Comentando o Conto: Na Cripta por H.P. Lovecraft

Porque nem só de frutos do mar super desenvolvidos vivia a dieta do pai do terror cósmico.

Conto:
 Na Cripta
Autor: H.P. Lovecraft
Livro: Contos Clássicos de Terror
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 408 (312-325)
Ano: 2018
Onde comprar: Amazon | Livraria Cultura | Submarino
Sinopse: "O melhor das histórias de medo, uma seleção de tirar o fôlego e perder o sono. Neste livro, Stephen King, Shirley Jackson, Machado de Assis e outros dividem as páginas para mostrar toda a potência das histórias assustadoras. Transitando entre o gótico, o horror e o terror ― mas sem se afiliar a nenhuma dessas categorias com exclusividade ―, os dezenove contos deste livro reúnem o melhor das histórias de medo. De Machado de Assis e João do Rio a Lygia Fagundes Telles; de Edgar Allan Poe e Robert Louis Stevenson a Stephen King, grandes nomes da literatura mostram ao leitor toda a potência do gênero. Com seleção e introdução de Julio Jeha, esta antologia traz uma história de H. P. Lovecraft inédita no Brasil, além de uma nova tradução do conto "A loteria", de Shirley Jackson. Em Contos clássicos de terror, o mal absoluto, o sofrimento de ocasião e até a maldade disfarçada de bem revelam personagens complexos e narrativas impressionantes."


Nesse tenso e macabro conto, acompanhamos o ex coveiro George Birch. Nunca merecedor de ser o funcionário do mês, pois era comum chegar embriagado para o ofício e também por não ter respeito algum pelos corpos que era responsável por fazer caixões, Birch se vê numa enrascada em uma noite da véspera de um feriado, ao ficar preso na cripta com 8 corpos, com o único ser vivo próximo sendo o cavalo de sua carruagem, que ficou a esperar do lado de fora. 

Birch agora precisa de algum modo expandir um vão que fica acima da porta, cujo ferrolho enferrujado e sem manutenção emperrou, contando com poucas ferramentas e uma escada de caixões com cadáveres. Ou será que não são meros cadáveres? Lemos então, em poucas e claustrofóbicas páginas, o relato de seu médico, ao qual Birch confidenciou o episódio macabro, responsável por sua aposentadoria por invalidez.

Um conto bem curto, mas intenso e dinâmico, seguimos o pobre coveiro atrapalhado numa luta contra o tempo, para se libertar desse cativeiro macabro, enquanto o dia se transforma em noite. O terror do conto é algo bastante curioso, pois é algo tão subjetivo e sugestivo, que acabamos por duvidar que algo realmente sobrenatural possa estar acontecendo, algo que me recordo bastante em alguns de meus contos favoritos de Edgar Allan Poe.

Meu contato com Lovecraft ainda é bem escasso, admito, resumido a seu conto mais famoso, "O Chamado de Cthulhu", então fui pego de surpresa ao ver algo que não é vinculado a sua mitologia cosmológica, mas nem por isso menos interessante.

A escrita do autor é algo deveras polido e pode ser considerado um pouco maçante por alguns, mas ao pegar o gosto da história e a vontade de descobrir o desfecho dessa desventura pavorosa, o leitor logo se vê suando frio ao chegar no final e se perguntar se de fato algo sobrenatural rondou aquele cemitério ou se tudo não foi feito de um coveiro cansado.

"Ele permaneceu aleijado pelo resto da vida [...]; mas acho que o maior aleijamento foi o da alma." - Pág. 323

--- Marcel Elias ---

Postar um comentário

Obrigada pela visita, dê sua opinião, participe e volte sempre.

- Caso tenha uma pergunta deixe seu e-mail abaixo que respondo assim que o comentário for lido.

- Caso sua mensagem não tenha relação com o post, envie para o e-mail.