Resenha: Desventuras em Série – A Gruta Gorgônea por Lemony Snicket

Ensopados e à deriva, nossos jovens heróis sobrevieram ao ultimo infortúnio lançado pelo Conde Olaf. Agora, quando tudo parecia perdido, eis que surge uma nova esperança. Vistam seus trajes de mergulho, vamos embarcar em um submarino e desbravar cavernas submersas e perigos desconhecidos. Bem-vindos à Gruta Gorgônea.

Título: A Gruta Gorgônea
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 288
O novo volume que dá seqüência à crônica da trágica e desgostosa vida dos irmãos Baudelaire está, como sempre, repleto de infortúnios. Aqueles que ignorarem a advertência de Lemony Snicket - que diz: "Como autor dedicado que jurou registrar a deprimente história dos Baudelaire, preciso continuar me aprofundando profundamente nas profundezas cavernosas das vidas dos órfãos. Mas você pode se aprofundar na leitura de um livro mais alegre e evitar que seus olhos e seu humor se afoguem" - encontrarão Violet, Klaus e Sunny em um tobogã, descendo as águas cinzentas do Arroio Enamorado. A situação não é das melhores: depois de resgatar Sunny das garras do Conde Olaf, os Baudelaire se vêem separados do amigo Quigley, numa jornada rumo ao pé das Montanhas de Mão-Morta. A viagem só não é mais desagradável graças à aparição do submarino Queequeg, que resgata os três das águas violentas do Arroio. Capitaneado pelo excêntrico Andarré, o minúsculo Submarino Q e sua Tripulação de Dois ainda abriga Fiona, enteada do capitão, e Phil, que já havia ajudado os Baudelaire no infeliz episódio da Serraria Alto-Astral. Em busca de um misterioso açucareiro, os seis chegam à Gruta Gorgônea, onde cogumelos venenosos e a aparição de um certo conde podem precipitar desenlaces ainda mais tristes na vida da trinca desafortunada.


Após a conclusão dos acontecimentos em "O Escorregador de Gelo", nossos jovens estão a deriva, em um tobogã, no Arroio Enamorado. Quando parece não haver mais chances de serem resgatados, eles são salvos por um submarino que surge. Após entrarem, descobrindo a senha de entrada, eles se descobrem dentro do Queeque, um submarino comandado pelo Capitão Andarré, que era amigo antigo de seus pais. 

A tripulação de 3 pessoas contam, além com capitão, sua enteada, Fiona, e o cozinheiro, que, para a surpresa dos irmãos, trata-se de Phil, o otimista trabalhador da Serraria Alto-Astral. Após se acomodarem e estarem cientes das regras do submarino (entre elas, que eles precisam usar um uniforme com a foto de Herman Melville), ele ficam a par do objetivo da tripulação: eles estão atrás do tal açucareiro, que foi jogado da base C.S.C em chamas dentro do Arroio Enamorado. 

Aparentemente, dentro desse açucareiro, existem provas que podem incriminar o Conde Olaf, bem como limpar o nome do Lemony Snicket (sim, nosso narrador!). Após cada um seguir em seus afazeres Violet tentando consertar o dispositivo telégrafo, Klaus a estudar e examinar os mapas da maré, com o objetivo de localizar a posição do açucareiro e Sunny a ajudar Phil na cozinha, Klaus chega à conclusão que as correntes marítimas devem ter levado o açucareiro para a Gruta Gorgônea, que fica localizada próxima a “Aquáticos Anwhistle”, uma central de pesquisas marinhas e serviços de aconselhamento retóricos que foi fundado pelo cunhado da falecida tia Josephine. 

O lugar estava abandonado devido a um incêndio. Após chegarem a essa conclusão, a tripulação descobre que outro submarino se aproxima, ele tem a forma de um polvo robô gigante, cheio de tentáculos, mas a visão mais aterradora é silhueta do Conde Olaf que pode ser vista dentro da máquina. Numa tentativa de mascarar sua posição,para que o vilão não os descobrissem, todos os motores do Queeque são desligados.

Ele não são encontrados pelo inimigo, ambos os submarinos acabam por registrar um terceiro objeto próximo, no radar, ele aparece como um gigante ponto de interrogação e fica claro que até mesmo o Conde receia aquilo, pois foge o mais depressa possível. Após uma conturbada noite, os órfãos descobrem que o submarino chegou à Gruta, porém, o submarino está danificado e a entrada é deveras íngreme para que o veículo possa entrar lá. 

Os órfãos e Fiona então equipam-se com roupas de mergulhador com aqueles enormes capacetes aquáticos (Sunny, sendo muito pequena, coube inteira em um desses capacetes) e partem para explorar a gruta e localizar o açucareiro. Acontece que a caverna é tomada por um raro cogumelo chamado Myselium Medusóide. De acordo com Fiona, que e uma admiradora de estudo de micetologia, esse cogumelo aumenta e diminui periodicamente, sendo extremamente venenoso e podendo matar uma pessoa em menos de uma hora. Chegando numa pare da caverna eu é seca, os órfãos e Fiona procuram naquele lugar, que tem diversos itens, como lixo, papel e wasabi (um tempero de raiz forte, muito consumido na culinária japonesa). 

Logo Fiona percebe que aquele local está infectado com os cogumelos então elas e os irmãos caminham com cuidado, tentando evitar os locais de nascimento do cogumelo mortal. Após algumas investigações, ao retornarem ao submarino, descobrem que o capitão Andarré e Phil desapareceram, para piorar, um esporo de cogumelo se infiltrou no capacete em que Sunny se encontra e o submarino está sendo absorvido pelo polvo mecânico do Conde Olaf! 

O paradeiro de Phil e do capitão, o destino de Sunny e como os irmãos se livrarão de mais uma trágica história fica ao encargo de você, leitor, descobrir. Esse livro é bastante divertido, pelo menos pra mim, por se tratar de uma aventura submersa. Aqui é chegado o momento dos irmãos começarem a juntar todas as informações dessa enrascada trama que vem se desdobrando desde o primeiro livro. Aqui também somos surpreendidos por diversas reviravoltas no enredo, então cria um dinamismo excelente para o leitor, que não sabe o que esperar, nem se aquele personagem que era amigo no começo, acaba por tomar atitudes vilanescas. 

Narração como sempre é o ponto alto do livro, que nos diverte a todo instante. As intromissões do narrador na história tornam-se cada vez mais instigantes, pois o mesmo também esteve a procura do açucareiro misterioso. O livro é um forte aprendizado sobre como as crianças, com suas habilidades, união e criatividade, consegue escapar das mais diversas armadilhas impostas, seja pelo Conde, seja pelo destino desafortunado delas. Elas precisam estar sempre alerta para as oportunidades que surgem diante delas. 

O capítulo final do livro nos dá uma nostalgia gigante do primeiro volume da série, além de nos fazer perceber o quão amadurecidas as crianças se tornaram desde a terrível notícia que as assolou no mesmo, transformando suas vidas em desespero. A Gruta Gorgônea é um livro cheio de aventuras e recheado de pontos que te fazem esbugalhar os olhos. É a preparação para a última aventura dos irmãos, que chega cada vez mais perto...

“Um dos maiores enigmas do mundo é a maneira como funciona a tristeza. Ficar muito triste pode ser parecido com ser queimado, não só por causa da dor descomunal, mas também porque a tristeza pode se espalhar por sua vida como a fumaça de um enorme incêndio. Você pode achar difícil enxergar alguma coisa além de sua própria tristeza, assim como a fumaça pode encobrir uma paisagem a tal ponto que tudo o que você pode enxergar é a escuridão. Você pode descobrir que as coisas felizes são maculadas pela tristeza, do mesmo modo que a fumaça de um incêndio deixa tudo com cor de carvão e cheiro de queimado. E pode descobrir também que, se alguém despeja água em cima de você, você fica molhado e perturbado, porém não curado da tristeza, assim como um corpo de bombeiros pode abafar o fogo, mas não recuperar o que foi destruído.” – Págs 188-189

--- Marcel Elias ---

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