Comic Resenha: Uzumaki por Junji Ito
No mês passado, devido ao tema de horror, resolvi me
aventurar em buscar quadrinhos da temática, e me deparei com esse curto mangá
de 3 volumes; Nunca mais verei formas geométricas do mesmo jeito...
Título: Uzumaki
Autor: Junju Ito
Editora: Conrad
Ano: 1998
Uzumaki conta a história de uma cidade assombrada, não por um fantasma ou demônio, mas por um padrão geométrico que domina a mente de seus habitantes. Em Kurouzu Cho, uma pequena cidade costeira do Japão, tudo parecia normal até que alguns de seus habitantes começarem a ter comportamentos muito estranhos, ligado a obsessão pela forma espiral.
Todos nós conhecemos a fama dos
japoneses com o gênero de terror. Resolvi me aventurar por esse terreno e
garanto, é tudo real! Em Uzumaki acompanhamos a jovem estudante Kirie Goshima.
Ela será nossa personagem principal e narradora, nos relatando como sua pequena
cidade natal tornou-se palco de um horror sem precedentes.
Tudo se inicia quando nossa heroína está a caminho da estação de trem da cidade para esperar seu namorado, Shuichi
Sato, e depara-se com o pai do mesmo agachado em um beco. Ao tentar entrar em
contato com o futuro sogro, ela percebe que ele está encarando a concha de um
caracol, totalmente hipnotizado pelo objeto, sem dar atenção a mais nada. Ao
encontra o namorado e relatar o ocorrido, o rapaz comenta que seu pai está
apresentando atualmente um comportamento estranho. Ao confrontá-lo com isso,
Shuichi pede para Kirie que fujam da cidade, pois ele pressentia que algo
estranho está para acontecer. Ela fala que não tem como fazer isso assim, tão
repentinamente. Então vamos acompanhando a loucura psicótica do pai do rapaz ao
longo do capítulo. Ele torna-se um fissionado em espirais a tal ponto que
abandona seu emprego e torna-se compulsivo pela forma, onde quer que possa encontrá-la.
A situação torna-se ainda mais caótica quando ele passa a fazer suas próprias
espirais com o corpo e culmina na morte mais horrenda que já pude ver. Mas isso
é apenas o começo, pois a partir de então as espirais passam a dominar essa
cidade, nos mais diversos modos.
Vale uma ressalva aqui sobre o
segundo capítulo, onde o autor passou a brincar com a espiral partindo para o
medo irracional da forma, por meio da mãe do Shuichi, formando assim um
contraste: Enquanto seu pai era um viciado psicótico por espirais, sua mãe
acaba por desenvolver uma severa fobia pela forma que tanto fascinou seu pai, o
que acabou por levar ambos a loucura. Brilhante!
O que me chamou bastante atenção na
história foi o autor usar situações rotineiras e objetos simples para dar vazão
ao terror e colocar as espirais neles, o que me lembra um dos aspectos que me
tornou fã de Stephen King. A espiral não é apenas algo que atinge fisicamente,
transformando pessoas, objetos ou mesmo coisas como cabelos, ela acaba atingido
as pessoas em seu psicológicos “torcendo suas almas” e transformando-as
totalmente em termos de personalidade. O ritmo das histórias é quase frenético
e os acontecimentos cada vez mais tensos, culminando em um terror psicológico
extremamente pesado, pois nunca se sabe quando e onde esse inimigo metafísico
vai atacar de novo. Isso causa também um desgaste e mudança nos personagens,
pois eles acabam por sentir o peso de todo o horror na própria pele.
Sobre os personagens, a Kirie nos primeiro capítulos é um pouco cansativa. Ela nos dá a impressão de estar na
história somente para narrar os acontecimentos, pois mesmo quando sua família é
envolvida pela primeira vez em um caso envolvendo as espirais, é como se ela
estivesse lá apenas para relatar, não para viver a história. Isso muda a partir
de um acontecimento que envolve a própria, tornando-a mais proativa na
história. O Shuichi também é um personagem que não é muito cativante.
Entende-se seu temor com a espiral, por conta do que esta fez a seus pais, mas
infelizmente o personagem não tem muita iniciativa e desenvolvimento. Os demais
personagens não tem muito destaque, sempre estando presentes em um ou dois capítulos.
Acaba que, no quesito personagens, a história não te prende, pois são pouco ou
nada cativantes. Claro que isso pode ser facilmente explicado por toda essa
onda de horror que acaba por afetar não só o físico, mas o psicológico, mas
mesmo assim, não consegui me prender aos mesmos.
Algo bastante pessoal, mas que não me
agradou, foi o final do mangá. Eu sou o tipo de pessoa que precisa saber o background das situações. Então a
explicação superficial da espiral me foi bastante insatisfatória, me deixando
um tanto chateado com a obra.
Para aqueles que gostam de sentir um
frio na espinha, essa obra de apenas 20 capítulos é bem recomendada, pois faz
alusão a um horror vindo de algo que não sabemos exatamente o que é. Ele mexe
não apenas com a mente, mas com o corpo de suas vítimas, indo de um horror
psicológico a um trash em questão de
páginas. Muitos comparam essa obra a padrões Lovecrafitianos. As imagens e
situações vão acompanhar o leitor por um bom tempo.
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