Resenha: O Perigo de uma História Única por Chimamanda Ngozi Adichie

Como falar de Preconceito sem usar esta palavra? É o que nos conta Chimamanda Ngozie Adchie, em seu livro “O Perigo de uma História Única”.

Título: O Perigo de uma História Única
Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2019
Páginas: 64
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Sinopse: "Uma das palestras mais assistidas do TED Talk chega em formato de livro. Para os fãs de Chimamanda, e para todos os que querem entender a fonte do preconceito. O que sabemos sobre outras pessoas? Como criamos a imagem que temos de cada povo? Nosso conhecimento é construído pelas histórias que escutamos, e quanto maior for o número de narrativas diversas, mais completa será nossa compreensão sobre determinado assunto. É propondo essa ideia, de diversificarmos as fontes do conhecimento e sermos cautelosos ao ouvir somente uma versão da história, que Chimamanda Ngozi Adichie constrói a palestra que foi adaptada para livro. O perigo de uma história única é uma versão da primeira fala feita por Chimamanda no programa TED Talk, em 2009. Dez anos depois, o vídeo é um dos mais acessados da plataforma, com cerca de 18 milhões de visualizações. Responsável por encantar o mundo com suas narrativas ficcionais, Chimamanda também se mostra uma excelente pensadora do mundo contemporâneo, construindo pontes para um entendimento mais profundo entre culturas."

O livro é uma adaptação de um dos famosos TED Talks da autora, e para quem não conhece as TED Talks, acho importante mencionar, estas são uma série de conferências realizadas pelo mundo por iniciativa da fundação norte-americana, sem fins lucrativos , denominada 'Sapling’ e que tem como o slogan ‘Ideias que merecem ser disseminadas’.

Assim, Chimamanda Adichie, em 2009, já famosa como um dos grandes nomes da literatura feminista nigeriana, ganhou bastante destaque com sua primeira TED Talk: “O Perigo de uma História Única”. Sua abordagem nos trouxe reflexões acerca do poder econômico, social e principalmente cultural, de países colonialistas detentores da disseminação do conhecimento.

O primeiro alerta que nos é feito é a questão da representatividade. Chimamanda nos conta que, durante boa parte da sua infância, a referência de literatura que possuía era praticamente composta por livros ocidentais, cujas informações não representavam nem um pouco da realidade da Nigéria. 

Eu amava aqueles livros americanos e britânicos que eu lia, eles mexiam com a minha imaginação, me abriam novos mundos. Mas a consequência inesperada foi que eu não sabia que pessoas como eu podiam existir na literatura.

E pra falar sobre a sua própria história, a autora relata que vivia numa cidade universitária, com pais pertencentes à classe média, ao invés de possuir uma família pobre beirando a miséria, como é costumeiro associar à história de vida de praticamente qualquer pessoa nascida na África.

O primeiro choque cultural que sofreu foi quando se mudou para os Estados Unidos para fazer faculdade. Lá, era vista daquela forma estereotipada de ‘africana pobre e sofredora' que o mundo dos brancos criou. Ao relatar sobre os primeiros contatos com sua colega de quarto, ela conta que:

O que me impressionava foi que ela sentiu pena de mim antes mesmo de ter me visto. Sua posição padrão, para comigo, como uma africana, era um tipo de arrogância bem intencionada: piedade.

Em verdade, tanto a história da Nigéria, quanto a de outros países, africanos ou não, contada do ponto de vista ocidental branco, foi absorvida pelo mundo inteiro como verdade, mas nos traz apenas um estereótipo, uma visão truncada sob um prisma enviesado pelo poder, superficial e negligente. E poucos são aqueles que questionam essa verdade. Nessas histórias, são enfatizadas sempre as diferenças, ao invés das semelhanças; e o resultado é sempre um povo ‘superior’, e um povo oprimido.

A história contada pelo poder gera sérias questões de identidade. Por muito, é assim que iremos enxergar algo ou alguém, e aquilo raramente reflete a realidade. Ou pelo menos não toda ela.

Em poucas palavras, a história é a verdade de quem nos conta. A libertação da ignorância, do preconceito e da opressão é ter acesso ao conhecimento em suas diversas fontes, e construir uma visão de mundo de ricas realidades, e é isso que Chimamanda Ngozi Adichie aponta em "O Perigo de uma História Única".

Então é assim que se cria uma única história: mostre um povo como somente uma coisa, repetidamente, e será o que eles se tornarão.

--- Lorena Macêdo ---

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