Resenha Especial: O Barril de Amontillado por Edgar Allan Poe
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Conto: O Barril de Amontillado
Título do Livro: Histórias Extraordinárias
Autor: Edgar Allan Poe
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 448 (144-154)
Ano: 2017
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Sinopse: Narrativa da história de um homem imbuído do desejo de vingança e de emparedar vivo seu desafeto, Fortunato. O início do conto já dá uma mostra do caráter determinado do narrador: "Suportei o melhor que pude, as injúrias de Fortunato, porém, quando ousou insultar-me, jurei vingança".
Montresor guarda uma mágoa profunda de Fortunato. Tal ressentimento é tamanho que ele tem a certeza que um dia se vingará daquele homem. No entanto, apesar de possuir um desejo feroz de vingar-se, ele é capaz de aguardar pacientemente o melhor momento para executar o seu plano, bem como de esconder os seus anseios mais profundos de todos aqueles que o cercam, inclusive, da sua futura vítima, que parece não saber das suas intenções. E é em uma noite de carnaval que Montresor visualiza a oportunidade perfeita para destruir o seu desafeto sem que ninguém descobrisse quem foi o responsável pelo trágico final de Fortunato, tudo o que era necessário, era que este aceitasse o convite para provar o vinho de Amontillado.
Este foi um dos contos mais curtos e intensos que li de Edgar Allan Poe, a sua essência, repleta de ambiguidade, traz um intrincada trama de vingança, cujo desfecho já é revelado para o leitor já nas primeiras linhas. Há um tensão do início ao fim para saber o que Montresor fará para cumprir a sua promessa, especialmente porque o narrador demonstra uma paciência descomunal em iniciar o seu plano, o que denota que esse anseio está permeado por algo mais profundo do que uma mera desavença, porém, é difícil saber o seu verdadeiro motivador, já que ele limita-se a dizer que foi insultado por Fortunato, sem indicar quaisquer detalhes a respeito dessas ofensas.
Além disso, a vingança explorada por Poe está acompanhada pela manipulação, já que Montresor elabora um estratagema intricado para colocar o seu desafeto no local que ele queria, nas condições que melhor lhe favoreceriam, inclusive, a durabilidade desse desejo de vingar-se é o que permite que o narrador planeje tudo nos mínimos detalhes. Interessante observar que os recursos utilizados para manipular Fortunato foram o seu próprio orgulho e vaidade, já que o narrador diz que deseja a sua opinião a respeito de um vinho para confirmar se este é ou não um verdadeiro Amontillado, e este envaidecido com a possibilidade de provar que Montresor foi enganado, o segue sem desconfiar de absolutamente nada.
No ápice da história, o leitor consegue ser surpreendido pela crueldade de Montresor, que revela-se alguém sem piedade e despido de emoções, já que continua irredutível em seu plano mesmo com as súplicas da sua vítima. Outro elemento que é revelado ainda que de maneira muito discreta é a ironia, visto que o narrador não só dá indícios do seu verdadeiro caráter quando afirma para Fortunato que o lema da sua família é "ninguém me fere impunemente", como também quando encerra o seu plano com os dizeres "descanse em paz".
Com o fim da leitura, senti que essa é uma história multifacetada e que a sua aparente simplicidade esconde diversas camadas que o leitor certamente levará um tempo até desvendá-las uma a uma, por isso tenho certeza que no momento em que eu fizer uma releitura, encontrarei ainda mais detalhes a serem refletidos. Todavia, por ora, encerro este texto indicando a leitura desse conto que além de trazer aspectos de vingança, manipulação e crueldade sob o olhar único de Edgar Allan Poe, também o ratificam como um contista inigualável.
Com o fim da leitura, senti que essa é uma história multifacetada e que a sua aparente simplicidade esconde diversas camadas que o leitor certamente levará um tempo até desvendá-las uma a uma, por isso tenho certeza que no momento em que eu fizer uma releitura, encontrarei ainda mais detalhes a serem refletidos. Todavia, por ora, encerro este texto indicando a leitura desse conto que além de trazer aspectos de vingança, manipulação e crueldade sob o olhar único de Edgar Allan Poe, também o ratificam como um contista inigualável.
[...] Um dia eu me vingaria - isso era coisa tão definitivamente assentada que excluía qualquer ideia de risco. Eu só não deveria punir, como punir com impunidade. - Pág. 145.
--- Isabelle Vitorino ---
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