Resenha: O Sangue dos Elfos por Andrzej Sapkowski

Saudações, nobres marujos! Aqui é o Juão e hoje vos trago a continuação da saga do bruxo mais sarcástico de Rívia! Desculpem pelo hiatus enoooorme entre as resenhas, mas prometo que vou compensar vocês com outras belezuras, fechado? Sem mais delongas, peguem seus remos e vamos navegar.

Título: O Sangue dos Elfos
Série: Geralt de Rívia - The Witcher #3
Autor: Andrzej Sapkowski
Editora: Martins Fontes
Ano: 1994
Páginas: 336
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O sangue dos elfos é o terceiro livro da saga do bruxo Geralt de Rívia. O primeiro livro a narrar as histórias do bruxo Geralt foi O último desejo, seguido de A espada do destino, ambos publicados por esta Editora. Um livro de Sapkowski é como uma intrincada fórmula mágica que mistura fantasia, rigor intelectual, humor inteligente e princípios de teoria econômica. As aventuras do sagaz Geralt de Rívia, imenso sucesso de crítica e de público e reconhecidas internacionalmente como fenômeno literário, inspiraram a criação do videogame The Witcher.

Nesta obra, há de cara uma quebra na estrutura textual se comparado aos outros livros, deixamos de acompanhar Geralt de Rívia em contos e passamos a acompanhá-lo em prosa, tornando a cronologia dos eventos mais claras e fácil de acompanhar. A escrita incrível de Andrzej continua, sendo igualmente visceral nesse tipo de estrutura, quiçá mais ritmada ainda.

Sapkowski pega você pela mão e faz um tour sobre todo o contexto social e político que O Continente está passando. O emaranhado de teias políticas se intensificam, fazendo com que a luta pelo poder acabe cruzando com o caminho de Geralt várias vezes.

Após a Queda de Cintra pelo Império Nilfgaardiano, a luta pelas extensões de terra se ampliam e uma peça chave está faltando nesse tabuleiro muito bem montado por Andrzej e todos se peguntam: onde está Cirilla, a neta da Rainha Calanthe e legítima herdeira do trono?

Ciri está sendo caçada! Começamos sendo apresentados a uma figura soturna chamada Rience que passa a perseguir os passos de Geralt em busca de sua protegida. Apesar da astúcia do bruxo, parece que seu perseguidor está sempre um passo a frente, sendo protegido por alguém de muito mais poder que ele. Geralt deve sumir do mapa para não pôr Ciri em perigo.

Nos limites das montanhas do norte do mundo conhecido, aonde o branco se torna onipresente até onde a visão pode alcançar, Ciri aperfeiçoa seu treinamento de bruxa nas ruínas de Kaer Morhen ao lado de Geralt e dos outros bruxos da Escola do Lobo. Até que Ciri entre em uma espécie de transe e é possuída por uma entidade desconhecida que começa a profetizar o fim do mundo..

Em verdade vos digo que se aproxima o Tempo da Espada e do Machado, a Época da Selvageria Lupina. Acerca-se o Tempo do Frio Branco e da Luz Branca, o Tempo da Loucura e o Tempo do Desprezo, Tedd Deireádh, o Tempo do Fim. O mundo morrerá congelado e renascerá com o novo sol. Ele renascerá do Sangue Antigo, de Hen Ichaer, da semente plantada. Da semente que não apenas brotará, mas explodirá em chamas. Ess’tuath esse! Assim será! Atentem para os sinais! Que sinais serão esses, eu vos direi, porém antes a terra se cobrirá com o sangue dos Aen Seidhe, o Sangue dos Elfos... 

Essa profecia é a mesma profecia de uma sibila élfica onde é vaticinado o fim do mundo como se conhece. A partir dessa profecia, Ciri é marcada com um grande alvo como uma espécie de semente do apocalipse para aqueles que creem nesse vaticínio e redentora dos elfos. Por outro lado, após Nilfgaard conquistar Cintra, ela se torna fundamental para a estabilidade do poder sobre a província recém conquistada, uma vez que Cintra trata-se de um reino orgulhoso que não se deixará ser sobrepujado unicamente sob a força. Sangue não é água!

Apesar desse livro tratar muito mais do treinamento de Ciri, seja como bruxa ou feiticeira, e de como todos estão atrás dela, seja pela sua importância profética ou bélica, você encontrará verdadeiros dilemas sobre preconceito através do nosso anão já conhecido Yarpen Zigrin onde podem ser traçados paralelos nítidos com a nossa realidade.

Sapkowski consegue através de um mundo de fantasia, repletos de seres quiméricos fazer com que você coloque os dois pés no chão e questione, de uma forma bem crua e sagaz, a realidade ao redor da sociedade em que vive.

Nesse tomo você encontrará várias caras conhecidas e amigas do nosso Geralt, como o bardo Jaskier e as feiticeiras: Yennefer e Triss Merigold. Através de ambas você terá noção de como funciona a magia nesse mundo visceral de Sapkowski, desde a capacidade de absorção utilizado pelas feiticeiras até os sinais utilizados pelos bruxos.

Apesar desse livro protagonizar Ciri e seus treinamentos, você encontrará um Geralt mais melancólico e furioso do que nos livros anteriores. Um bruxo que não consegue se encontrar no mundo, uma variável fora da fórmula da vida, uma aberração mutagênica que não consegue conectar-se com seu pares.

Então vaaaamos ao veredicto! SENSACIONAL! Eu sou muito suspeito em falar dessa franquia como vocês já bem sabe, mas temos um livro mais didático. Andrzej não tem pressa em descrever o modo de vida dos personagens e te dá algumas lições: que o treinamento dos bruxos não é pra qualquer um; que a magia deve ser reverenciada; e que nunca se meta entre um bruxo e sua protegida.

É isso galera, semana que vem tem a continuação dessa saga!

Você se confundiu. Você confundiu o céu com as estrelas refletidas durante a noite na superfície de um lago. Pág. 242

--- Juão Lucas ---

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