Resenha: O Último Reino por Bernard Cornwell

Wyrd bið ful aræd.

Título: O Último Reino
Série: Crônicas Saxônicas - Livro #1
Autor: Bernard Cornwell
Ano: 2004
Editora: Record
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino

Sinopse: "O último reino é o primeiro romance de uma série que contará a história de Alfredo, o Grande, e seus descendentes. Aqui, Cornwell reconstrói a saga do monarca que livrou o território britânico da fúria dos vikings. Pelos olhos do órfão Uthred, que aos 9 anos se tornou escravo dos guerreiros no norte, surge uma história de lealdades divididas, amor relutante e heroísmo desesperado. Nascido na aristocracia da Nortúmbria no século IX, Uthred é capturado e adotado por um dinamarquês. Nas gélidas planícies do norte, ele aprende o modo de vida viking. No entanto, seu destino está indissoluvelmente ligado a Alfred, rei de Wessex, e às lutas entre ingleses e dinamarqueses e entre cristãos e pagãos. O último reino não se resume a cenas de batalhas bem escritas e reviravoltas cheias de ação e suspense. O livro apresenta os elementos que consagraram Cornwell: história e aventura na dose exata. Uma fábula sobre guerra e heroísmo que encanta do início ao fim."


E aê nobres bacharéis, depois desse ENOORME hiato vos trago um dos livros mais respeitados sobre parede de escudos, vikings e muito sangue na antiguidade: o primeiro livro da Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell!

Nas rodas de conversa sempre ouvi falar muito bem sobre as obras de Cornwell, mas nunca me empolguei de verdade para esses livros, achava que seria bem massante, na verdade. Mas aí está uma coisa que vocês irão aprender: o destino é tudo, senhoras e senhores.

Tudo começa no ano de 865 d.C., seguimos então para acompanhar a saga de Osberd, de família inglesa e o segundo filho de Uhtred, o ealdorman de Bebbanburg. Um garoto fadado a ajudar o irmão mais velho a governar as terras de Bebbanburg em Nortúmbria, o que seria o norte da Inglaterra nos dias de hoje. Porém a virada na sua vida acontece quando alguns vikings invadem as suas terras e logo perde tanto seu irmão, como seu pai. Transformando assim Osbert em Uhtred, o herdeiro das terras de Bebbanburg.

Capturado por Ragnar, o dinamarquês respeitado e visceral que matou o seu pai, Uhtred passa a ser criado como um dinamarquês também, aprendendo seus costumes e modo de vida. Apesar de nunca esquecer de suas terras e o nome que leva em suas costas, Uhtred passa a enxergar Ragnar como um pai e a tratar aquele povo como sendo seu também.

Ao meu ver, o mais interessante na narrativa de Cornwell não é nem sobre as famosas paredes de escudos (que são ÉPICAS) ou como a selvageria dos vikings é descrita, mas como ele constrói as relações entre os personagens. É uma obra escrita sem pressa alguma, devagar, fortificando o laço de cada relação que Uhtred encontra.

Os irmãos de batalha que ele forma durante toda sua jornada e a influência deles na trama, na minha opinião, é o que faz com que essa seja mais que uma história de choque de escudos regados a hidromel, cercos de guerra medieval e sangue. Há toda uma parte política narrando as diferenças políticas de cada reino e todos os meandros e percalços que tem que ser ultrapassados para que o sonho de uma Inglaterra unida possa se tornar verdade.

É nesse momento que faz toda diferença quando se tem um autor épico narrando uma história, pois ela é contada através de um Uhtred já idoso, narrando como foi sua vida, dando margem para flutuações de tempo e pequenas referências de acontecimentos que ainda virão.

Outra coisa que só fiquei sabendo depois que terminei o primeiro livros é que essas Crônicas, assim como outras, são romances históricos. Ou seja, não passa apenas de uma estorinha inventada para diversão dos leitores (apesar de divertir MUITO), mas também é uma forma romantizada de contar fatos reais pela visão de um personagem.

Foi meu primeiro contato com esse tipo de literatura e achei ó, fantástico!


Já foram escritos um total de 10 livros. Isso mesmo, DEZ LIVROS! O 11º ainda não tem previsão de lançamento em terra tupiniquins, mas já estamos fazendo um sacrifício a Thor aqui.

O mais incrível disso tudo é que você começa a adotar vários personagens ao longo da jornada e vai orando a Odin para que eles não pereçam ao longo das batalhas ou armadilhas.

Outra coisa que tem que ser dita aqui: há um entrave religioso na Inglaterra. Trata-se de um livro que explora bastante a cultura nórdica, fazendo várias referências aos deuses antigos e os embates contra a religião cristã que chegou impondo um novo estilo de vida ao povos escandinavos.

Em 2015 foi lançada uma série de televisão pela BBC America adaptando "As Crônicas Saxônicas" para as telinhas e dando vida ao nosso querido Uhtred. Se você já viu a série e não leu os livros ainda, CORRE QUE DÁ TEMPO! Posso ser muito parcial em falar isso, mas não preciso falar que os livros são uma experiência muito superior a essa série, que apesar de boa, pode se demonstrar um pouco frustrante para quem já leu os livros.


É isso, pessoal!
Levante seu escudo, saque o seu seax e junte-se a nós em mais uma parede de escudos.


Glória ou Valhalla!

O orgulho faz o homem, impulsiona-o, é a parede de escudos ao redor de sua reputação, e os dinamarqueses entendiam isso. Os homens morrem, diziam eles, mas a reputação não. - Pág. 323.

--- Juão Lucas ---

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