Resenha: A Soma de Todos os Beijos por Julia Quinn

Que eu sou uma apaixonada por romances de época não é nenhum segredo, principalmente se for um escrito por Julia Quinn. Por isso se acomodem confortavelmente e vamos conversar um pouco mais sobre o terceiro volume da série "Quarteto Smythe-Smith".

Título: A Soma de Todos os Beijos
Série: Quarteto Smythe-Smith #3
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
Ano: 2017
Páginas: 272
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
Lorde Hugh Prentice é um gênio da matemática e teve sua perna (e sua vida) arruinada por causa de um duelo com seu amigo, Daniel Smythe-Smith. Nesse livro, conheceremos um pouco da história de Hugh, antes e depois do acontecido. Sua família, o desespero de seu pai para conseguir que um de seus filhos lhe desse um herdeiro, visto que um não é chegado à mulheres e o outro, provavelmente terá dificuldades em encontrar uma esposa, e principalmente em ter filhos. E, claro, sua relação de amor e ódio com Sarah Pleinsworth, prima mais velha de Daniel, que mesmo antes de conhecê-lo, já odiava Hugh por ter arruinado sua família através desse duelo. Mas, as coisas começam a mudar quando Honoria, sua prima, pede para Hugh substituir seu padrinho no casamento e para Sarah ser sua acompanhante durante sua estadia, para que ele ficasse mais confortável diante dos familiares de Daniel. E esse tempo se prolonga, já que Daniel se casará duas semanas depois da irmã e resolve torná-los uma única festa... É claro que eles não se dão no início, mas com o tempo, ainda mais depois do primeiro casamento, quando ela fica impossibilitada de andar, eles deixam as diferenças de lado e começam a se conhecer realmente, e, o que era ódio, acaba se tornando uma paixão avassaladora. Mas as limitações de Hugh vão ser apenas um dos problemas que o casal enfrentará pelo caminho...

Sarah Pleinsworth nunca pensou que poderia odiar tanto alguém quanto odeia Lorde Hugh Prentice. Mas quando sua querida prima Honoria pede para que ela ajude-o a se sentir bem durante os festejos do seu casamento, ela não pode negar. Ela não entendia como sua família poderia tê-lo perdoado tão rapidamente, parecia que todos tinham esquecido de que ele fora o responsável por todos os anos que seu primo Daniel tinha passado longe de casa por causa do medo que sentia da ameaça de morte que pairava sobre ele. Porém, mesmo pensando tudo isso, ela colocou o seu melhor sorriso no rosto e tentou ao máximo ser cortês com aquele homem ultrajante. Mal humorado e com um péssimo gosto para piadas, Hugh parecia adorar atormentá-la, mas ela não deixaria que ele saísse por cima e faria com que ele entendesse de uma vez por todas que ele não tinha um lugar naquela família. Ela só não esperava ser obrigada a mudar de ideia por questões que envolviam o seu coração.

Lorde Hugh Prentice estava condenado a receber olhares enviesados por onde quer que fosse e isso se devia a mais coisas do que seu andar manco. Possuindo uma mente ágil para os números, ele seria capaz de enumerar qualquer coisa, inclusive as vezes em que Sarah Pleinsworth se dignou a lhe dirigir a palavra. Obviamente nenhuma delas tinha sido com gentileza, pois ela jamais conseguiria olhá-lo com algo além de desprezo. Não que isso o incomodasse, afinal, se nem ele era capaz de ver algo digno quando se olhava no espelho porque a prima do homem que ele destruiu a vida seria capaz de fazê-lo? E quando ela é obrigada a acompanhá-lo durante as festividades do casamento de Honoria, ele sabe que isso não pode resultar em nada bom. O que ele jamais imaginaria era que tudo iria por água baixo por um motivo que nada tinha a ver com o ódio, mas sim com uma avassaladora paixão que ameaçava tomar conta de sua vida. Mas com tantos fantasmas do passado lhe atormentando, como ele poderia se permitir amar alguém?

É fácil pensar em todos os pontos que me fazem amar uma história escrita por Julia Quinn. Entretanto, o que mais se destaca entre todos eles é a capacidade dela fazer seus personagens deixarem o egoísmo e o orgulho de lado em prol da felicidade. Esse livro, em especial, trata justamente sobre as superações e desafios que devemos superar se quisermos nos relacionar com alguém. Ninguém é só qualidades e isso é algo que a autora deixa muito claro enquanto relata o processo delicado de transformar ódio em amor. Sarah é muito resistente em enxergar algo mais do que defeitos em Hugh, ela o culpa não só por ter acabado com a vida de seu primo Daniel, como também, por ter arruinado as suas chances de ter casado antes. Tudo isso porque ele fora um tolo ao suspeitar que o seu amigo havia trapaceado em um jogo de cartas e o desafiou a um duelo que terminou com uma caçada a Daniel e ele com a perna danificada para o resto da vida.

Dois terços do livro foram dedicados a apaziguar os ânimos e fazer com que ambos se enxergassem de uma forma diferente. Afinal, depois de Sarah mostrar uma animosidade a respeito de Hugh, ele também não ficou para trás e passou a olhá-la sempre como se estivesse vendo alguém irracional demais para estabelecer contato, E isso, por vezes, torna a história um pouco morosa. As coisas demoram muito a acontecer, tanto é, que quando temos o primeiro beijo do casal, a única coisa que se pode pensar é "finalmente". "A Soma de Todos os Beijos" também destoa dos demais da série por não haver um plano de fundo com suspense e mistério, o que eu acabei por sentir falta visto que quando o embate que esperamos que ocorra durante todo o desenvolvimento de livro por fim acontece, já é próximo demais das páginas finais para considerarmos como um climax digno para ser considerado.

Foram pequenos detalhes que se tivessem sido ajutados tornariam essea história tão especial quanto as demais, pois os personagens eram dignos de algo mais elaborado. Em especial o Hugh, cuja carga dramática que possui poderia ter sido explorado em outros contextos que não os relacionados ao Daniel. Sim, senti falta de um desnudar de alma como aconteceu com os protagonistas de "Uma Noite Como Esta", pois depois que alcancei o final a sensação de que eu não conheci inteiramente tanto a Sarah quanto o Hugh continuou me perseguindo. É claro que continua sendo uma bela história de amor que aquece o coração de qualquer leitor romântico, porém, acredito que Julia Quinn ficou devendo alguns reparos neste volume do "Quarteto Smythe-Smith" para alçá-lo ao mesmo patamar dos demais.

– A aritmética funciona de modos misteriosos.
Sarah revirou os olhos.
– Ao contrário do amor?
– O amor é totalmente incompreensível – afirmou Honoria. – A aritmética é apenas misteriosa.


--- Isabelle Vitorino ---

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