Resenha Especial: O Pequeno Príncipe por Antoine de Saint-Exupéry

Essa história é daquelas que quem não leu o livro imagina conhecer o teor da obra porque já leu frases em redes sociais ou porque assistiu alguma adaptação, inclusive, eu era uma dessas pessoas. Por isso quando comecei a escolher os títulos para ler durante o Desafio Literário - Mundo dos Livros quis incluir "O Pequeno Príncipe" e conhecer cada pedacinho desse universo particular - que agora divido com vocês.

Título: O Pequeno Príncipe (Bolso de Luxo)
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Editora: Zahar
Páginas: 144
Ano: 2015
Onde comprar: Amazon | Livraria Cultura | Submarino
Sinopse: Há gerações um dos livros mais lidos do mundo, O pequeno príncipe diverte com delicadeza e emociona sem pieguismo, ao abordar dilemas cruciais do mundo contemporâneo. Com seu olhar sempre curioso e disposto a aprender, esse homenzinho louro de cachecol dourado, inteligência intuitiva e perguntas impertinentes induz o leitor a repensar as ligações entre sua infância e a vida adulta, o sentimento e a consciência, a razão e a realidade. A raposa, a rosa, os baobás, os planetas e tanto mais deixam de ser meros elementos do livro, tornando-se mais que isso símbolos nunca inteiramente explicados – e por isso mesmo muito fortes. Essa edição homenageia o aniversário de setenta anos da morte de Saint-Exupéry. Seguindo o padrão de qualidade da bem sucedida coleção Clássicos Zahar, traz o texto integral vertido para o português por tradutores premiados e todas as ilustrações clássicas do autor, em cores, além de um posfácio do escritor Rodrigo Lacerda resgatando as circunstâncias da produção do livro e analisando alguns de seus temas principais.

Um aviador caiu com o seu avião no deserto do Saara e foi surpreendido com um pequeno princípe que lhe pediu para desenhar um carneirinho. Surpreso com a abordagem daquela figura, ele se nega veementemente a fazer o que lhe foi pedido pois há muito deixou de desenhar, afinal de contas, niguém conseguia entender os seus desenhos mesmo. O que o aviador não sabia, era que que o seu interlocutor não aceitava respostas imprecisas ou desculpas pouco convincentes, mas logo se viu impelido a não só desenhar um carneiro, como também a fazê-lo da maneira que melhor atendesse as expectativas do pequeno princípe - que tinha um objetivo muito claro para o bichinho: levá-lo para o seu planeta de origem. Inquieto com a informação de que o pequeno não fazia parte do planeta terra, o aviador se sente motivado com a história do princípe, que passa a narrar a sua longa jornada interplanetária e lhe contar sobre tudo aquilo que deixou para trás.

Inicialmente, tenho que dizer que escrever sobre essa história é um tanto quanto complicado e isso ocorre por diversos motivos. O primeiro deles, sem sombra de dúvidas, é por ser uma história amplamente conhecida e que por isso a maioria das pessoas já tem uma ideia preconcebida ao seu respeito. O segundo é o tamanho diminuto do texto que é compensado por uma riqueza de detalhes que impulsiona uma reflexão ainda maior para preservar aspectos relevantes do texto a serem descobertos pelos futuros leitores. Inclusive, aquele que se dispor a ler "O Pequeno Príncipe" deve ter em mente que apesar de ser um livro infantil, ele traz diversas camadas que permitem um aprofundamento da leitura.

Acredito que muito da riqueza dessa obra se encontra nos seus personagens e na forma como cada um deles deixa algo a ser refletido mesmo após encerrar a sua aparição, e esse foi um dos pontos que mais me encantou. A raposa, por exemplo, é um sinônimo de sabedoria, mesmo cercada de mistério, é também a responsável por valiosas lições para o nosso pequeno princípe em sua aventura, especialmente naquilo que se refere a construção de relações e a necessidade de tomar atitudes pautadas no que os nossos sentimentos indicam. Outro personagem de fácil identificação é o piloto, pois ele mostra muito das nossas falhas humanas, na medida em revela o quanto somos direcionados a nos abster de pensamentos e atitudes que nos distenciam daquilo que geralmente se associa com liberdade extrema, criatividade e, porque não, o jeito leve de interpretar a vida que uma criança tem.

Essa questão da eterna criança é um dos pontos recorrentes a serem tratados pelo autor nesse livro, o próprio protagonista é a perfeita demonstração disso. Além disso, não são raras as situações em que ele se surpreende com a lógica por trás do pensamento dos adultos que ele encontra durante sua jornada, como, por exemplo, o acendedor de lampiões, que faz um trabalho incansável e que não oferece qualquer perspectiva de mudança - representa muito bem o conformismo diante das situações, mesmo quando outras pessoas tentam lançar uma perspectiva diferente acerca do caso -, e o geógrafo, que é um estudioso da área, mas que desconhece o seu próprio mundo por estar envolvido em seu próprio sistema burocrata. Como é possível perceber, "O Pequeno Princípe" é repleto de simbolismos, o que permite que cada leitor extraía uma interpretação distinta a partir dos personagens e diálogos idealizados por Antoine de Saint-Exupéry.

Assim, tenham em mente que cada consideração desse texto parte de um ponto de vista particular e não de uma perspectiva fechada acerca da obra do autor. Em suma, este é um livro que pode ensinar muito a todas as pessoas independente da idade do leitor, por isso, mesmo sendo uma obra voltada ao público infantil, isso não diminui a qualidade do texto e daquilo que o autor propõe em cada página. E caso vocês queiram um incentivo a mais para ler essa obra, é interessante observar que a edição da Zahar está repleta de desenhos feitos pelo próprio escritor, de modo que é impossível não voar nas asas da imaginação. Boa leitura!

- Então você julgará a si mesmo - respondeu o rei. - É o mais difícil. É muito mais difícil julgar a si mesmo do que a outra pessoa. Se conseguir julgar a si mesmo corretamente, você é um verdadeiro sábio.

Esse livro foi lido para a categoria "história que pensa que conhece" do Desafio Literário Mundo dos Livros.

--- Isabelle Vitorino ---

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