanto, não foi sem dificuldades que ele conseguiu um lugar no Expresso do Oriente, já que curiosamente o vagão Istambul-Calais estava mais cheio do que o que seria normal para aquela época do ano. Nele, estavam sendo transportados passageiros dos mais variados tipos, pois iam desde princesas até homens com negócios escusos.

Em uma noite particularmente fria daquela viagem, enquanto estava caindo uma nevasca, gritos são ouvidos e uma assassinato acontece. Agora, para atender aos anseios do seu amigo, que é diretor da companhia, Poirot inicia uma investigação para descobrir não só a motivação do homicídio, como também a identidade do assassino. Afinal, na hipótese de o autor do crime estar com eles, já que o tempo jamais permitiria uma fuga, seria possível que uma nova morte acontecesse ou aquele caso era uma exceção dentre os distintos passageiros?

Uma das coisas que eu mais gosto na escrita de Agatha Christie é a exposição de todos os indícios coletados para o leitor. Tudo, absolutamente tudo, está disposto no seu texto. Isto é, ela nos provoca a investigar as nuances do caso junto com o Hercule Poirot e a exercitar as nossas massas cinzentas em seu nível máximo até alcançar, ou não, a mesma compreensão do detetive belga. Logo, cabe aos leitores coordenar as informações e atribuir um valor ao que foi dito. Essa interação, além de brilhante, é capaz de nos manter conectados às obras de tal forma que passamos pelas páginas avidamente, sem conseguir desgrudar da narrativa.

"Assassinato no Expresso do Oriente", por exemplo, é daqueles casos em que há uma infinidade de interrogatórios, de pistas a serem analisadas e de conversas realizadas na surdina a serem consideradas. E esses aspectos se tornam ainda mais intrigantes porque aparentemente todos os ocupantes do trem eram pessoas sobre as quais não pairavam nenhuma dúvida acerca de sua boa conduta. As peculiaridades, portanto, são muitas e a Rainha do Crime brinca com a gente ao dar dados demais a serem filtrados. As dúvidas são tantas, que fica difícil se concentrar nas hipóteses mais usuais, de modo que o surreal acaba invadindo a nossa mente.

Por não trazer uma abordagem centrada em desenvolver os aspectos psicológicos de todos os personagens que aparecem na trama, pouco sabemos a respeito da verdadeira índole destes, apenas são fornecidos alguns dados que possibilitam o vislumbre generalista dos suspeitos. Isso não é um defeito, posto que se trata de um enredo com, pelo menos 13 (treze) investigados, porém, em alguns momentos senti que algo mais poderia ser dito. Poirot, por outro lado, continua fiel a técnica de ordem e método, e consegue achar não só a lógica, como a verdade, em um emaranhado de informações.

Infelizmente, como assisti ao filme lançado no ano de 2017, estrelado por Kenneth Branagh e outros, eu já conhecia o final da trama e isso me tirou o épico momento de desvendar as minúcias desse assassinato. Assim como "O Médico e o Monstro", essa é daquelas histórias que ao saber do fim, muito se perde para o leitor. Entretanto, continua sendo uma das minhas obras favoritas  de Agatha Christie  e a recomendaria para qualquer pessoa que queira iniciar as leituras dessa escritora magistral. 

Então se você é um apreciador de boas histórias de investigação e ainda não leu essa obra, saiba que em "Assassinato no Expresso do Oriente" além de encontrar personagens com personalidades dúbias, um detetive particular atento, você ainda encontrará um clima claustrofóbico, conferido por um trem preso em uma nevasca, e um assassino à solta, cujo desconhecimento de sua identidade não nos permite saber se o que lhe move é a crueldade ou a justiça.

(...) talvez, todos que estão aqui seriam ligados por um único elo, a morte. - Pág. 24

--- Isabelle Vitorino ---

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