Resenha: A Seleção por Kiera Cass

Se tem uma série que desde o seu lançamento angariou uma legião de fãs, essa série foi "A Seleção". Contada em uma América distópica onde o povo está tentando viver nas condições que são oferecidas pelo que a monarquia oferece, há também uma história de amor pronta para ser narrada. Confesso que mesmo tendo toda essa premissa maravilhosa, tive muito receio de não gostar do que encontraria. Mas que medo tolo eu tive...


Título: A Seleção
Série: A Seleção #1
Autor (a): Kiera Cass
Editora: Seguinte
Páginas: 368
Ano: 2012
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
Nem todas as garotas querem ser princesas. America Singer, por exemplo, tem uma vida perfeitamente razoável, e se pudesse mudar alguma coisa nela desejaria ter um pouquinho mais de dinheiro e poder revelar seu namoro secreto. Um dia, America topa se inscrever na Seleção só para agradar a mãe, certa de que não será sorteada para participar da competição em que o príncipe escolherá sua futura esposa. Mas é claro que seu nome aparece na lista das Selecionadas, e depois disso sua vida nunca mais será a mesma...

America Singer nunca pensou o quanto a divisão de castas podia ser injusta, mas quando se apaixona por Aspen, um jovem trabalhador da Seis, ela sabe que será preciso muito mais que amor para que o relacionamento deles vá além de encontros casuais na casa da árvore e um beijo roubado. Além da difícil tarefa de manter em segredo o seu namoro, ela ainda tinha que lidar com a sua mãe. America não entendia porque entre cinco filhos ela era a que mais recebia cobranças, porém, o que já era complicado fica pior, pois ao receber a carta que a convidava a participar da Seleção, um processo que iria escolher a futura do príncipe Maxon, a sua mãe passa a lhe infernizar. Certa de que não teria nenhuma chance naquele concurso, após muitos apelos ela cede e faz a sua inscrição e qual foi a sua surpresa quando dias depois o seu nome é anunciado como uma das Selecionadas. Se antes o seu mundo se resumia a música e a Aspen, agora ela terá que enfrentar a cruel realidade de uma disputa não só pelo coração do príncipe, como também, pela coroa.

Maxon sentia todos os dias o peso que o seu título de príncipe trazia. As pessoas certamente o julgavam mal e achavam que a sua vida era fácil e que ele não tinha que se esforçar para ocupar o seu papel na realeza. Entretanto, com todos os seus passos projetados pela figura autoritária do pai, pouco restava de liberdade para que ele fizesse suas próprias escolhas. A Seleção era a sua única chance de encontrar alguém com que pudesse ter um relacionamento verdadeiro, pelo menos ele não seria obrigado a casar para fazer uma aliança política como muitos herdeiros de tronos pelo mundo tiveram que fazer. Por isso, sua atenção estava totalmente para o concurso, ele não poderia perder a chance de encontrar alguém que pudesse tornar a sua vida de futuro rei mais significativa. Quando conhece as 35 garotas que disputariam a sua atenção, sua rotina tornasse cheia e conturbada. São tantas mulheres querendo lhe impressionar que por vezes ele não consegue identificar as verdadeiras intenções de cada uma delas, porém, ao conhecer America ele finalmente tem um sopro de sinceridade.

"A Seleção" é o primeiro livro da série que leva o mesmo nome e foi escrito por Kiera Cass, publicado no Brasil em meados de 2012 quando os livros distópicos estavam no auge, logo a história conquistou milhares de leitores por trazer um cenário político permeado por um romance. Demorei a permitir que a minha curiosidade influenciasse nessa leitura, os elogios que li foram tantos e a onda de leitores empolgados foi tão grande que optei por esperar um pouco para que eu pudesse conferir qual o encanto que se escondia por trás das palavras da Kiera. E esse foi o ano que eu escolhi para finalmente ler a série e "oh, my godness!", eu adorei o que encontrei! Escrito de maneira simples, mas com muita fluidez, a construção dos personagens é de longe o ponto mais forte de toda a série. 

Tendo como protagonista America, uma garota que apesar de todo o talento vive em condições difíceis em decorrência do sistema de castas implementado em Iléa, somos levados a vivenciar uma verdadeira avalanche de sentimentos e situações. Forte e corajosa, pode-se perceber que ela tenta com todas as suas forças superar as dificuldades que lhes são apresentadas. Sendo o primeiro livro da série, é natural que boa parte dele seja dedicado a esmiuçar a sua vida antes e depois da seleção. Particularmente, achei que ela teria mais dificuldades em enfrentar a sua nova realidade, mas apesar do choque inicial e de momentos em que se sentia triste e sozinha, achei que ela encarou a situação de uma maneira encantadora. Ainda mais se levarmos em consideração o seu coração partido e a rivalidade latente entre as candidatas a ficar com o príncipe. Outra coisa que eu gostei muito foi a abertura que ela teve em ao menos tentar fazer amizade com as meninas que ela compartilharia boa parte do seu tempo e é a partir disso que nasce uma relação linda entre ela e Marlee.

Uma coisa que adorei observar foi a relação entre Maxon e as selecionadas, pois apesar de sua relativa reserva, era notável como ele realmente desejava encontrar entre aquelas garotas um amor. É através dele que vemos que nem tudo na vida de uma realeza é fácil, ainda mais sendo um herdeiro. Como ele pouco conhece o que acontece fora dos muros do castelo é perceptível uma certa ingenuidade por parte dele que vai sendo dirimida conforme ele tem contato com a America. Adentrando no tema político, gostei muito da proposta da autora, pois em um futuro distante ela nos apresenta uma república democrática que retroscedeu e se tornou uma monarquia. Pouco se sabe a respeito de como as coisas aconteceram e os fatos são narrados boca a boca o que gera certa desconfiança acerca de como foi a ascensão da família que se mantém no poder. Um ponto importante é que já em "A Seleção" podemos perceber um desejo de insurreição partindo por parte dos populares, mas isso é ainda melhor trabalhado em "A Elite".

Como um todo, esse é o típico livro que me faria virar a noite facilmente. Ele tem todos os elementos que eu gosto em uma história distópica apesar de pender um pouco mais para o romance. Posso dizer previamente que isso é algo recorrente na série, pois já terminei a leitura de todos os livros, mas que nesse volume não me incomodou de forma alguma. Kiera Cass soube criar um cenário harmonioso e que faz com que as meninas realizem o desejo de se imaginarem princesas através da experiência de America. E se você, assim como eu, nutre algum tipo de dúvidas com relação ao livro por ele ter figurado tanto tempo na lista de best-sellers, não temam a leitura de "A Seleção", pois apesar de ter contornos despretenciosos há mensagens sublimanares muito bacanas para serem refletidas. Em uma palavra? Adorei!

Algo em sua voz me abalou. Não havia nenhum traço de sarcasmo. Aquilo que parecia pouco mais que um programa de tv para mim era a única chance que o príncipe tinha de ser feliz. Ele não podia pedir um segundo lote de mulheres. Bom, talvez pudesse, mas seria vergonhoso. Estava tão desesperado, tão esperançoso... Senti minha raiva por ele diminuir. Um pouco. Pág. 128

--- Isabelle Vitorino --- 

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