Resenha: Desventuras em Série – O Fim por Lemony Snicket

E é com grande pesar que lhes digo: o fim chegou!

Título: O Fim
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Ano: 2014
Páginas: 312
Finalmente, o tão esperado 13o. volume que encerra a longa narrativa da terrível saga dos órfãos Sunny, Klaus e Violet. Mesmo que a vida dos três oferecesse mistério e martírio suficientes para preencher milhares de páginas, Lemony Snicket garante ter chegado à reta final da solene tarefa que lhe ocupou tantos anos de vida. Mas, como sempre, vale o alerta: aqueles que encontram prazer e alegria em outras coisas, que passem ao largo deste livro - pois é bem possível que O fim acabe com a vida do leitor mais suscetível. Mesmo quem enfrentou corajosamente os doze volumes anteriores não irá suportar tanta desgraça, como uma tempestade bravia, uma bebida suspeita, um bando de ovelhas selvagens, uma gaiola de passarinho gigante e ornamentada, e um segredo de fato assustador sobre os pais dos Baudelaire. Para completar, diferentemente dos outros livros da série, neste último o grande vilão, conde Olaf, está presente desde o início da narrativa. Ele e os Baudelaire começam juntos: estão todos no barco que os salvou no final de O penúltimo perigo. Atracam em uma ilha, que, perdida no meio do oceano, é povoada por náufragos e comandada por Ishmael, um homem barbudo que tem os pés feridos sempre cobertos de barro. Tudo muito suspeito... Será que todo o mistério finalmente será revelado? Afinal, quem são os pais dos órfãos Baudelaire, o que é C.S.C., e o que acontecerá com todos os personagens da série? Bem, talvez O fim não seja para qualquer um. Por isso é de fato muito recomendável que se faça um check-up cardíaco antes de ler o livro.


Continuando onde deixamos nossos tristes órfãos, eles agora seguem em alto mar, junto com seu arqui-inimigo, o Conde Olaf, após o incêndio no Hotel Desenlace. Depois de sobreviverem a uma tempestade, Violet, Klaus, Sunny e o pérfido vilão acabam por aportar em uma misteriosa ilha, habitada por pessoas curiosas. Após conhecerem uma menina, co o estranho nome de Sexta-Feira, a mesma ignora o Conde Olaf, enquanto convida os irmãos para a sua vila. 

Uma vez lá, eles conhecem Ishmael, o facilitador. Ishmael é um homem que presa pelos costumes e tradições do povo da ilha (todos náufragos que chegaram lá acidentalmente) e constantemente dá conselhos aos habitantes, sempre falando não pressioná-los à nada. Porém, as crianças logo percebem que Ishmael é um homem manipulador e que detém muitos segredos. Para manter a ilha sob ordem, ele faz com que todos tomem “cordial de coco”, uma bebida que funciona como narcótico, fazendo os habitantes aceitarem tudo que lhes é empregado.

Logo mais, os irmãos ficam cientes de outro naufrágio, um conjunto de livros, amarrados em uma forma de quadrado perfeito, onde dentro estão a inconsciente Kit Snicket e a Víbora Incrivelmente Mortífera (vinda diretamente do segundo livro da série, A Sala dos Répteis). Como os irmãos irão escapar dessa ilha? Quais planos o Conde Olaf tentará agora, que está sozinho, sem comparsas e ninguém que caia em seus truques? Quais os segredos de Ishmael? E por que essa ilha está vinculada diretamente com os Baudelaire pais? Essas e outras perguntas serão respondidas nesse livro!

Com mais uma aventura a enfrentar, os irmãos agora estão munidos de suas experiências, mas também de suas culpas. Esse livro carrega um tom melancólico desde o começo, pois vai nos mostrar como lidar com nosso próprio sentimento de culpa, enquanto lidamos com a mensagem maior: Que todas as pessoas são boas e, ao mesmo tempo, más.

O Conde Olaf terá seus momentos, mas ele é totalmente desprezado em boa parte do livro. Finalmente tivemos pessoas que viram o quão torpe ele é e não caíram em seus disfarces hediondos.

A crítica do livro, obviamente, está em volta de Ishmael, que é um ditador, fingindo pregar a simplicidade e igualdade, além de drogar os habitantes para torná-los fáceis de manipular. No final, ficamos sem saber que fim levou a sociedade, apesar de sabermos que ele, obviamente sobreviveu, mesmo que à custa da vida de todos.

Apesar de nos dar uma aventura final digna de nota, esse livro me decepcionou um pouco, apesar dos constantes alertas do narrador. Quem espera que esse livro traga respostas a todas as dúvidas que temos desde o primeiro livro da saga, sinto desapontá-los, mas não obterão aqui. Algumas coisas nos são entregues, outras até deduzidas, mas o livro termina no deixando inclusive com mais dúvidas. Lemony Snicket não brinca em serviço e nos deixa com o coração na mão em diversos momentos.

No frigir dos ovos, apesar do livro não ter me arrebatado, ou mesmo de não sabermos de verdade o final dos irmãos Baudelaire, não me arrependo de ter lido essa saga, assim como continuo a recomendá-la a Deus e ao mundo! É uma série que vai crescendo e tomando proporções maravilhosas, e que anda tem muito a ser explorado (pois a série não necessariamente termina nos 13 livros).

Não vou comentar sobre personagens e narração, pois expus esses pontos ao longo de todas as resenhas, e a excelência dessas prosseguiu até aqui fielmente!

"O Fim" pode ser o fim da saga, mas não é o fim dos nossos amados e sofridos órfãos, que sempre farão morada em nosso coração!

“Algumas palavras, é claro, seria melhor deixar impronunciadas – mas não, acredito que não a palavra pronunciada pela minha sobrinha, uma palavra que aqui significa que a história acabou.”“Beatrice”. - Pág 10

--- Marcel Elias ---

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