Resenha: O Estreito do Lobo por Olivier Truc

Olá, pessoal! Sumi do blog esses meses, não sabia que faculdade consumia tanto as pessoas como a minha estava me consumindo. Mas, já que estou de férias, voltei a por as leituras em dia e a resenha de hoje é de uma continuação que queria muito ler. Vamos para a terra do sol da meia noite?

Título: O Estreito do Lobo
Série: Klement Nango #2
Autor: Olivier Truc
Editora: Tordesilhas
Páginas: 400
Ano: 2015
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No premiado Quarenta dias sem sombra, o francês Olivier Truc apresentou a dupla de policiais Klemet Nango e Nina Nansen às voltas com o assassinato de um criador de renas. Em O estreito do Lobo, sua segunda aventura na gelada Lapônia, os detetives precisam investigar um afogamento. Sem se convencerem de que foi um acidente, Klemet e Nina se envolvem em uma trama que vai muito além do conflito entre criadores de renas e gente da cidade, entre lapões e estrangeiros, entre o dinheiro e a tradição cultural milenar dos samis. Numa terra longínqua e peculiar, às vésperas de passarem três meses sem que o sol se ponha, Nina e Klemet estão com os nervos à flor da pele e vão precisar de todas as forças para desvendar o mistério. 

Está na época da transumância, onde as renas, depois de enfrentarem um inverno rigoroso, vão em busca das pastagens de primavera ao norte da Lapônia. Durante uma travessia mal sucedida no Estreito do Lobo, um criador acaba morrendo afogado e a Policia das Renas entra em jogo para resolver qualquer problema adjacente. Porém, ao descobrir que a morte do jovem criador Erik Steggo não foi tão acidental assim, embarcam na busca pelo possível colaborar da sua morte e sua motivação.

Dias depois do ocorrido, o prefeito da cidade é encontrado morto perto de uma rocha sagrada no estreito e o que deveria ser apenas um caso comum, acaba tomando rumos inimagináveis, além dos conflitos entre criadores de renas. Muitas questões políticas e culturais entram em jogo, trazendo consigo denúncias de décadas atrás. Klement e Nina enfrentam muitas aflições pessoais , ao mesmo tempo em que atravessam a tundra gelada atrás de respostas, onde vão precisar todas as suas forças para chegar ao fim do mistério.

Estamos de volta ao cenário maravilhoso da Lapônia. Mas, dessa vez, estamos no período da primavera, onde o sol praticamente não se põe e a natureza adormecida sobre uma forte camada de neve começa a se sobressair, mostrando sua grandeza. Apesar de ser o mesmo cenário que o livro anterior, esse novo ângulo muda bastante o contraste dos mistérios que Olivier Truc nos traz novamente.

“O Estreito do Lobo”, apesar de ser uma continuação dos casos que Klement Nango e Nina Nansen resolvem na Polícia das Renas, consegue ser bastante independente, podendo ser compreendido mesmo sem ter lido “Quarenta Dias Sem Sombra”, primeiro livro da série dos policiais. Mesmo assim, há citações sutis de coisas que aconteceram no anterior que auxiliam a entender determinada tensão que há entre os protagonistas, bem como suas personalidades que são fortes e bastante marcantes.

De escrita bastante simples, o autor nos faz embarcar numa aventura bastante intensa, com conflitos peculiares, porém com um toque bastante atual: a corrida em busca do petróleo no Ártico, desde sua iniciação até os dias de hoje. Desta vez, ele não abordou com tanta intensidade a religião dos sami, povo nativo daquela região, mas sim o modo como essa corrida atrapalha seu modo de vida, fazendo muitas vezes com que os criadores percam o território de pastagem de suas renas para as indústrias, tendo grande desvalorização de sua cultura. Esse tipo de abordagem à cultura de um povo praticamente esquecido é um dos pontos-chave de todo o enredo do livro, o que eu acho extremamente interessante.

O livro demora um pouco pra ganhar aquele gás que o leitor tanto ambiciona ao ler um livro policial, assim como seu antecessor. Quem não tem muita paciência, pode acabar achando cansativo o modo como as coisas vão se desenrolando. Porém, esse é o ponto essencial para o grande ápice da história. O que deveria ser apenas um caso acaba por trazer tantos outros consigo que muda todo o curso que o livro estava a tomar. E é justamente a “calmaria” que faz com que toda a história valha a pena. Foram tantas mortes aparecendo uma atrás da outra, a maioria como prováveis acidentes, que me fez pensar que havia um serial killer em jogo.

A trama de mistérios envolvendo todos os personagens é de bastante complexidade e confesso que não consegui descobrir quem estava por traz de tudo e suas motivações até ser realmente revelado pelo autor. As 100 ultimas páginas são realmente de tirar o fôlego. Olivier Truc consegue fazer jus a todos os prêmios que recebeu pelo anterior, apesar de não ser tão bom quanto.

Espero que gostem dele tanto quanto gostei e, se acharem um pouco cansativo por demorar a embalar a história, não desistam, pois vale cada linha escrita. A editora Tordesilhas não conseguiu me decepcionar em nenhum dos livros que já li e este, com certeza, já está entre um dos melhores. Boa leitura a todos!


– Precisamos ser capazes de viver juntos, esse é o único ensinamento da tundra. O homem solitário é como o lobo. Ele amedronta os homens, e os homens se vingam dele – disse ela, antes de partir a galope. Pág. 164



--- Juliana Gueiros ---

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