Resenha: Melodia do Mal por John Ajvide Lindqvist

Olá, pessoal! A resenha de hoje traz um terror psicológico de revirar o estômago de tão surpreendente. O autor desta obra conseguiu me arrepiar da cabeça aos pés com a frieza de sua protagonista. Ficaram curiosos? Então vamos embarcar nessa história tenebrosa!

Título: Melodia do Mal
Autor: John Ajvide Lindqvist
Editora: Tordesilhas
Ano: 2014
Páginas: 488
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O músico frustrado Lennart Cederström encontra, no meio de um bosque, uma bebê recém-nascida à beira da morte. Sem nada que diga de onde ela veio ou como foi parar lá, a bebê começa a cantar perfeitamente. Assombrado, Lennart a leva consigo para sua casa, em que vive com a mulher e o filho rejeitado, e a prende no porão. Apelidada de Pequenina pela família postiça, a criança cresce isolada do resto do mundo e, quando finalmente sai do cativeiro, acaba por revelar uma força sinistra e assustadora, deixando um rastro de sangue e angariando seguidores fanáticos em seu caminho.

Lennart já teve os seus momentos de sucesso. Hoje, é apenas um músico frustrado. Porém, ao encontrar uma bebê recém nascida no meio do bosque, sua vida muda bruscamente. Sem saber de onde a criança veio ou quem sejam seus pais, se impressiona quando a criança emite uma nota perfeita. Acaba por levá-la para casa onde vive com sua mulher e seu filho rejeitado e a cria escondida no porão de sua casa.

Sua criação não foi como a de uma criança normal e a Pequenina, como foi chamada, mostra um temperamento e personalidade nunca vistos antes. Ela não demonstra possuir centelha de sentimento algum a não ser o medo cultivado por todas as outras pessoas que não sejam as que lhe criaram. Sua inocência se torna um verdadeiro perigo para todos à sua volta e vai ficando cada vez pior ao longo do tempo. Ninguém está totalmente seguro ao seu lado e, ao conseguir várias seguidoras fanáticas, tudo está prestes a desmoronar.

Impressionada pode ser a palavra correta pra tentar expressar o que senti ao ler “Melodia do Mal”. Não tinha lido nenhum livro com uma protagonista tão inocente e tão fria ao mesmo tempo. A personalidade da Pequenina é uma das mais assustadoras que já vi. A garota não conhece nada ao seu redor, não tem noção dos sentimentos e do que fazer com eles, a não ser do medo constante que sente. Quando ela tentou descobrir o que se passava na cabeça das pessoas que estavam ao seu redor, o fez de modo tão pouco convencional que eu não consegui deixar de sentir o meu estômago sendo revirado do avesso.Devo dizer que, sem sombra de dúvidas, são poucos os escritores que conseguem criar cenas tão densas quanto essa que acabei de citar, sem cair no abismo do que é trash. Ele envolve a sua personagem em uma áurea tão sobrenatural na Pequenina que é impossível não sentir calafrios durante a leitura.

A história contém um misto de suspense com terror psicológico que resulta na personificação de uma criatura sem fraquezas aparentes e que está sempre prestes a acabar com vida de quem quer que seja. Sobre a escrita do Lindqvist, pode-se dizer que ao mesmo tempo que ela é simple, ela também consegue ser elaborada o suficiente para envolver o leitor no decorrer das páginas. Sendo narrada a partir de vários pontos de vistas, menos o da protagonista, a história  ganhar um ar ainda maior de mistério e isso reflete diretamente no modo como vemos a protagonista. Um aspecto é interessante dessa construção, é que o autor relata desde quando os pais da Pequenina a encontraram até a chegada do grande clímax com flashes do passado dos personagens, o que acaba enriquecendo ainda mais a história.

Infelizmento o final deixou um pouco a desejar. Diante de tanta coisa que foi abordada ao longo da trama, certamente ele não terminou do jeito que eu estava esperando, ainda mais porque ficou alguns pontos em abertos que me fazem crer que essa ausência de uma finalização mais concisa seja em decorrência de uma continuação para a história. Se isso for verdade, tenho certeza que será um presente para quem gostou da leitura desse livro.

Além disso, confesso que o autor me surpreende a cada livro! Como se não bastasse “A Maldição de Domaro” ter sido um dos melhores livros que já li, “Melodia do Mal” vem para provar que ele não só mantém a mesma qualidade de escrita, como também, é capaz de escrever histórias aterrorizantes para os seus leitores. Não posso deixar de elogiar também a Tordesilhas, já que ela nunca me decepcionou com nenhum dos seus livros publicados que tive oportunidade de ler, pois à parte das histórias arrasadoras que nos permitem conhecer, é uma editora que sempre inova com a publicação de obras que fogem do tão repetido eixo americano e britânico.


[...] Mãos se agitam no ar, câmeras de celular se erguem. Uma maravilhosa sensação de intimidade. Restam ainda mais quinze minutos para que, com meticulosa premeditação, a coisa toda seja feita em pedaços. Pág. 11


--- Juliana Gueiros ---

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