Resenha: O Caderninho de Desafios de Dash e Lily por David Levithan e Rachel Cohn

O Natal sempre foi uma das minhas épocas favoritas do ano e por isso sempre tentei deixar as minhas leituras com um clima leve, fofo e acolhedor. É certo que esse ano eu mudei um pouco e li algumas obras bem densas, mas, como contraponto, conheci esse livro que além de dar um baita quentinho no coração, foi adaptado pela Netflix.

Título: 
O Caderninho de Desafios de Dash e Lily
Autores: David Levithan e Rachel Cohn
Editora: Galera Record
Ano: 2016
Páginas: 256
Sinopse: "O mais novo livro de David Levithan, autor de Will & Will e Todo dia Lily sente que chegou a hora de se apaixonar. Para achar sua cara-metade, ela vai contar com a ajuda do irmão, que ajuda a garota a criar uma série de tarefas num caderno vermelho. Quem o encontrar, em meio às prateleiras da mais caótica livraria de Manhattan, deve aceitar ou não seu desafio. Dash, um lobo solitário, encontra o moleskine em sua livraria predileta, e os dois ousam trocar sonhos, desafios e desejos nas páginas do caderninho que será achado e perdido sucessivamente nos mais diferentes locais da cidade."

Dash é um jovem que odeia o Natal. Depois de enganar os seus pais, que não se falavam desde o divórcio, ele consegue ficar sozinho em Nova York na época mais festiva do ano. Leitor voraz, ele passeava por sua livraria favorita quando encontrou um caderninho vermelho bastante curioso. Lá, alguém o desafiava a sair à procura de uma mensagem secreta em meio à livros de assuntos quase que inconciliáveis. Sua mente afiada prontamente lhe propôs uma resolução, mas mais do que isso, logo ele se pôs a pensar em uma resposta boa o suficiente para a pessoa que estava por trás daquele moleskine. Uma que, talvez, fizesse aquele final de ano ser algo mais que tedioso.

Lily é uma jovem que ama o Natal. Triste porque os seus pais viajaram, todas as suas tradições natalinas parecem estar ameaçadas e ela nunca se sentiu tão sozinha em Nova York como se sentia naquele ano. Leitora voraz, ela estava em casa, em uma longa sessão de autopiedade, quando o seu irmão lhe deu a ideia de fazer um desafio para animar os seus dias e, quem sabe, conhecer alguém legal. Foi assim que o caderninho de desafios foi parar nas prateleiras daquela livraria... o que ela não esperava era que alguém, além de decifrar a loucura proposta pelo seu irmão, devolvaria o moleskine com uma proposta para embarcar em uma grande aventura.

"O Caderninho de Desafios de Dash e Lily" foi um livro-surpresa para mim, especialmente, porque eu já não lia um young adult há muito tempo e não sabia se conseguiria entrar no clima da história em razão de não ser mais o público-alvo dessas publicações. No entanto, eu não só mergulhei de cabeça no enredo escrito por Levithan e Cohn, como dei boas risadas acompanhando esses jovens peculiares. Como vocês já devem imaginar pela breve descrição que fiz há pouco, Dash e Lily são opostos que imaginamos desde o início serem como água e óleo, ou seja, sem a menor chance de se misturarem. Assim, o grande ponto do livro é justamente o de tecer uma trama que consegue mostrar que os opostos podem sim se complementar de forma perfeita.

Narrado em primeira pessoa, os autores alternaram o ponto de vista dos personagens em cada capítulo nos fornecendo detalhes do que se passa na mente de cada um deles. Enquanto Dash é o garoto que consegue fazer amigos e transitar por vários grupos, apesar de ser sarcástico e irônico a maior parte do tempo, Lily é uma daquelas garotas tão diferentes da maioria que isso acabou afetando a sua autoestima, o que a faz se isolar, assim, ela quase não tem laços com pessoas da sua idade. É interessantíssimo acompanhar o desabrochar de Lily. Isso, porque, ela vai de uma jovem obediente e que tenta deixar todas as pessoas ao seu redor sempre felizes, a alguém que percebe que precisa de liberdade e um pouco de rebeldia para viver e desbravar o mundo. Nesse sentido, os desafios do Dash são ótimos para que ela dê cada vez mais espaço a essa Lily que sempre esteve lá, mas que só aparecia pontualmente.

Por outro lado, Lily oferece ao seu parceiro de desafios a oportunidade única de conhecer um lado mais leve da vida. Com o decorrer da história, é notório o quanto as tensões familiares transformaram seu jeito de ver as coisas, de modo que estar perto de alguém tão leve, o faz enxergar coisas que antes ele não percebia, ou se percebia, encarava com certo ceticismo. Eu me diverti bastante acompanhando o personagem, em especial, com as suas críticas literárias. Acreditem, ele não só é um fã de Salinger, autor de "O Apanhador no Campo de Centeio", como também é um crítico feroz de James Patterson e não perde a chance de fazer piadas sobre escritores que fizeram fama mesmo sem escrever verdadeiramente nada, apenas contratando ghost writers.

Depois que li o livro me bateu a curiosidade de assistir a série, mas confesso que não gostei tanto assim. Apesar de ter muita coisa similar à obra escrita, modificaram algumas cenas em demasia, como, por exemplo, tirando completamente a emoção do primeiro encontro deles e tudo o que se segue após. Então se você viu a adaptação e não gostou, talvez goste mais do livro, e se você viu a adaptação e gostou, não tenho dúvidas de que gostará ainda mais do livro. A verdade é que apesar de não ser uma história com grandes conflitos (e que vai te fazer questionar o universo e tudo mais), ainda assim é capaz de ser uma ótima companhia para leitores que desejam passar um tempo na companhia de um enredo leve, divertido e que deixa o coração aquecido mesmo depois do ponto final. Tudo isso, é claro, acompanhado de um belo passeio por Nova York.

Desconfiava que, quando alguma coisa era começo e fim ao mesmo tempo, significava que só podia acontecer no presente.

--- Isabelle Vitorino ---

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