Comentando o Conto: As Crianças no Milharal por Stephen King

Se você gosta de histórias macabras e que envolvem crianças, vem comigo!

Conto:
As Crianças no Milharal
Autor: Stephen King
Livro: Sombras da Noite
Editora: Suma
Páginas: 416 (324 a 356)
Ano: 2013
Onde comprar: Amazon | Livraria Cultura | Submarino
Sinopse: "Stephen King reúne aqui vinte de suas mais inquietantes obras curtas – relatos de acontecimentos bizarros e atos impensáveis, que surgem daquele momento de crepúsculo, onde ruídos nas paredes e sombras perto da cama prenunciam algo terrível que ronda à solta. Os cenários são familiares e acima de qualquer suspeita: um colégio, uma fábrica, uma lanchonete rodoviária, uma lavanderia, um milharal. Mas, no mundo de Stephen King, qualquer lugar pode servir como território sobrenatural. São necessárias apenas uma hora propícia da noite e a distração das vítimas. Alguns desses clássicos inspiraram filmes memoráveis como As crianças do milharal, Último turno e Às vezes eles voltam."


Há dois anos, a vida não anda nada boa para o casal Burt e Vicky Robeson. O casamento se tornou um martírio e, em uma última tentativa de fazer as coisas funcionarem, os dois dirigem para uma viagem rumo à Califórnia, para a casa do irmão de Vicky.

Passando pelo Nebraska, os dois decidem pegar uma rota fora da rodovia principal e logo se arrependem. Numa calorosa discussão, passando por uma estrada longe de tudo, com apenas um grande milharal que vai além do que os olhos podem alcançar, Burt acaba por atropelar uma criança que surgiu inesperadamente. 

Ao investigar o corpo, o casal descobre que o menino não sobreviveria muito tempo, pois um profundo corte em sua garganta denunciava que seu destino definitivo era a morte. Ao chegar na pequena cidade de Gatlin, a mais próxima do milharal, o casal se depara com uma estranha realidade: a cidade está deserta e abandonada, tomada apenas por crianças fanáticas.

Narrado em terceira pessoa, porém sob a perspectiva de Burt, embarcamos nessa história frenética e violenta, onde mais uma vez temos um personagem masculino autoritário e deveras misógino. Apesar da narração ser em terceira pessoa, é notável a parcialidade da mesma, pois vemos a história através do filtro do Burt. A interação do casal é claramente caótica e desordenada, o que ajuda o desfecho de ambos.

Além dos protagonistas complicados, um fator bastante presente e forte aqui é o que me faz amar os romances do Stephen King: a ambientação de suas narrativas. Claro que por ser um conto, a coisa toda se desenrolou mais rápido e resumido, mas a todo o momento me senti tragado por aquele ambiente de cidade fantasma, com a constante impressão de estar sendo observado. E, não bastando o clima tenso entre o casal e a ambientação quase fúnebre de tão vazia, surge o elemento mais tenso de todos: a igreja macabra. 

Me processem (mentira, não tenho dinheiro),  mas amo quando o terror ou horror pegam uma concepção certa e imaculada e distorce a mesma para algo profano e a ser temido. E aqui o autor faz isso com maestria. A gente não sabe o que é essa criatura, como ela veio, como interage, mas sabemos que ela está lá, e ela vai ter o que quer. Arrisco até a dizer que tal criatura e o culto à ela foi nada menos que o Stephen King dando aquela piscadela marota pra Lovecraft (o que foi uma homenagem melhor que uma certa aranha cósmica...).

Em apenas 30 páginas rápidas e dinâmicas, King mostra mais uma vez o intrincado mundo de sua mente, deixando-nos avisos para sabermos sobre aquele macabro e misterioso lugarejo que um dia foi Gatlin. Não é à toa que esse conto sérvio de base para a série de filmes "Colheita Macabra" (que eu jamais poderia opinar, por motivos de que sou medroso).


O retrato era tosco, mas eficiente. [...] - um Cristo do Antigo Testamento, ou um Cristo pagão que poderia matar seu rebanho em sacrifício, em vez de conduzi-lo. - Pág. 342

--- Marcel Elias ---

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