Resenha: Enshadowed por Kelly Creagh

Sabe quando você está desesperada para ler um livro a ponto de ter medo de iniciar a jornada quando finalmente o tem em mãos? Pois bem, foi assim que as coisas começaram entre mim e "Enshadowed".

Título: Enshadowed
Série: Nevermore #2
Autor (a): Kelly Creagh
Editora: Pandorga
Ano: 2014
Páginas: 360
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Varen Nethers está preso num perigoso mundo dos sonhos: um reino traiçoeiro e desolado onde as histórias aterrorizantes de Edgar Allan Poe ganham vida. Isobel Lanley, atormentada por visões estranhas e perseguida por pesadelos criados por Varen, é a única que pode salvá-lo. Isobel sabe que sua única esperança reside num cemitério em Baltimore, Maryland. Lá, no início da madrugada do aniversário de Edgar Allan Poe, um estranho misterioso conhecido como “Admirador de Poe”, fará sua homenagem anual no túmulo do lendário poeta. Apenas o Admirador detém a chave para a passagem entre os mundos. Porém, grandes perigos aguardam Isobel. Um antigo mal, envolto em véus de tecido branco, está à espreita, desa ando-a em busca do afeto de Varen. Quando Isobel nalmente o encontra, ele não é mais o garoto quieto e pensativo que um dia a cativou, mas uma força sombria, poderosa e malevolente. Poderia o grande amor de Isobel também ser seu maior adversário?


Isobel está desolada após perder Varen para sombras. Entretanto, a sua determinação de trazê-lo de volta é maior do que o medo de enfrentar a estranha mulher que mantém o garoto que ela ama aprisionado em uma realidade paralela onde tudo é escuridão. Ainda mais quando há uma chance de isso acontecer desde que ela consiga ir até Baltimore no mesmo dia em que uma multidão de fãs vai até o cemitério ver o denominado “Admirador de Poe” fazer suas homenagens ao autor. Ela só precisa convencer os seus pais de que ela está bem e de que tudo o que ocorreu no último Halloween não irá se repetir. O que não é nada fácil, pois com pesadelos aterrorizando-a e sombras seguindo-a por toda parte, sua sanidade parece estar se esvaindo um pouco mais a cada dia. No entanto, por mais dificil que fosse conseguir chegar até Varen, ela continuaria lutando para curá-lo com o seu amor.


Sei que não é segredo para ninguém que a minha paixão pela vida e obra de Edgar Allan Poe é intensa. Mergulhar nos cantos sombrios de sua mente através dos seus escritos e detectar os seus temores é algo que ainda me deixa assombrada. E é por perceber a existência dessas características no enredo desenvolvido por Kelly Creagh que “Nevermore” me arrebatou completamente. Tanto foi que esperei ansiosamente para ler “Enshadowed” e ter mais um vislumbre do universo rico que compõe a história. Com descrições lúgubres, pesadelos aterradores e um clima sombrio, foi fácil esquecer que eu estava no sofá e muito difícil de não acreditar que tudo a minha volta não era Baltimore ou a realidade tenebrosa que Varen estava preso.

Infelizmente, com exceção da ambientação tudo nesse livro pareceu um grande ponto de interrogação. Não senti que Creagh conseguiu alcançar nessa história o tom certo. A interação que a personagem tem com os outros é simplória e mesmo que a Gwen ganhe um pouco mais de destaque, fica claro que ela é um meio para a Isobel chegar onde quer. Se tornou bem óbvio o seu egoísmo, pois as suas atitudes impulsivas nunca permitiram que ela reflitisse a respeito do sofrimento que ela estava imputando a sua família. Além disso, por mais que ela buscasse respostas, ela parecia caminhar em círculos deixando o leitor com a seguinte indagação permeando a sua mente durante todo o livro: “certo, e agora?”.

Esse “agora” parece surgir apenas em pequenas fagulhas, pois mesmo quando há um clímax, a densidade logo se esvai pela rápida resolução que Creagh proporciona. Encontrar Varen acaba sendo o ponto chave do livro, por isso, o leitor dá voltas e voltas em torno de situações até se dar conta de que ele se tornou um espectro do qual não sabemos se vamos ver de novo. Além desse ponto, achei interessante a nova explicação que a autora explorou a respeito da origem da mulher do mundo dos sonhos. Ao criar uma nova mitologia, ela traçou uma linha tênue entre demônios reais e espirituais, o que foi bem bacana. Um ponto positivo relacionado aos personagens também está concentrado nas figuras de Reynold e Pinfeathers que em “Enshadowed” mostram sua verdadeira natureza e desconstroem muitos dos julgamentos realizados em “Nevermore”.

É certo que mesmo tendo um universo muito criativo para explorar, não tive como conter a minha insatisfação com a morosidade que a Kelly Creagh desenvolveu a sua história, bem como, o enorme número de labirintos sem saída construídos por ela. Queria ter me empolgado mais com o desfecho, mas senti que a decepção pela falta de respostas no final foi maior do que a surpresa pelo embate que aconteceu. Todavia, mesmo com falhas na execução do enredo, ainda acredito que essa seja uma leitura válida para quem gostou do primeiro livro da série. Apesar de não responder a todas as perguntas que deveria, ele traz pontuações essenciais para compreender os caminhos pelos quais a autora irá percorrer em “Oblivion”. Só espero que ela não deixe tantas poltas soltas para serem amarradas apressadamente nas páginas finais e entregue aos seus leitores um final digno para essa série tão original.


[...] - Não me deixe. - ela sussurrou.
- Eu estou aqui. Bem aqui. Esperando.

--- Isabelle Vitorino ---

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