Resenha: O Assassinato de Roger Ackroyd por Agatha Christie

Dica: Ao tirar férias, nunca cogite as cidades pacatas do interior. Você nunca sabe quando seus ofícios sertão necessários por lá.

Título: 
O Assassinato de Roger Ackroyd
Autora: Agatha Christie
Editora: Globo Livros
Ano: 2014
Páginas: 296
Sinopse: "Em uma noite de setembro, o milionário Roger Ackroyd é encontrado morto, esfaqueado com uma adaga tunisiana – objeto raro de sua coleção particular – no quarto da mansão Fernly Park na pacata vila de King’s Abbott. A morte do fidalgo industrial é a terceira de uma misteriosa sequência de crimes, iniciada com a de Ashley Ferrars, que pode ter sido causada ou por uma ingestão acidental de soníferos ou envenenamento articulado por sua esposa – esta, aliás, completa a sequência de mortes, num provável suicídio. Os três crimes em série chamam a atenção da velha Caroline Sheppard, irmã do dr. Sheppard, médico da cidade e narrador da história. Suspeitando de que haja uma relação entre as mortes, dada a proximidade de miss Ferrars com o também viúvo Roger Ackroyd, Caroline pede a ajuda do então aposentado detetive belga Hercule Poirot, que passava suas merecidas férias na vila. Ameaças, chantagens, vícios, heranças, obsessões amorosas e uma carta reveladora deixada por miss Ferrars compõem o cenário desta surpreendente trama, cujo transcorrer elenca novos suspeitos a todo instante, exigindo a habitual perspicácia do detetive Poirot em seu retorno ao mundo das investigações. O assassinato de Roger Ackroyd é um dos mais famosos romances policiais da rainha do crime."

Livro responsável pelo nome de Agatha Christie ter se saído de um nicho e ter virado mainstream, "O Assassinato de Roger Ackroyd" foi meu primeiro contato com a autora e definitivamente é um dos meus romances policiais favoritos da vida. 

Neste romance policial, o mais famoso detetive da autora, o atarracado e orgulhoso Hercule Poirot, se vê atendendo ao pedido da Sra. Caroline Sheppard para resolver o assassinato de uma importante figura da pacata vila em que resolveu tirar boas férias. Acompanhado do irmão da Sra. Caroline, o médico da cidade, Dr. Sheppard - que será o responsável pela narração dessa intrigada história, o detetive belga nos conduz nessa mirabolante história, onde intrigas e paixões avassaladores podem ser mais fatais que uma punhalada.

Por ser meu primeiro contato com a autora, achei deveras curioso o seu primeiro romance mais popular se tratar de uma dinâmica justamente de um detetive e um médico, mas não precisou pesquisar muito para eu logo descobrir se tratar de um caso isolado, pois o narrador mais recorrente das histórias do Poirot são feitas pelo passional e irritante Mr. Hastings, então que bom que esse não foi o caso.

Não quero jamais tirar o crédito da autora, pois esse livro é sensacional, mas tenho um palpite que o motivo que levou boa parte dos amantes de histórias policiais a tornar esse livro tão falado foi, inicialmente, esse fator que remetia a uma famosa dupla britânica.

Mas como dito anteriormente, se proposital ou não. Esse fator não muda em nada a excelência com que toda a trama é levada. Os conhecedores de Poirot estão familiarizados com seu método de investigação único, e o brilhantismo de Agatha Christie se encontra no fato de que absolutamente nenhuma informação do caso é omitida, dando a todos os leitores a oportunidade de sentar lado a lado com Poirot e tentar resolver essa trama.

Poirot é um personagem deveras capcioso. Arrogante e sistemático, não deixa de ser divertido em diversas passagens a dinâmica dele com o Dr. Sheppard - o que deixa a história bem interessante. A cada capítulo, uma nova testemunha com um novo relato nos faz tecer cada vez mais deduções sobre o ocorrido. Ressalto que de forma alguma os personagens deixam as coisas caricatas, o que nos faz desconfiar de tudo, a todo momento.

Se, de fato, alguém começa esse livro achando ser uma cópia dos trabalhos de Arthur Conan Doyle, são totalmente surpreendidos com os dois capítulos finais do livro - que são muito chocantes! Eu, por exemplo, lembro com exatidão do completo choque que fiquei, não apenas com a descoberta do assassino, mas como a justiça que é feita no final.

Agatha Christie conquistou a sua reputação e se tornou a Rainha do Crime não apenas por suas tramas conspiratórias extremamente bem boladas, mas por nos apresentar personagens humanos e intensos e nos mostrar, através desses crimes e de suas motivações, a natureza humana e todas as suas nuances.

- [...] Você irá descobrir, monsieur le docteur, caso se envolva muito com casos assim, que eles todos se parecem em uma coisa.
- Em quê? - perguntei, curioso.
- Todos os envolvidos tem algo a esconder.
- Pág. 97

--- Marcel Elias ---

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