Resenha: Simplesmente o Paraíso por Julia Quinn

Resenha: Simplesmente o Paraíso por Julia Quinn

Durante a leitura da série "Os Bridgertons" sempre me diverti com a ida dos nossos queridos personagens ao já consagrado Concerto dos Smythe-Smith e qual foi a minha surpresa quando soube do lançamento de uma série dedicada especialmente as moças que participavam desse grupo. É claro que eu não poderia deixar de conferir e é claro, me apaixonar por essas histórias.

Título: Simplesmente o Paraíso

Série: Quarteto Smythe-Smith #1

Autora: Julia Quinn

Editora: Arqueiro

Ano: 2017

Páginas: 272

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Honoria Smythe-Smith é parte do famoso quarteto musical Smythe-Smith, embora não se engane e saiba que o dito quarteto carece sequer do menor sentido musical e tem esperanças postas que esta seja a última vez que se submeta a semelhante humilhação. Esta será sua temporada e com um pouco de sorte conseguirá um marido. Durante um jantar, põe seus olhos em Gregory Bridgerton, um dos mais jovens da família Bridgerton. Sabe que não está apaixonada, mas ele parece uma opção mais que válida. Marcus Holroyd é o melhor amigo do irmão de Honoria, Daniel, que vive exilado na Italia. Ele prometeu olhar por ela e leva suas responsabilidades muito seriamente. Odeia Londres e durante toda a temporada, permaneceu vigilante e intermediou quando acreditava que o pretendente não era o adequado. Honoria e Marcus compartilham uma amizade, pouco atípica, fruto dos anos que se conhecem e que o torna parte da família. Entretanto, um desafortunado acidente faz que ambos repensem sua relação e encontrem a maneira de confrontar o que surge entre eles, se tiverem coragem suficiente.

Honoria Smythe-Smith é uma mulher que enfrenta com graça até mesmo os momentos mais constrangedores que possa protagonizar. Isso ela deve não só a sua participação no quarteto musical da família que não tinha nenhum talento para tocar, como também, ao seu crescimento com o irmão Daniel e o amigo dele, Marcus. Ela sempre quis estar perto dos dois, mas porque era menina, nunca foi aceita por eles e acabou ganhado o apelido nada lisonjeador de "carrapato". Mas os tempos de infância já acabaram e agora ela é uma jovem dama em busca de um marido, porém, seus motivos são totalmente diferentes dos de suas primas que querem se ver livre do concerto de família, o que ela quer, na verdade, é ter alguém para cuidar e amar. O problema era que os homens pareciam ter algum problema com ela, já que após cortejá-la, eles sumiam misteriosamente de sua vida. Todavia, ela tinha um plano e acreditava cada vez mais que ele ia dar certo.

Marcus Holroyd é um homem extremamente discreto e que não gosta do cansativo jogo social presente nos altos círculos da sociedade londrina do qual fazia parte. Mas ele havia prometido ao seu amigo Daniel que iria cuidar da sua irmã mais nova e que não permitiria que ela se casasse com qualquer homem que surgisse em seu caminho. E essa tarefa estava deixando-o extenuado. Honoria era uma garota determinada desde pequena, porém com o passar do tempo essa característica se tornou cada vez mais latente, tanto é que ele não se surpreendeu nenhum pouco ao flagrá-la tramando algo para fisgar o marido no bosque da casa de sua prima. O que eles não esperavam era que ele fosse a vítima de tal artimanha, agora em estado de profunda enfermidade, ele acaba caindo nos cuidados de Honoria e o que era para ser apenas um auxílio torna-se o início de uma história de amor que ninguém esperava que fosse de fato acontecer.

A escrita de Julia Quinn mexe comigo de uma forma profunda. Seus romances doces e seus personagens, na maioria das vezes, encantadores são uma espécie de calmante para os meus momentos de agitação. Depois de concluir a minha jornada com a série "Os Bridgertons" eu já estava sentindo falta de entrar naquela universo de bailes suntuosos, vestidos glamurosos e histórias de amor transcorrendo nos bastidores de tudo isso. Confesso que quando iniciei a leitura de "Simplesmente o Paraíso" eu não imaginava que seria capaz de me apaixonar tão profundamente pela obra, afinal, quem não achava as musicistas do quarteto um tanto patéticas que atire a primeira pedra, mas no transcorrer das páginas me vi presa a curiosidade de saber cada vez mais e mais sobre essa família que apesar de inusitada, é extremamente interessante.

Algo que me chamou a atenção é que no Quarteto Smythe-Smith é possível perceber uma essência familiar profundamente tocante. Se de um lado temos Honoria, uma dama que foi criada cercada de amor, carinho e confusão, do outro temos Marcus que cresceu em um ambiente pouco agradável e que teve como companhia um pai rigoroso e que não se importava com o filho verdadeiramente. As suas vidas se cruzam graças a Daniel, ele que desde jovem era carismático e comunicativo, levou Marcus a conviver com a sua família até o ponto que o filho do conde passou a ser considerado como membro dela. Quando ele foge do país em decorrência de uma ameaça de morte, o agora Lorde Chatteris fica com a responsabilidade de cuidar de Honoria, porém os papéis acabam se invertendo e um sentimento que parecia estar apenas esperando para ser revelado, passa a crescer cada dia mais.

Sim, é aquela velha história de quem se conhece a vida inteira mas não percebe que o tipo de amor que sente não é nada fraternal. No entanto, é um clichê desenvolvido de forma tão delicada que não tem como ficar sem suspirar por tudo o que Julia Quinn proporciona. A tensão causada pela enfermidade de Marcus certamente é o ponto alto da história, já que ela fornece não só o vislumbre de um amor pronto para acontecer, como também, do sentimento de pertencimento que Marcus gostaria de sentir tão desesperadamente. Sem sombra de dúvidas o"Simplesmente o Paraíso" é uma típica história de amor que aquece o coração do leitor e faz com que ele corra para ler os demais volumes da série para conferir o que Quinn reserva para os interesantíssimos personagens a quem fomos apresentados. Ah, fiquem de olho pois os Bridgertons aparecem por aqui...

Ela o amava. Sempre o amaria. Isso fazia tanto sentido.

--- Isabelle Vitorino ---