True Crime: Genene Jones - a enfermeira americana


ATENÇÃO: esse texto pode trazer conteúdos sensíveis por abordar um caso real. No entanto, o intuito da coletânea true crime é alertar e propor uma reflexão aos perigos que nos rondam e não disseminar o sensacionalismo.

O ano era 1982, na cidade de Kerrville, Texas. É aberta uma nova clínica pediátrica sob a responsabilidade da médica Kathy Holland e sua enfermeira de confiança, Genene Jones, considerada um verdadeiro achado. Na manhã do segundo dia de funcionamento Petti McClellan levou sua bebê de 14 meses, a pequena Chelsea para uma consulta devido a episódios de respiração irregular e espasmos pulmonares. Enquanto Petti conversava com a médica, a enfermeira pegou a criança e a levou para a sala de tratamento, onde poderia ficar brincando, quando de repente ouve-se a voz da enfermeira chamando a Dra. Kathy pois a Chelsea estava desfalecida sobre a mesa de exame. Depois de dez dias de exames na UTI nada foi encontrado que pudesse explicar o que aconteceu, e logo após Chelsea se recuperou muito bem. Seus pais fizeram questão de falar para todos que Kathy e Genene haviam salvado a vida de sua filha. 

Petti voltou à clínica com Chelsea e seu irmão de três anos, para uma consulta de rotina. Após um rápido exame, a médica recomendou que fossem aplicadas duas vacinas, uma para prevenção do sarampo, caxumba e rubéola e a outra contra difteria e tétano. Após a primeira vacina ser inserida na coxa esquerda da criança, a mesma amoleceu e ficou inconsciente. Chelsea foi levada as pressas para um hospital maior, no entanto, depois de 13km ela teve uma parada cardíaca. Nada conseguiu trazer a pequena criança de volta.

Chelsea não foi a primeira, e infelizmente também não foi a última criança a morrer de maneira inesperada e inexplicável. O médico legista Vincent Di Maio após uma palestra em San Antonio, Texas, soube por um colega neurologista que o promotor da cidade de Kerrville estava investigando a morte de uma criança, e que ele suspeitava de uma médica e uma enfermeira. E foi além, disse também que havia registros de tantas outras mortes suspeitas de bebês no centro médico, e que o hospital já estava conduzindo uma investigação. 

Duas sindicâncias foram abertas e revelaram uma coincidência: o nome da enfermeira Genene Jones. Jones foi encaminhada para adoção assim que veio ao mundo, e perdeu o irmão caçula e seu pai de formas trágicas e prematuras. Trabalhou em são de beleza, depois fez curso de enfermagem em 1978 foi contratada para trabalhar no Hospital do Condado de Bexar, Texas. Suas colegas dessa época relataram um episódio em que Jones fez exageradas demonstrações de luto ao ver uma criança que estava sobre seus cuidados falecer. O número de óbitos e quase óbitos só aumentava, enquanto trabalhou na ala pediátrica, foram 42 bebês mortos. 

Foi com a ajuda da Dra. Holland que foi possível a investigação se aproximar ainda mais da enfermeira Jones, pois foi observado por ela o desaparecimento de um dos frascos da droga succinilcolina pouco tempo depois da morte de Chelsea, e quando o frasco foi encontrado estava com marcas de dois furos de agulha. A médica nunca havia receitado tal droga para nenhum de seus pacientes e era a enfermeira Jones a responsável pelas encomendas dos fármacos. 

Com o andar da investigação, o corpo de Chelsea teve que ser exumado, e nos testes realizados foi encontrado vestígio de succinilcolina. Foi a peça chave para indiciar Jones. Um júri de acusação em Kerrville apresentou a denúncia e a enfermeira foi presa pelo assassinato de Chelsea, e sete lesões corporais a crianças devido aos casos quase fatais na clínica, porém, conseguiu pagar sua fiança e ficou em liberdade até o início do julgamento. Após alguns dias de julgamento, Genene Jones foi condenada a 99 anos de prisão pelo assassinato de Chelsea e outros 60 anos por ferir deliberadamente outra criança. 

Jones pode ter assassinado até 46 bebês e crianças que estavam aos seus cuidados. Quando foi presa, em 1980, o Texas tinha uma lei que permitia 3 dias descontados da pena do condenado para cada dia de bom comportamento. Jones passou 30 anos ilesa, com bom comportamento, e em março de 2018 já poderia solicitar sua condicional. No entanto, ainda não obteve êxito no seu pedido.

--- Tina Viana ---

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