Resenha: Escândalo de Cetim por Loretta Chase

Como vocês estão percebendo pelo número de resenhas de livros de romance de época, o meu feriadão foi repleto de leituras do gênero. Eu estava tão ansiosa para conferir algumas histórias que não me contive e mergulhei no maravilho universo dos bailes. Uma das obras que li foi "Escândalo de Cetim" e infelizmente, está longe de ter sido uma das melhores.

Título: Escândalo de Cetim
Série: As Modistas #2
Autora: Loretta Chase
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
Ano: 2016
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
Irmã do meio entre as três proprietárias de um refinado ateliê de Londres, Sophia Noirot tem um talento inato para desenhar chapéus luxuosos e um dom notável para planos infalíveis. A loura de olhos azuis e jeito inocente é na verdade uma raposa, capaz de vender areia a beduínos. Assim, quando a ingênua lady Clara Fairfax, a cliente mais importante da Maison Noirot, é seduzida por um lorde mal-intencionado diante de toda a alta sociedade londrina, Sophia é a pessoa mais indicada para reverter a situação. Nessa tarefa, ela terá o auxílio do irmão cabeça-dura de lady Clara, o conde de Longmore. Alto, musculoso e sem um pingo de sutileza, Longmore não poderia ser mais diferente de Sophia. Se a jovem modista ilude as damas para conseguir vesti-las, ele as seduz com o intuito de despi-las. Unidos para salvar lady Clara da desonra, esses charmosos trapaceiros podem dar início a uma escandalosa história de amor... se sobreviverem um ao outro. Em Escândalo de Cetim, segundo livro da série As Modistas, Loretta Chase nos presenteia com um dos casais mais deliciosos já descritos. Além de terem uma inegável química, Sophia e Longmore são divertidos como o rodopiar de uma valsa e sensuais como um corpete bem desenhado.

Sophia Noirot é uma mulher versátil e determinada. Responsável por atrair novos clientes para Maison Noirot, ela também escreve para um jornal através de um pseudônimo e não mede esforços para descobrir os segredos mais sórdidos da alta sociedade londrina. Na verdade, a tenacidade é algo que corre solto em suas veias e que está presente em sua vida em decorrência da maneira como seus pais escolherem viver. Acostumada a contar apenas com as suas irmãs, ela não se permite acreditar que Longmore sinta por ela algo mais que um desejo sexual. Todavia, quando a irmã do conde está mira de todos por causa de um escândalo que ela acredita ter sido provocado por um homem mesquinho e aproveitador, ela não mede esforços para salvar a única cliente capaz de salvar a Mason.

O conde de Longmore é um homem que sabe muito bem o que quer e o que ele mais deseja é a bela loira, Sophia Noirot. Ela, que é cunhada de seu melhor amigo, parece ter lhe lançado um feitiço, já que ele é completamente incapaz de fazer qualquer outra coisa que não seja pensar nela. Entretanto, ela possui beleza na mesma proporção que possui inteligência e agilidade, por isso quando sua irmã acaba nos braços de um canalha, que ainda por cima estava falido, ele sabe que pode contar com a esperteza de Sophia para evitar o casamento de Clara. E é em meio a aventuras e perseguições, que Longmore vai percebendo que o que sente vai além de uma mera atração física e que está muito mais relacionado a algo que os membros da alta sociedade nunca se importam: o amor.

"Escândalo de Cetim" era um livro que eu estava ansiosíssima para conhecer a história, pois havia amado o volume anterior da série "As Modistas". Acredito que o motivo para tanto, tenha sido o jeito diferente de caracterizar personagens que tinham tudo para ser mais do mesmo. Quando comecei a mergulhar nas páginas que narravam a vida de Sophia e Longmore, procurava encontrar aquela mesma centelha que percebi nos dois quando eles interagiram em "Sedução de Seda", porém, não foi isso que eu encontrei. Iniciamos a nossa jornada com um protagonista extremamente encantado por uma mulher independente e que não tem tempo para romances, por ser uma pessoa prática demais, Sophia enxerga todos os empecilhos que surgiriam caso ela resolvesse se entregar ao charme do conde. Como contraponto a isso, a autora insere uma pitada de aventura com as peripécias que o casal se envolve para conseguir salvar lady Clara de um casamento infortunado.

O que me desagradou profundamente nesse plote foi que ao invés de termos uma aproximação do casal com a finalidade de ajudar a irmã do conde, o que ocorreu foi meramente uma corrida para salvá-la dos braços de um canalha. Loretta Chase acabou dando mais ênfase a história de Clara do que a de Noirot e isso me deixou bem impaciente durante a leitura. É certo que conhecemos um pouco da história de Sophia no segundo volume da série, entretanto, eu queria que os medos e anseios da personagem tivessem sido melhor trabalhados e não tivessem ficado apenas na superficialidade. Acredito que em meio a esses erros que, ao meu ver, comprometeram substancialmente a qualidade da história contada, o que salva o livro são s aventuras que o casal vivem juntos. São tantos infortúnios, disfarces e desencontros, que não há como passar por tudo isso sem dar umas boas risadas.

Outro ponto que achei um pouco defasado, foi a construção e desenvolvimento do conde Longmore. Ele que parecia ser um homem charmoso e espirituoso, revela-se alguém de inteligência mediana e que não desperta muitos sentimentos por ficar aquém daquilo que se espera de um parceiro ideal para Sophia. Diante de tudo isso, passei todo o livro com a sensação de que a autora poderia ter feito mais pela história tanto no que concerne a construção e desenvolvimento do enredo, quanto ao modo como ela caracterizou os seus personagens que, por vezes, parecem insossos demais para serem considerados como verdadeiros protagonistas. É por isso que mesmo que eu tenha gostado muito do primeiro e continuar curiosíssima a respeito do que vai acontecer com Clara, me sinto reticente com relação a série. Espero de verdade que em "Volúpia de Veludo" eu tenho uma bela e agradável surpresa, pois em meio a tantos livros de romance época, esses se destacam por sua irreverência e pela fortaleza das mulheres.


Entretanto, ele foi gentil de um modo inesperado. Nem sempre homens eram gentis. Não que quisessem ser cruéis, mas estavam acostumados a ver o mundo girando de acordo com os próprios desejos que jamais percebiam quando ele girava e atropelava as mulheres. Pág. 160

--- Isabelle Vitorino ---

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