Resenha: Terra das Mulheres por Charlotte Perkins Gilman

Título: Terra das Mulheres
Autor: Charlotte Perkins Gilman
Editora: Rosa dos Tempos
Ano: 2018
Páginas: 256
Onde comprar: Amazon | Submarino | Livraria Cultura | Saraiva

Sinopse: "Publicado pela primeira vez em 1915, Terra das mulheres mostra como seria uma sociedade utópica composta unicamente por mulheres. Antes do leitor encontrar a suposta maravilha dessa utopia, terá de acompanhar três exploradores ― Van, o narrador; o doce Jeff; e Terry, o machão ― e suas considerações e devaneios sobre o país, no qual, os três têm a certeza de que também existem homens, ainda que isolados e convocados apenas para fins de reprodução. Um país só de mulheres, segundo os três, seria caótico, selvagem, subdesenvolvido, inviável. Uma vez lá, Van, Jeff e Terry se dividem entre a curiosidade de exploradores com fins científicos e o impulso dominador de um homem, oscilando entre tentar entender mais sobre aquela utópica e desconhecida sociedade e o sonho de um harém repleto de mulheres que talvez estejam dispostas a satisfazê-los e servi-los."

Lembro que adquiri esse livro sem conhecer nada sobre ele além do nome da autora - Charlotte Perkins Gilman, mesma autora do conto "O papel de parede amarelo" (que é simplesmente fantástico), então minhas expectativas estavam altas quando iniciei a leitura. A introdução de Renata Corrêa refreou meu entusiasmo, e ainda bem que esse texto precede a narrativa, pois é ele que contextualiza a obra e nos mostra o óbvio: "...Terra das mulheres, escrito em 1915, é uma utopia firmemente alinhada com o seu tempo, e suas limitações são claras."

Gilman desenvolve a história através de um narrador masculino, o que é uma opção interessante, imagino que para poder ressaltar e criticar efetivamente muitos conceitos misóginos dos três exploradores que topam com uma terra cuja população é formada inteiramente por mulheres. Então quando Van, Jeff e Terry ouvem falar sobre Herland e decidem ir até lá (pasmem, sozinhos), somos apresentados a um país altamente desenvolvido em todos os aspectos, com boas soluções em arquitetura, agricultura e pedagogia, e uma cultura totalmente voltada para a maternidade.

Logo que entram em Herland, são gentilmente 'convidados' a permanecerem, aprenderem e ensinarem. As habitantes da Terra das mulheres tem uma sede inesgotável por conhecimento e essa troca de experiências é a base de toda a narrativa. É curioso acompanhar o desenvolvimento do pensamento dos protagonistas, sempre perplexos ante a autossuficiência das mulheres que "...parecem não perceber que somos homens. Tratam-nos... bem... como tratam umas às outras. É como se sermos homens fosse um detalhe menor." É incômodo a forma como a autora apresenta a questão da sexualidade, inexistente em um país de milhões de mulheres e apresentada, muita vezes, como explicação para o ambiente harmônico e cooperativo dessa sociedade.

Durante a história, Gilman aborda questões muito importantes como masculinidade tóxica e igualdade entre os gêneros, mas como Renata Corrêa aponta na introdução, limita-se a "...igualdade entre homens e mulheres brancos e heterossexuais, e igualdade em relação aos direitos civis nos países urbanizados de primeiro mundo." Entendo e percebo a importância dessa obra mas suas limitações são realmente frustrantes e impactam diretamente na experiência de leitura.

Apesar disso, recomendo a leitura de "Terra das Mulheres" e proponho que você, leitor ou leitora, imagine"...uma sociedade livre da opressão do patriarcado. Como ela se organizaria, e o que faríamos com a liberdade conquistada? As rachaduras e os problemas insolúveis de Terra das Mulheres são um terreno fértil que nos permite sonhar com novas utopias, assim como Charlotte Perkins Gilman ousou sonhar um dia."

Esperávamos monotonia submissa e tediosa, e encontramos uma inventividade social ousada, muito além da nossa, e desenvolvimento mecânico e científico igual ao nosso.

--- Mariane Brandão ---

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