Resenha: Jogos Macabros por R.L. Stine

O que você faria se fosse convidado para ir a uma festa de aniversário em uma ilha isolada que pertence a uma família estranha e, pelo que dizem, sádica? Mas mais importante, o que você faria se alguém começasse a caçar os convidados? São essas as indagações que a protagonista da resenha de hoje precisa responder se quiser sobreviver aos “Jogos Macabros”.

Título: Jogos Macabros
Série: Rua do Medo #52
Autor: R.L. Stine
Editora: Globo Alt
Ano: 2016
Páginas: 280
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Tal como os outros títulos da coleção, a história se passa na velha cidade de Shadyside, nos EUA, conhecida por ser palco de acontecimentos misteriosos e aterrorizantes envolvendo os alunos da escola local. Todos na região conhecem a excêntrica e rica família Fear, e sabem também do passado terrível que os assombra. Apesar desses histórico nada promissor, Brendan Fear parece ser um garoto diferente de sua família. Gentil e simpático, o jovem vive rodeado de colegas e chama a atenção de Rachel Martin, uma garota simples, colega de classe dele. Quando o aniversário de Brendan está prestes a chegar, ele começa a planejar uma comemoração um tanto diferente na isolada ilha do Medo, onde existe um casarão de veraneio pertencente à família Fear. Rachel é uma das convidadas para passar o final de semana no local sombrio e, contrariando os avisos dos amigos, decide ir. No caminho, coisas estranhas já começam a acontecer e, ao chegarem à mansão, Brendan dá as coordenadas para o início de um jogo que se revelará o mais mortal de todos. Repleto de reviravoltas, Jogos macabros mantém o leitor apreensivo da primeira à última página. Como todo bom enredo de R. L. Stine, a história dá espaço a fantasmas, assassinato, traição e romance, e marca, enfim, um retorno triunfal do autor à Rua do medo.


Rachel Martin é uma garota como outra qualquer, estuda, trabalha e tenta levar a vida de maneira normal mesmo depois dos problemas financeiros enfrentados por sua família. Morando na pequena cidade de Shadyside, ela conhece todas as velhas histórias que envolve uma das famílias mais célebres do lugar, principalmente, aquelas que dizem o quão pavorosa a família Fear é. O que não a impede, é claro, de ter uma quedinha por Brandon. Ele que é um das caras mais nerds e ricos da escola, é um dos descendentes dos Fears e parece não ligar para o que algumas pessoas falam ao seu respeito. Ela nunca pensou que ele a notaria, mas eis que um dia ele não só a vê, como também, a convida para a sua festa de aniversário que acontecerá na Ilha Fear.

Empolgada com a possibilidade de estar mais próxima dele, ela não escuta os apelos de sua amiga Amy que implora que ela não se envolva com alguém cuja família é tão misteriosa. Mas antes mesmo de chegar a ilha, coisas estranhas começam a acontecer e ela não sabe sequer o que pensar. Sem querer se preocupar com os sinais que a cercam, ela vai para a Ilha com um grupo de amigos do Brandon sem imaginar o que estava por vir. Entretanto, isolada naquele lugar esmo, as coisas fogem do controle e o que era para ser um jogo acaba se tornando algo mais sério e mortal. Cada vez mais dividida entre acreditar na inocência da família Fear ou em todas as lendas que contam a respeito dela, a única coisa que Rachel pode fazer é lutar para sobreviver a ilha ou morrer tentando.

R.L. Stine é considerado o Stephen King da literatura juvenil, aclamado por sua série “Goosebumps”, ele é conhecido por muitos leitores e fez parte da infância de alguns deles. Eu nunca tinha lido nada do autor e não sabia muito bem o que esperar. O pouco que eu conhecia ao seu respeito tinha a ver com a antiga série de TV que adaptou algumas de suas histórias e o filme que foi lançado recentemente trazendo um pouco do universo dos seus livros. Ambas as produções me agradaram bastante, mas nada podia me dar uma real dimensão do que eu encontraria nas páginas escritas por ele. Devo dizer que inicialmente não gostei muito do que li, pois apesar de ter trazido uma ambientação bem interessante acerca dos Fears e de como a cidade se relacionava com eles, a Rachel não me causou muito empatia.

No entanto, na medida que o enredo foi sendo desenvolvido e que as coisas foram acontecendo, me vi totalmente conectada com a história escrita por ele. O cenário escolhido por ele colabora muito para que o terror surja em momentos variados da história, tanto que fiquei em um constante estado de tensão esperando o próximo susto que eu iria ter junto com Rachel. Porque é com um enredo à la “Os Casos dos Dez Negrinhos” (ou “E Não Sobrou Nenhum”) da Agatha Christie que os jovens que estão na Ilha vão tentando sobreviver em meio a uma caçada ensandecida. Tudo se torna ainda mais grotesco porque a personagem não sabe em quem confiar e aquele em que ela deposita confiança não parece a pessoa mais indicada para tanto, já que ele é no mínimo, um personagem dúbio.


E como se toda a loucura para se manter vivo não fosse suficiente, Stine traz uma reviravolta impressionante e que me deixou boquiaberta com a maestria com que fez. De fato, é um livro juvenil, mas ao final o leitor não se importa com o qual o público-alvo da história, apenas deleita-se com a habilidade do autor em fazê-lo sentir na pele aquele medo tão antigo e visceral que é o de morrer sem ter a chance de lutar para sobreviver. Realmente não posso falar muito a respeito do que é possível encontrar nos demais livros que ele escreveu, nem mesmo daqueles que compõem a série “Rua do Medo”, mas se eles possuírem a mesma qualidade que “Jogos Macabros”, certamente serão histórias que eu irei adorar acompanhar. Ademais, devo dizer que para quem tem receio em ler o livro por ele ser o volume 52 de uma série, pode ficar tranquilo pois não é necessário conhecer os demais volumes para não só entender essa história, como também, se aterrorizar com ela.


Em filmes de terror, as vítimas sempre gritam e berram a pleno pulmões. Mas eu estava aprendendo rapidamente que o pânico é algo particular. Você não quer compartilhá-lo. Não quer que os outros saibam o quão aterrorizado você está.
Toda a sua a energia é dedicada a manter a sanidade e seguir em frente. Manter-se alerta. Mas como você decide o próximo passo a dar? Como pode pensar direito quando toda a sua energia está sendo usada para se conter, para evitar que você se despedace em um milhão de fragmentos? - Págs. 141 a 142

--- Isabelle Vitorino ---

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