Resenha: O Espadachim de Carvão por Affonso Solano

Está preparado para escutar os Círculos?

Título: O Espadachim de Carvão
Série: O Espadachim de Carvão #1
Autor: Affonso Solano
Editora: Fantasy
Páginas: 256
Ano: 2013
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Kurgala é um mundo abandonado por Quatro Deuses. Adapak é filho de um deles. E hoje ele está sendo caçado. Perseguido por um misterioso grupo de assassinos, o jovem de pele cor de carvão se vê obrigado a deixar a ilha sagrada onde cresceu e a desbravar um mundo hostil e repleto de criaturas exóticas. Munido de uma sabedoria ímpar, mas dotado de uma inocência rara, ele agora precisará colocar em prática todo o conhecimento que adquiriu em seu isolamento para descobrir quem são seus inimigos. Mesmo que isso possa comprometer alguns dos segredos mais antigos de Kurgala.


Uma literatura fantástica para nossa literatura fantástica.

Um dos tipos de narração mais cativantes e utilizadas é o Character Driver, onde o narrador constrói o universo e todas as relações em volta de um personagem principal. Porém são poucos o que conseguem sem dramatizar exageradamente. Felizmente, temos Affonso Solano na escrita dessa estória.


O autor ti põe na pele de Adapak, filho de um dos quatro deuses do mundo abandonado de Kurgala. Cresceu com todo o conhecimento do universo em casa ao lado de seu pai e do seu tutor Telalec. Porém, quando assassinos desconhecidos invadem seu lar atrás de sua cabeça, viu-se obrigado a fugir de seu lar à procura da verdade apenas com suas duas espadas gêmeas Igi e Sumi.

A narrativa é bem interessante e clara. Torna-se também ágil uma vez que Solano utiliza os pensamentos de Adapak entre suas ações, fazendo o leitor mergulhar no personagem de pele da cor da noite. Com diálogos um pouco cartunescos, não deixa que explicações sobre alguns detalhes do universo tornem-se massivos, contribuindo para uma leitura bem leve e fluída. Algumas expressões no livro tornam-o especialmente cativante. Um bom exemplo seria de como o próprio título é apresentado pela primeira vez no livro. Simplesmente genial!

Quando conta-se estórias de fantasia, a primeira imagem projetada na mente são as armaduras de placas, espadas de aço e escudos pesados em formato de torre. Não é o caso de Kurgala. Aqui vive-se em uma época anterior a manipulação do aço, tendo como bases para as estruturas madeira, ossos e rochas brutas, algo fora do comum em relação a outras fantasias.

O mundo de Kurgala, é muito grande e bem construído, possuindo sua própria mitologia, heróis e uma vasta pluralidade de espécies inteligentes que interagem com o protagonista de diversas formas. O complicado mesmo é memorizar todas as espécies e suas características, uma vez que a leitura é bem ágil e os acontecimentos ocorrem de um modo frenético. A ausência de mais detalhes sobre o clima, cheiro e textura de um lugar ou outro, não ti permitem uma interação completa, ficando com aquele gosto amargo na boca e a sensação de uma escrita às pressas.



Com uma opinião um pouco mais pessoal, creio que seja por conta da minha leitura da saga de George Martin (que possui descrições fantásticas!), mas senti falta de mais detalhes, principalmente no que se diz a respeito das raças criadas pelo autor, as quais são muitas e com descrições nem sempre satisfatórias. Não estou pedindo um glossário ou um livro ilustrado, mas um tempo para digerir as particularidades de cada local apresentado.

Finalmente, "O Espadachim de Carvão" merece muito um lugar ao lado de alguns gigantes da literatura fantástica, seja pela criatividade riquíssima de Solano ou por escrever com a habilidade de um verdadeiro espadachim, mas não vá esperando uma revolução de narrativa ou uma reviravolta épica.

Espero ansioso ter uma brechinha para ler As Pontes de Puzur ou As Crônicas de Tamtul.

Nascemos fracos pelo ventre, morremos fortes por Sadummum! - Pág. 42

--- Juão Lucas ---

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