Resenha Especial: A Máscara da Morte Rubra por Edgar Allan Poe


Conto: A Máscara da Morte Rubra
Título: Histórias Extraordinárias
Autor: Edgar Allan Poe
Editora: Saraiva de Bolso
Páginas: 144 (17 a 21)
Ano: 2011
Enquanto a Morte Rubra dizima o povo, o Príncipe encastela-se em uma de suas propriedades, inviolável construção, onde a peste jamais poderia adentrar. Blindando sua fortaleza das emanações da terrível epidemia, promove festas, bailes e todo o tipo de diversão. E lá permaneceria enquanto o mundo não anunciasse o fim do perigo. Num desses bailes, no entanto, uma presença chama a atenção de todos aqueles que se julgam invulneráveis.

No conto ‘A Máscara da Morte Rubra’, Poe leva o leitor até um país cuja população está sendo completamente dizimada pela peste de forma implacável. Contada através do ponto de vista de um narrador onisciente, assistimos com certo pesar e desprezo, o jovem príncipe Próspero tecer planos a fim de vencer a própria morte. Essa utopia que ele acha capaz de tornar real segue em paralelo ao sofrimento de um povo que esquecido por seu governante vai se extinguindo de forma cada vez mais voraz. 

Contudo, essa é apenas uma parte da aparente loucura do príncipe, já que a sua ideia de se refugiar junto aos seus amigos em um castelo tão fortificado que a peste jamais ousaria se aproximar toma ares cada vez mais insanos quando vamos nos dando conta de que ele realmente é feliz ali, mesmo sabendo que milhares de pessoas estão morrendo lá fora. 

Para coroar de modo mais macabro tudo isso, o príncipe Próspero organiza um baile de máscaras e dá vazão a sua genialidade aterradora, através da criação de fantasias que misturam o sonho com o pesadelo, o real com a fantasia, o horror com a beleza, a inocência com a crueldade de modo tão impressionante que o leitor passa a questionar os limites da sanidade não só dele, como também, de si, já que aos poucos vamos nos dando conta de que nessa história a morte não é o verdadeiro antagonista, mas sim o herói que traz justiça de uma forma letal aos poderosos que ousaram pensar serem capazes de triunfar sobre ela.

Uma das características de Edgar Allan Poe que mais me impressionam é a capacidade que ele tinha de descrever cenas com poucas palavras e mesmo assim conseguir inserir o leitor na atmosfera desejada por ele de modo eficiente e preciso. Em ‘A Máscara da Morte Rubra’ em especial, consegui perceber essa faceta dele de modo mais acentuado, já que logo nas primeiras linhas desse conto fui envolvida por uma história carregada de egoísmo, mas ao mesmo tempo tão arrebatadora que por mais que eu a releia sempre a acho fascinante. 

Muito disso se deve a maneira quase musical com que Poe o escreveu, pois ele não só impôs certo ritmo poético ao conto, com também, utilizou o jogo de palavras de modo que ao lê-lo em voz alta somos tentados a achar o tom certo para fazê-lo. E como se isso não fosse suficiente, ainda é possível encontrar um enredo repleto de simbolismos que confere à história uma densidade tão impressionante que faz de ‘A Máscara da Morte Rubra’ um dos contos mais sensacionais que eu tive o prazer de ler.

Narração do conto 'A Máscara da Morte Rubra'
Mas ninguém se aventurava até a sala negra. É que a noite estava chegando. E ali uma luz vermelha coloria tudo com tons apavorantes. Entretanto, o coração da vida palpitava nos outros salões cheios de gente. Então, houve uma paralisação geral. Por mais tempo. Mais perturbadora. Pág. 20

--- Isabelle Vitorino ---

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