Confissões de Uma Blogueira em Crise: O Poder do Não


Esses dias estava fazendo uma das minhas atividades favoritas: assistir vídeos de audições de programas musicais gringos. Era um fim de tarde excepcionalmente quente, principalmente se considerarmos que eu moro em uma espécie de Forks – sim, no Brasil há cidades que são frias e chuvosas quase que o tempo inteiro – e eu estava tão triste que precisava de algo que me motivasse a sair daquele lugar tenebroso que é popularmente chamado de fundo do poço.

Não lembro quantos vídeos eu vi, mas lembro que alguns foram verdadeiras lições de vida como o de um sobrevivente da guerra no Iraque que mesmo com deformidades causadas por isso nunca desistiu da música, ou o garoto de quatorze anos de idade que foi abandonado pela mãe e adotado por um casal homoafetivo e ainda a doce garota que sobreviveu a um câncer de ovário e com dezesseis anos exibia todo o seu talento com sua canção de luta. Chorei muito enquanto assistia cada uma dessas audições.

Entretanto, uma me tocou de modo muito especial. E não foi pela história de superação de uma vida com tragédias, mas sim pela conexão que pude estabelecer com a candidata. O seu nome era Alice Fredenham e ela participou do programa Britain’s Got Talent do ano de 2013, na sua primeira audição ela cantou a música “My Funny Valentine” e antes de iniciar a sua apresentação ela falou algo que me tocou profundamente. Ela disse que quando diziam “não” para ela, o que ela entendia era que ela não era boa o suficiente.


Quando escutei isso foi como se um grande esclarecimento tivesse se abatido sobre mim porque é exatamente isso o que me ocorre. Tanto o é que logo me recordei de uma situação recente pela qual eu havia passado. Bom, a história é a seguinte, sou uma aluna extremamente dedicada ao meu curso e esse é um dos motivos para a atividade do blog ter diminuído. Eu simplesmente preciso dar o meu melhor nisso para não me sentir péssima com resultados que foram negativos pelo meu desleixo. E nesse período uma disciplina em especial me tirou dos nervos! Além de eu odiar a didática do meu professor, as provas dele pareciam ter sido elaboradas pelo capeta de tão ruins que eram...

O resultado disso? Tirei uma nota que eu considero ruim e isso me abalou demais. Me senti burra e fracassada. Aquele “não” indireto atacou algo além do meu ego, foi como se na tivessem me dito: Por que você continua tentando? Você não vê que não vai passar disso aqui? Me torturei por dias com isso e como sempre, chorei como se o meu mundo estivesse prestes a desabar. As pessoas conversavam comigo e diziam que eu estava fazendo alarde demais por uma coisa tão insignificante. Todavia, não cabia aos outros me dizerem isso, cabia a mim sentir.


E quando eu olhei para aquela moça bela e talentosa sofrendo pelo mesmo problema que eu, me dei conta do quanto o medo de receber um “não” nos induz à beira do abismo mesmo que não caíamos dele. Foi aí que notei que talvez – e só talvez – aquela prova tenha sido tão terrível porque eu já tinha me carregado de um negativismo tremendo ao seu respeito, e que mesmo que eu tenha me preparado bem, joguei isso na lata de lixo quando decidi que aquilo que era um obstáculo intransponível.

Não sou uma pessoa muito mística, porém, ao refletir sobre esse assunto cada vez a minha conclusão parecia estar próximo da verdade: a de que o poder não está especificamente no "não", mas sim na expectativa de recebê-lo porque isso pode afetar a maneira como nós nos enxergamos. Como fugir disso? Bom, eu ainda não tenho certeza, mas acredito que uma boa forma de fazermos isso é acreditarmos cada vez mais em nós mesmos e menos no que os outros estabelecem como sendo ideal de beleza, inteligência ou talento. Às vezes, tudo o que precisarmos é sermos quem de fato somos para alcançarmos a felicidade.

Não sei quantas pessoas do lado daí costumam ler esses textos confessionais, mas se você chegou até aqui, deixe-me saber o que você pensa sobre o assunto. Vamos conversar!

--- Isabelle Vitorino ---

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