Resenha: O Livro de Memórias por Lara Avery

Sou dessas leitoras que quando me envolvo completamente com uma história, quero entrar no livro, conversar com os personagens e quem sabe chacoalhar um ou dois deles. E foi justamente isso que aconteceu com "O Livro de Memórias".

Título: O Livro de Memórias
Autor (a): Lara Avery
Editora: Seguinte
Ano: 2016
Páginas: 392
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Sammie sempre teve um plano: se formar no ensino médio como a melhor aluna da classe e sair da cidade pequena onde mora o mais rápido possível. E nada vai ficar em seu caminho — nem mesmo uma rara doença genética que aos poucos vai apagar sua memória e acabar com sua saúde física. Ela só precisa de um novo plano. É assim que Sammie começa a escrever o livro de memórias: anotações para ela mesma poder ler no futuro e jamais esquecer. Ali, a garota registra cada detalhe de seu primeiro encontro perfeito com Stuart, um jovem escritor por quem sempre foi apaixonada, e admite o quanto sente falta de Cooper, seu melhor amigo de infância de quem acabou se afastando. Porém, mesmo com esse registro diário, manter suas lembranças e conquistar seus sonhos pode ser mais difícil do que ela esperava.


Sammie está em seu último do ensino médio e mal vê a hora de finalmente iniciar o seu curso na universidade da Nova York. Sua admissão era apenas mais um demonstrantivo do quanto todo o seu esforço valeu a pena. Sempre dedicada a escola e com poucos amigos, seu maior objetivo era se tornar uma profissional de sucesso que pudesse tratar de coisas relevantes para a sociedade. Pertencente a um grupo de debate, ela é incansável quando o assunto é ser prática e fazer valer as suas ideais. Entretanto, tudo isso está sendo ameaçado por uma doença incurável e que fará com que ela perca mais do que a sua vida, pois a decretará a uma existência sem lembranças.

Transtornada pela iminente perda de memória, ela decide que não deixará que algo como isso atrapalhasse todos os seus planos e elabora um cuidadoso diário para que a Sammie do futuro possa saber exatamente como as coisas aconteceram no passado. E é durante a elaboração dessas confissões que ela relata as dificuldades de conviver com o título de "doente", o medo dos pais em perdê-la e o surgimento cada vez mais frequente de sintomas que não a deixam esquecer do que está acontecendo com o seu corpo. Em meio a todo esse frenesi, um antigo amigo volta para a sua vida e a sua paixão de sempre finalmente a enxerga, provando que por mais que tudo possa parecer errado, algo correto pode surgir em meio a confusão.

"O Livro de Memórias" é daquelas obras que fazem com que você se sinta profundamente ligada a personagem por mais que vocês possam ser diferentes. Confesso que no início temia estar diante de mais uma daquelas histórias que mesmo sendo capaz de me fazer chorar de modo abundante, ao fim, me deixam com a sensação de que vi aquilo em algum lugar. Todavia, a cada página avançada, Avery me provou que tinha algo a mais para me dizer. E nossa, como ela disse! Diferente de outros livros que trazem em seu plot a questão de doenças incuráveis, onde o protagonista tem que enfrentar o medo da morte ainda jovem, este nos traz uma garota que não teme morrer, mas sim não ter a chance de realizar todos os seus sonhos.

Narrado em forma de diário, acompanhamos a Sammie pelo seu passado e presente de modo que aos poucos uma cuidadosa colcha de retalhos vai se formando e podemos entender muitas das atitudes que a personagem tem e que a princípio nos parece equivocadas. É duro observar o quanto ela lutou por tantas coisas para de repente ver tudo sendo posta à prova por causa de algo que estava entranhado em seu gene sem que ela sequer suspeitasse. Parece estranho dizer isso, mas quando observamos a sua vida friamente é possível notar que os problemas trazidos pela doença serviram para que ela também pudesse olhar para o que estava fazendo com tudo e com todos de um outro modo. Isso porque o seu espírito competitivo e a sua vontade de vencer a tornaram uma pessoa fria e distante que dava prioridade apenas aquilo que pudesse levá-la ao sucesso e que deixava de lado o cultivo da afeição das pessoas por ela.

Por isso quando penso nesse livro, consigo enxergar mais do que uma história de superação. Para mim, ela vai além e alcança um ponto ainda mais importante que é a redenção de Samantha para com as pessoas que sempre a amaram, mas que foram negligenciadas por sua rigidez. Além disso, acompanhá-la durante o surgimento de sintomas cada vez mais graves a medida que ela tenta deixar a sua marca no mundo me fez sentir uma imensa admiração por essa personagem que me fez rever até mesmo o meu egoísmo diante dos problemas que se interpõem em meu caminho. Me apeguei tanto a ela, que ao fim muito mais do que o sentimento de orgulho por sua perseverença, senti amor por tudo o que ela se permitiu fazer e viver mesmo quando o seu redor exigia que ela se rendesse.

[...] Temos que nos acostumar com a ideia de que ninguém se importa tanto quanto nós porquê... adivinha? Ninguém se importa. Sucesso, fracasso, tanto faz! Ninguém vai te dar um tapinha nas costas por passar todas as horas do seu dia estudando ou pesquisando ou desistindo de tudo para escrever. Então o ideal seria fazer todas essas coisas por nós mesmos, não pelos outros. Pág. 126

--- Isabelle Vitorino ---

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