Resenha: Encruzilhada por Kasie West

Livros juvenis tem deixado de ter um espaço cativo na minha estante, porém, isso não quer dizer que quando eu os leia não fique absolutamente rendida a história. Ainda mais quando elas são tão contagiantes quanto a narrada em "Encruzilhada".

Título: Encruzilhada
Série: Encruzilhada #1
Autor (a): Kasie West
Editora: Seguinte
Ano: 2015
Páginas: 304
Onde comprar: Saraiva | Submarino
A vida de Addison Coleman é um grande “e se…?”, graças à sua habilidade especial: Investigar Destinos. Addie é capaz de prever duas possibilidades de seu futuro toda vez que precisa tomar uma decisão. Quando os pais dela anunciam o divórcio, a garota deve escolher se vai morar com o pai entre os Normais ou se prefere ficar com a mãe no Complexo Paranormal. Para ter certeza do que a espera, Addie resolve Investigar. Em uma alternativa, ela conhece Trevor, um Normal sensível com quem logo sente uma conexão. Na outra, se envolve com Duke, o garoto mais popular da escola Paranormal. E agora, em qual futuro Addison estará disposta a viver?

Addison poderia ser uma garota normal senão fosse o fato de morar em um Complexo designado a pessoas com poderes mentais que parecem ter saído direto de um filme de ficção científica. Entretanto, a vida dela era mais real do que ela gostaria que fosse, principalmente agora que seus pais decidiram se separar e ela tem que enfrentar a dura decisão de escolher com quem ficar. De um lado, ela tem a sua mãe supercontroladora e que parece só ter tempo para ela se o assunto for lhe dar ordens, do outro ela tem um pai amaroso que ela sempre se deu bem.

E como se optar por um dos dois não fosse uma das coisas mais difíceis que ela já teve que fazer, ela tem que arcar com as consequências de sua decisão de permanecer no Complexo com a sua amiga Layla e com o quarterback Duke, ou ir viver do mesmo modo que os Normais e conhecer o gentil Trevor. Decidida a usar o seu poder de Clarividência para Investigar os possíveis acontecimentos de sua vida, ela não imaginava que optar por um dos destinos que se desdobravam na sua frente era uma questão de vida ou morte.

Não lembro qual foi o último livro adolescente que li que trazia em seu cerne personagens com poderes surpreendentes. Mas desde que li a sinopse de "Encruzilhada" achei que a autora poderia trazer um novo olhar para esse tão explorado enredo. Narrado em primeira pessoa, o livro aos poucos vai se dividindo em duas possibilidades de vida que a Addison poderia ter após o divórcio dos pais, mas não é só isso, a medida que avançamos na história, conhecemos um pouco mais sobre como as coisas funcionam para os Paranormais em sua sociedade. No entanto, não senti que as explicações foram suficientes para saciar a minha vontade de saber como eles adquiriram esses poderes, desde quando o Complexo foi fundado, entre tantas outras perguntas que me saltaram a mente. Espero que isso seja respondido no segundo livro da duologia.

Na verdade, o que autora nos entrega está muito mais relacionado as possibilidades que se desdobram na vida de qualquer um, como também, as coisas que acontecerão nela independente de caminharmos de encontro a isso ou não. Apesar da escrita da autora ser simples e direta, gostei da fluidez com a qual consegui acompanhar a personagem em sua Investigação. Uma das coisas que achei interessante foi o modo que ela trabalhou a questão de independente de como a sociedade se organiza alguém sempre vai achar que está em desvantagem com relação a outro. Temos desde personagens que escondem o seu verdadeiro poder por medo de não alcançar os seus sonhos até aqueles que não valorizam o que tem e que acabam sendo levados a repensar o assunto depois de complicações assombrosas.

Quando o assunto são personagens, vale dizer que Addison é uma apaixonada por livros e que se esconde a maior do tempo atrás deles, ela tem um perfil de garota tímida e que não faz nada além do que os seus pais definem. Senti dificuldade de lidar com ela porque a maior parte do tempo, ela está pensando em um possível namorado. Com tantas coisas que poderiam acontecer, optar por Travis ou Duke era o menor dos problemas dela! Sobre os demais, é certo que o Duke sabe ser um babaca como ninguém, mas ele também se torna vítima de suas próprias ambições. O Travis por outro lado, foi um personagem que tinha tudo para me agradar de primeira, porém só o conseguiu fazer no decorrer da leitura em decorrência de sua passividade. E a Laila, bem, ela é a típica amiga de infância que é capaz de colocar (e tirar) Addie de belas roubadas, só isso me fez gostar dela - mesmo ela cometendo idiotices das quais eu torço para que ela se redima.

Ademais, há um mistério permeando toda a história e que me deixou roendo as unhas para saber se o desfecho era o que eu suspeitava ou não. Essa tensão de assassinatos ocorrendo no plano de fundo da vida da Addie, me fez devorar as páginas mais do que a escolha que no fim ela teria que fazer. Além disso, tenho que dizer que gostei muito da maneira que ela encerrou o livro, pensei que ele terminaria em um cliffhanger maior, mas ele foi tão sútil que aplacou meus ânimos o suficiente para aguardar pacientemente pela sequência. Em suma, "Encruzilhada" é um livro para ser lido entre uma leitura densa e outra, principalmente quando a intenção do leitor é mergulhar de cabeça em uma jornada de descobertas quando alguém tenta responder a pergunta "e se?".

[...] âs vezes sinto que estou flutuando lentamente para longe. Estou sempre procurando algo em que me agarrar para não me perder. Pág. 199

--- Isabelle Vitorino ---

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