Resenha: Battle Royale por Koushun Takami

Se é plágio ou não, uma coisa é certa: Peeta, Katniss e Gale não teriam a menor chance nesse mundo...

Título: Battle Royale
Autor: Koushun Takami
Editora: Globo Livros
Ano: 2014
Páginas: 664
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino 
Em 1997, o jornalista e escritor japonês Koushun Takami sofreu uma grande decepção. O manuscrito de seu romance de estreia havia chegado à final do Japan Grand Prix Horror Novel, concurso literário voltado para a ficção de terror, mas acabou preterido. Não era para menos. Embora habituado a tramas assustadoras, o júri se alarmou com a história do jogo macabro entre adolescentes de uma mesma turma escolar que, confinados numa ilha, têm de matar uns aos outros até que reste apenas um sobrevivente. Detalhe: o organizador da sangrenta disputa é o próprio Estado japonês, imaginado pelo autor como uma totalitária República da Grande Ásia Oriental.O livro, intitulado 'Battle Royale', só seria lançado em 1999, espalhando um rastro de polêmica – vendeu mais de 1 milhão de exemplares e foi comentado no Japão inteiro. A repercussão foi tão intensa que apenas um ano depois já eram lançadas as adaptações da história para o cinema e para os mangás – mais tarde, viriam sequências tanto na tela grande como nos quadrinhos.

Battle Royale foi o único livro escrito por Koushun Takamo. Sendo considerado uma Pulp Fiction¹, teve uma grande aceitação do Japão, ao ponto de ganhar uma versão em Live Action, mangá e também em anime. Apesar disso, o livro lançou diversas polêmicas em seu país de origem, o que não é para menos.

Ambientado em uma sociedade atemporal, o Japão tornou-se uma nação fechada e totalitarista, conhecida como a República da Grande Ásia Oriental. Esse regime totalitário visa o controle total da nação, seja por meio de força ou intelectual. Para demonstrar seu poder sobre toda a nação, esse governo de extremo bom gosto achou interessante definir um jogo, chamado Battle Royale. O jogo consiste no seguinte: Em um intervalo indeterminados de tempo que variam num prazo máximo de 2 anos, uma turma de nono ano é escolhida aleatoriamente. Após a seleção, esse alunos são deixados em uma área extensa com um kit que contem um garrafa de água, alguns suprimentos e uma arma, que varia de uma metralhadora a um bumerangue. Fora isso, a regra é simples: Esse alunos terão que se matar, até que reste apenas um deles. O Campeão desse jogo super saudável e inocente receberá dinheiro e fama.

(Antes que alguém alegue que essa história é um plágio de Hunger Games, vale a ressalva que esse livro foi publicado em 1999, vindo muito antes da obra de Suzanne Collins).

Nossa história começa então com uma excussão de uma turma de nono ano, onde nosso protagonista, Shuya Nanahara e seus amigos estão saindo da cidade. O primeiro capítulo é apenas um rápido resumo sobre todos os 42 estudantes que, com a exceção de um ou outro, se conhecem e convivem juntos praticamente a vida inteira. Eis que, logo após esse divertido passeio torna-se suspeito, pois um gás é liberado no ônibus onde estão e todos acabam inconscientes.

Ao despertarem, eles se vêem em uma sala de aula, onde um membro do governo chamado Kinpatsu Sakamochi (que provavelmente é um nome falso), os avisa que eles estão oficialmente fazendo parte dessa nova edição do Battle Royale. Eles agora se encontram em uma ilha, dividida em setores, onde terão que lutar uns contra os outros. Para "incentivar" a carnificina, todos estão presos com uma coléira em seus pescoços. Essa mesma carrega um dispositivo que, se ativado, fará a mesma explodir, matando o estudante na mesma hora. Para piorar a situação, a cada intervalo de horário, um dos stores da ilha torna-se proibido, fazendo a coleira se ativar, caso a pessoa permaneça no local. Isso obriga que os jovens estejam em constante movimento, para se encontrarem e lutarem até a morte. Agora, tanto Shuya quanto seus colegas precisam decidir se formam uma aliança contra os organizadores desse macabro entretenimento, ou se cumprem seu papel nesse pavoroso espetáculo.

Odeio ficar comparando obras, no que se refere a "qual é melhor", pois acredito que cada uma tenha seu público alvo, então apenas pontuarei a principal diferença entre Battle Royale e Hunger Games: o foco da história.

Enquanto Hunger Games nos apresenta um história sobre uma revolução contra um governo totalitário, tendo a mídia como principal ferramenta de combate, Battle Royale se foca unica e exclusivamente no jogo em si, ou seja, nos estudantes e na sobrevivência dos mesmos. Aqui não teremos nenhuma revolta popular contra o governo "mega evil", apesar de sim, termos momentos de revolta e rebeldia. O autor da obra passa páginas e páginas descrevendo as batalhas e mortes, por que sim,nós acompanhamos de camarote TODAS as mortes. E acreditem quando eu digo, não é nada bonito. O autor não nos poupa de nada, desde o casal apaixonado que se suicida pra não terem que lutar à um massacre feito por um estudante, somos apresentados á natureza humana em sua pior forma.

Koushun Takami não chega a ser um Stephen King no que cerne à ambientação, mas ele consegue ser bem descritivo sobre os locais da ilha. Mas o preciosismo se encontra em seus personagens. Ele consegue explorar as mais diversas situações com os mais diversos tipos de personalidades. Apesar de termos nosso grupinho de protagonistas, podemos falar que todos os personagens tem seu "momento ao sol", o que é muito, considerando um elenco de 42 estuantes. Não vou me especificar sobre os personagens, pois essa é uma grata surpresa durante a leitura. Só adianto que Mitsuko Soma é aquela "evil bitch" que todos amamos odiar, Kazuo Kiriyama é um bastardo filho da mãe e a cena do farol é a comprovação que muitas mulheres neuróticas juntas é a receita do fracasso.

O livro tem lá seus elementos YA básicos? Sim, temos a idéia de um romance e triângulo amoroso Shuya-Noriko-Shogo, mas definitivamente está longe de ser o foco do autor, deixando isso muito mais por conta de quem lê.

O que pode atrapalhar o leitor brasileiro são os nomes. Mesmo eu, que tenho anos de experiência com animes, mangás e cultura japonesa de um modo geral, penei no começo e tinha sempre que voltar pro índice pra lembrar quem era quem, pois tem nomes muito similares. Mas isso é algo que ao decorrer da leitura a pessoa se acostuma.

Eu até reclamaria sobre a falta de sutileza no roteiro e fala dos personagens, mas é um Pulp com estudantes se matando, então sutileza não é mesmo o forte da obra.

Polêmico, impactante e definitivamente cativante, Battle Royale é uma leitura que, apesar de suas mais de 600 páginas, é rápida e muito dinâmica, fazendo o leitor sempre ansiar por mais!

[RESTAM 42 ESTUDANTES]

--- Marcel Elias ---

Postar um comentário

Obrigada pela visita, dê sua opinião, participe e volte sempre.

- Caso tenha uma pergunta deixe seu e-mail abaixo que respondo assim que o comentário for lido.

- Caso sua mensagem não tenha relação com o post, envie para o e-mail.