Resenha: O Hobbit por J. R. R. Tolkien

A seleção natural e Tolkien nos mostram que o Smaug é ancestral direto do Tio Patinhas, e eu posso provar!

Título: O Hobbit
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: HarperCollins
Ano: 2019
Páginas: 336
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Sinopse: "Bilbo Bolseiro era um dos mais respeitáveis hobbits de todo o Condado até que, um dia, o mago Gandalf bate à sua porta. A partir de então, toda sua vida pacata e campestre soprando anéis de fumaça com seu belo cachimbo começa a mudar. Ele é convocado a participar de uma aventura por ninguém menos do que Thorin Escudo-de-Carvalho, um príncipe do poderoso povo dos Anãos.Esta jornada fará Bilbo, Gandalf e 13 anãos atravessarem a Terra-média, passando por inúmeros perigos, sejam eles, os imensos trols, as Montanhas Nevoentas infestadas de gobelins ou a muito antiga e misteriosa Trevamata, até chegarem (se conseguirem) na Montanha Solitária. Lá está um incalculável tesouro, mas há um porém. Deitado em cima dele está Smaug, o Dourado, um dragão malicioso que... bem, você terá que ler e descobrir. Lançado em 1937, O Hobbit é um divisor de águas na literatura fantástica mundial. Mais de 80 anos após a sua publicação, o livro que antecede os ocorridos em O Senhor dos Anéis continua arrebatando fãs de todas as idades, talvez pelo seu tom brincalhão com uma pitada de magia élfica, ou talvez porque J.R.R. Tolkien tenha escrito o melhor livro infanto-juvenil de todos os tempos."

Bilbo Bolseiro era um dos mais respeitáveis hobbits de todo o Condado até que um dia o mago Gandalf bate à sua porta. A partir de então, toda sua vida pacata e campestre, soprando anéis de fumaça com seu belo cachimbo, começa a mudar. Ele é convocado a participar de uma aventura por ninguém menos do que Thorin Escudo-de-Carvalho, um príncipe do poderoso povo dos Anãos*.

Esta jornada fará Bilbo, Gandalf e 13 anãos atravessarem a Terra-média, passando por inúmeros perigos, sejam eles, os imensos trolls, as Montanhas Nevoentas infestadas de goblins ou, a muito antiga e misteriosa, Trevamata, até chegarem (se conseguirem) na Montanha Solitária. Lá está um incalculável tesouro, mas há um porém: deitado em cima dele está Smaug, o Dourado, um dragão malicioso que... bem, você terá que ler e descobrir.

Lançado em 1937, "O Hobbit" é um divisor de águas na literatura fantástica mundial. Mais de 80 anos após a sua publicação, o livro que antecede os ocorridos em "O Senhor dos Anéis" continua arrebatando fãs de todas as idades, talvez pelo seu tom brincalhão com uma pitada de magia élfica, ou talvez porque J. R. R. Tolkien tenha escrito o melhor livro infanto-juvenil de todos os tempos.

Tudo andava bem no Condado. Bilbo estava vivendo a sua maravilhosa, pacata e (invejável) amável vida como um bom hobbit a vive, até que chega em sua porta o famoso Gandalf. O mago cinzento está atras de alguém disposto a acompanhá-lo em uma aventura, o que muito surpreende e ofende o hobbit que, como um tradicional membro de sua raça, não sente prazer algum em sair de casa e se aventurar por aí. Gandalf faz a total egípcia e marca a porta (recém pintada) desse orgulhoso fanfarrão, que é surpreendido ao anoitecer pelo mago, com mais 13 anãos. Essa é a Companhia de Thorin Escudo de Carvalho, nobre anão, neto do Rei de Erebor e legítimo Rei Sob a Montanha.

Porém, seu reino e todas as suas riquezas há décadas se encontram em posse da mais vil e perigosa criatura da Terra-Média: Smaug, o Dragão! Para retomar sua terra e deter essa gananciosa criatura, a Companhia necessita de um ladrão, alguém pegueno, que caiba na entrada secreta e saiba fugir furtivamente de situações perigosas. Cabe então ao pequeno Bilbo, acompanhado de seus 13 novos amigos e do mago mais mandão da Terra-Média enfrentar goblins e orcs, bem como aranhas e trolls, além, é claro, de fazer charadas na escuridão com uma criatura há muito esquecida pela humanidade, e conhecer metamorfos e homens de moral dúbia, enquanto rumam para essa mirabolante aventura.

Eu adoraria ser o hipster metido a diferentão e falar que eu conhecia a obra "antes de ser cool", mas não tenho vergonha nenhuma em assumir que meu primeiro contato foi após assistir a primeira adaptação aos cinemas. Mas depois disso, a releitura anual é quase que obrigatória.

Tolkien conta que nunca teve pretensão alguma com o livro de seu pequeno protagonista, afinal o Hobbit nada mais era que uma história contada e criada para entreter seus filhos na hora de dormir. Assim, nada prepararia o nosso autor britânico para o sucesso avassalador da obra que abriu ao mundo o conhecimento do mais rico e completo universo fantástico já criado pela humanidade.

Com uma linguagem simples, rápida e extremamente cativante, o narrador nos guia de forma bem direta e com um tom de narração digna de um conto de fadas, aos pormenores do mais improvável herói que houviremos falar. Mas, por que "O Hobbit" segue sendo esse icônico livro, que mexe com gerações, mesmo após tantos anos escrito? Um dos pontos de interesse que tive nas diversas leituras que já fiz da obra foi justamente como é contada a jornada do herói nessa história. 

Diferente do clichê fantástico do imaginários popular, onde o "Zé Ninguém" se torna um galante e belo cavaleiro, munido das mais impressionantes habilidades e atributos físicos, geralmente guiado por sua jornada graças a uma antiga profecia, temos aqui um herói que ao longo de sua história mantém sua natureza chorosa e preguiçosa, que é chamado a aventura por ser pequeno e saber "sair à francesa" e que, fisicamente falando, não sofreu qualquer tipo de mudança digna de nota. Mas, ao mesmo tempo, é impossível para o leitor falar que o mesmo Bilbo voltou para o Condado. A mudança em Bilbo veio de forma interna e é trabalhada a cada anova ação de bravura, que nos surpreende ao longo da narrativa.

Outro ponto que merece destaque é a forma como Tolkien faz para que Bilbo resolva seus "combates" mais arriscados. Diferente dos anãos, que são uma raça guerreira e que está ligada às principais ações da história, nosso herói é um simples serzinho do campo, logo, sem experiência de combate. Ao invés de convertê-lo em um guerreiro, Tolkien cria embates através do diálogo, como charadas, para que Bilbo possa encarar seu perigo de igual para igual. E não se engane, esses capítulos são ainda mais tensos do que um embate físico!

Se há algo que não me agradou, creio que seriam os anãos. Não a raça em si, mas o fato de existir 13 criaturas, mas com pouca coisa narrada sobre suas personalidades próprias. Por diversos momentos vejo-os quase como uma entidade única, pois não há uma singularidade em casa um deles. Além disso, o recurso de "Deus Ex Machina" apoiado no Gandalf também me incomoda um pouco, mas isso dura apenas no primeiro terço do livro, então não é algo tão recorrente.

É impossível falar sobre essa livro, sem mencionar a trilogia do cinema. Sendo bastante sucinto, pois esse é um assunto que poderia render um outro texto, o primeiro filme é um relato extremamente fidedigno do escrito. De longe, o mais bem adaptado. Mas depois disso vamos ladeira a baixo.

Provavelmente os fãs mais ferrenhos já devem ter gastado o tempo de assistir a trilogia estendida assistindo ao making of dos filmes e tem essas respostas, mas não consigo entender a mentalidade do diretor nesse projeto. O Hobbit é um livro simples, mas intenso, sobre amizade, lealdade e o poder de mudar. A trilogia como um todo segue os moldes épicos de Senhor dos Anéis, mas tropeça em diversos pontos e perde-se em seu sentido. Não chega a ser uma adaptação ruim, mas deixa a desejar no quesito de interpretação textual e captura de essencial.

Em suma, "O Hobbit" é uma leitura leve, despretensiosa e mágica. Vai guiar o leitor através de aventuras incríveis e situações bizarras, mas que no final dá a sensação de dever cumprido, um quentinho no peito e a comprovação de que, por mais maravilhosas que sejam as aventuras, a melhor parte de todas é retornar ao nosso lar.

Há mais coisas boas em você do que você sabe, filho do gentil Oeste. Alguma coragem e alguma sabedoria, misturadas na medida certa. Se mais de nós déssemos mais valor a comida, bebida e música do que a tesouros, o mundo seria mais alegre.

* Interessante observar que o uso da palavra "anãos" foi uma escolha dos tradutores das novas traduções a fim de preservar a linguística de Tolkien, conforme indicam reportagem concedida ao portal Jovem Nerd.

---  Marcel Elias ---

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