Resenha: Perdidos Por Aí por Ald Alsaid
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Depois de meu trauma com Nick Hornby, entrei numa quase
ressaca literária e resolvi me aventurar por um outro tipo de leitura bastante capciosa
para mim: o roadtrip. Posso dizer a você que fui muito mais feliz nessa experiência.
Título: Perdidos Por Aí
Autor: Ald Alsaid
Editora: Verus
Ano: 2015
Páginas: 294
Porque às vezes é preciso se perder para poder se encontrar. Quatro jovens ao redor do país têm apenas uma coisa em comum: uma garota chamada Leila. Ela entra na vida de cada um com seu carro absurdamente vermelho no momento em que eles mais precisam de alguém. Entre eles está Hudson, mecânico que está disposto a jogar fora seus sonhos de amor verdadeiro. E Bree, uma garota que fugiu de casa e festeja todas as terças-feiras - além de algumas transgressões ao longo do caminho. Elliot acredita em finais felizes... até sua vida sair totalmente do script. Enquanto isso, Sonia pensa que, quando perdeu o namorado, também perdeu a capacidade de amar. Hudson, Bree, Elliot e Sonia encontram uma amiga em Leila. E, quando ela vai embora, a vida de cada um deles está transformada para sempre. Mas é durante sua própria jornada de quase sete mil quilômetros através do país que Leila descobre a verdade mais importante: às vezes, aquilo de que você mais precisa está exatamente no ponto onde começou. E talvez a única maneira de encontrar o que você está procurando seja se perder ao longo do caminho.
Neste livro, temos uma moça, chamada Leila, ela está
viajando para o norte, com o objetivo de ver a aurora boreal e acaba por
encontrar algumas pessoas em seu caminho. O livros então divide-se em 5 partes,
narrando a vida de cada uma dessas pessoas, inclusive da própria Leila. O
narrador observador vai então nos falar sobre o ponto de vista de cada um dos
personagens ao se encontrarem com essa misteriosa garota e encerra com o ponto
de vista da própria Leila, onde descobrimos a motivação da viagem.
O primeiro personagem é o Hudson. Ele mora numa
pequena cidade e trabalha auxiliando o pai na oficina mecânica da família. Ele
está a algumas horas de uma importante entrevista com o reitor da faculdade de medicina
onde, se bem sucedido, conseguirá uma bolsa integral, mudando assim sua sorte.
Estava tudo certo, até a enigmática Leila chegar em sua oficina para a revisão
de seu carro. Encantado com a moça, eles passam esse dia juntos, descobrindo
assim uma avassaladora paixão. E sim, estou revirando meus olhos enquanto
escrevo isso.
Se fosse para descrever os capítulos do Hudson em
uma palavra, seria “desnecessários”. Essa ideia do romance entre eles é mito mal
vendida, em certos aspectos, ele me lembra o Rob, de “Alta Fidelidade’, com a
diferença dele ser um sonhador de 17 anos, enquanto o protagonista do livro do
Nick Hornby é um babaca de 35. Enquanto nos outros pontos de vista conseguimos
compor uma ideia mental mais completa da Leila, aqui, fora uma descrição
extremamente romantizada de suas características físicas e um pouco de sua
personalidade, só temos, a caráter introdutório, o objetivo da garota.
Partimos então para Bree. Ela é uma andarilha que
viaja através de caronas pelo país. Sem qualquer rota ou rumo certo, ela apenas
ama a sensação de estar na estrada. Encontra Leila enquanto pede carona. A
partir de então, a dupla passa por diversas conversas e situações que vão de
encontro a lei e acabam de um modo nada legal. Porém a Bree não é apenas essa
moça selvagem e livre, que tanto deseja passar, revelando um passado
problemático.
A Bree é uma personagem bem interessante e cria uma
dinâmica bem legal com a Leila... Mas tinham mesmo que dar um backstage “triste” pra ela? O grande problema,
a meu ver, é que o autor tenta justificar os atos da personagem que ele inicialmente
me apresentou como livre. Sem contar que a motivação, que deveria ser triste e
tocar o leitor, acaba tornando a personagem muito mais egoísta e mimada, que
outra coisa.
Com o terceiro personagem, o Elliot, a história é
muito bem bolada! Elliot é o rapaz tímido que está na formatura do ensino médio
e tem uma paixão pela sua melhor amiga. Ele então roteiriza sua declaração,
fazendo-a para a garota durante o baile, já contente com o resultado... Até que
a moça o rejeita. Com a desilusão batendo em seu peito, Elliot afoga suas
mágoas numa garrafa de bebida e sua inconsequência acaba por quase ser
atropelado por nossa personagem misteriosa, que está disposta a mudar o roteiro
do filme desse pobre rapaz.
De longe, minha parte favorita no livro inteiro. Com
uma dosagem certeira de drama e comédia, Elliot e Leila tem uma dinâmica
fantástica e seus capítulos tornam-se quase uma paródia a filmes adolescentes
dos anos 90. Toda a “aventura” em busca da “donzela que o rejeitou” é tão
divertida e os acontecimentos tão aleatórios que você acaba torcendo pelo rapaz
e querendo saber logo o desfecho dessa história.
Partimos então para a última personagem, a Sonia.
Sonia é uma jovem que perdeu seu primeiro grande amor e namorada devido a um
ataque do coração. Apesar disso, a família do rapaz a tem em grande estima e
continuam em bastante contato, sendo Sonia convidada para ser madrinha de casamento de sua antiga cunhada. Só que o mundo de Sonia está para mudar, pois
ela conhece o irmão do noivo e eles começam um caso. O rapaz quer tornar tudo
público, mas ela não quer, pois tem medo de que a família de seu antigo
namorado a julgue por ter superado tão rápido, sendo que ela mesma se culpa por
isso.
Numa discussão com o rapaz por causa disso na véspera do casamento, que será no Canadá, Sonia foge do hotel, vestida com o paletó dele, e encontra Leila, que dá uma carona para a moça de volta aos Estados Unidos. Após se acalmar, conversar um pouco com a estranha e resolver atender as diversas chamadas de seu affair, ela descobre que as alianças do casamento se encontram no bolso do paletó, e pior, ela esquece sua bolsa com passaporte e documentos em um banheiro, que acaba por não encontrar mais. Cabe agora a ela e Leila descobrirem uma forma de adentrar novamente no Canadá a tempo de não arruinarem o casamento, enquanto Sonia lida com sua crise, suportada por Leila.
Numa discussão com o rapaz por causa disso na véspera do casamento, que será no Canadá, Sonia foge do hotel, vestida com o paletó dele, e encontra Leila, que dá uma carona para a moça de volta aos Estados Unidos. Após se acalmar, conversar um pouco com a estranha e resolver atender as diversas chamadas de seu affair, ela descobre que as alianças do casamento se encontram no bolso do paletó, e pior, ela esquece sua bolsa com passaporte e documentos em um banheiro, que acaba por não encontrar mais. Cabe agora a ela e Leila descobrirem uma forma de adentrar novamente no Canadá a tempo de não arruinarem o casamento, enquanto Sonia lida com sua crise, suportada por Leila.
O plot mais bem bolado do livro, com uma dose bem
bacana de aventuras. As questões internas de Sonia podem soar totalmente bobas
ao se pensar nelas, mas a autora consegue lidar bem com isso, e nivelar a dose
de drama pessoal e aventura.
E então, finalmente descobrimos a história da Leila,
na última parte, que pertence a ela. Ela chega no camping para ver a aurora e os
acontecimentos após isso. A história dela foi bem coesa e explica bastante
sobre o por quê dela ser tão misteriosa. Mas o final foi bastante
anticlimático...
Em suma, "Perdidos Por Aí" é um livro que começa
fraco, mas vai crescendo conforme as páginas passam. É um romance simples e bem
leve, ideal para aqueles momentos de distração. O modo como o plot é desenvolvido
é bastante curioso, pois nos apresenta um personagem sob quatro óticas
diferentes, nos fazendo montar o quebra-cabeças chamado Leila.
Duvido que você esteja pensando em alguma coisa idiota, mas, mesmo que esteja, a idiotice é parte natural da condição humana. Especialmente no que se refere a emoções. Pág. 242
--- Marcel Elias ---
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