Falando Sobre... Sick-Lit ou Literatura Enferma


Você lembra do frisson causado pelo livro "A Culpa é das Estrelas" foi lançado? Eu até hoje lembro bem. Principalmente porque diferente da enormidade de livros que trazem uma história cujos personagens principais sofrem com algo tipo de doença ou desordem psicológica, na época o que John Green propôs deu um novo tom a um subgênero que até então passava despercebido nas prateleiras das livrarias: o sick-lit. Entretanto, não é a ele que se referencia quanto a ideia de uma história cuja temática está envolta de um ar tão deprimente, já que há registros de livros como "Os Sofrimentos do Jovem Werther" do escritor alemão Goethe, bem como, de "Romeu e Julieta" do Shakespeare que mostram que de um modo ou de outro os males físicos e mentais sempre estiveram presentes na literatura.

A verdade é que essa divisão é apenas mais uma forma de taxar algo que pode ser englobado dentro do gênero "mestre" que é o romance. Porém, porque o denominado sick-lit causa mais burburinhos do que outros que foram cunhados nos últimos anos? O que se percebe é que há uma grande preocupação com relação a possibilidade de histórias que trazem personagens enfrentando doenças terminais e físicas, bem como, depressão com tendência suícida ou automutilativa, possam influenciar os leitores a se colocarem em um estado de negativismo tal que possam tomar atitudes consideradas extremas como uma forma de repetir aquilo que os personagens fizeram durante o livro. Ainda mais porque essas características passam a estar presentes não em obras voltadas a um público adulto e com uma mentalidade considerada estável, mas sim naquelas que serão lidas por adolescentes ainda em desenvolvimento.


Todavia, se alguns críticos se posicionam de uma maneira contrária a chamada literatura enferma por causa das possíveis consequências aos leitores que se encontram em fase de formação, há também os profissionais do ramo editorial que acreditam que esse termo seja pejorativo e de extremo mau gosto haja vista que acaba taxando livros não pela qualidade com que os autores desenvolveram, mas puramente pela características gerais que estão presentes no conteúdo. Não se pode esquecer, porém, que em que pese todas as críticas que esse termo recebe, ele consegue sintetizar muito bem aquilo que se pode encontrar no plot desses livros que atualmente ocupam toda e qualquer lista de mais vendidos. 

Sinceramente eu não consigo enxergar toda essa problematização através de um prisma negativo, pois vejo na literatura um papel que perpassa a questão do entretenimento e alcança um ponto-chave que é o estabelecimento de um diálogo com o leitor. Tampouco acredito que esse seja uma forma de fazer apologia ao suícidio dentre tantos outros problemas que se enquadram dentro desse panorama. Pelo contrário, tratar de assuntos que são possíveis de serem notados na sociedade, mas que são abordados com pudor por parte da mída, acaba sendo uma forma de fazer com que aqueles que leiam possam ver o mundo sob uma óptica mais realista e que o instigue a tentar entender aquilo que o rodeia. É claro que quando digo isso estou falando de obras escritas por profissionais que são comprometidos com aqueles que acompanham o seu trabalho e que querem algo mais do que a venda dos exemplares de seus livros.

Para ilustrar tudo o que falei, deixo as minhas indicações de histórias que valem a pena ser lidas por sua qualidade - que independe de rotulações. Entretanto, além desses, posso citar títulos como: "Os 13 Porquês", "As Vantagens de Ser Invisível", "Extraordinário" e "Uma História de Amor e TOC", que por tudo o que já li sei que irá atender muito bem àqueles que buscam por histórias que possam demonstrar de modo fidedigno não só a beleza da vida, como também, os seus dissabores.

  

E você, o que acha sobre o assunto e toda a polêmica que o envolve? Será que uma história é capaz de influenciar alguém a tal ponto que o faça tomar atitudes que sequer estavam permeando a sua mente antes da leitura? Deixe a sua opinião nos comentários!

--- Isabelle Vitorino ---

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