Mulheres nos Quadrinhos #3 – Os Mangás e as Mulheres
Para finalizar nossa conversa sobre como as mulheres são
retratadas na sétima arte, resolvi trazer para vocês um pouco de minhas
experiências de como vejo as garotas nos mangás!
Não sei vocês, mas eu sempre cresci com uma ideia do pessoal
oriental como aquela civilização exótica e retrógrada, com direitos humanos
quase escassos e direitos feministas inexistentes. Eis minha surpresa ao
começar a ler mangás e perceber que, pelo menos no entretenimento, eles estavam
anos-luz a frente dos ocidentais nesse quesito!
Lembro como se fosse ontem que, em meus primeiros contatos
com quadrinhos e animações japoneses, garotas sempre tiveram um destaque
incrível nas histórias. Talvez pela gama imensa de gêneros dos mangás, que,
diferente de quadrinhos de super-heróis, orbitam sempre numa mesma sequencia de
ideias e plots, ou quem sabe por uma liberdade maior na criação, pelo fato de
mangás, diferente de quadrinhos americanos, terem um fim, mas o importante é
que vemos mulheres existindo de todos os tipos, tamanhos, formas, religiões e
temperamentos.
Dentre a vasta gama nesse universo, creio que a minha
preferência recai pelas personagens da CLAMP. Esse grupo de mangakás¹ que amam polemizar seus
quadrinhos, de uma forma extremamente consciente, nos brinda com uma gama tão
extensa de personagens que fico pasmo! Ao mesmo tempo em que estamos com
Hikaru, Umi e Fuu enfrentando criaturas em Zefir, estamos tendo ataques de riso
e fofura com a Chii, ou caçando cartas com a Sakura. E mesmo essas personagens
não são estereotipadas, como muito vemos no ocidente. As Guerreiras Mágicas
tinha tudo para serem aquele tipo de guerreira Tomboy que sai matando e soltando frases de efeitos, mas eis a
surpresa que são três adolescentes doces, simpáticas e por que não chatinhas de
vez em quando?
Mesmo em mangás Shoujo²
, que geralmente temos uma exploração maior de romances e dramas, há
personagens tão independentes e incríveis que não precisão de um báculo mágico,
ou de uma espada que evolui para nos cativar.
Olhem a Honda Tohru, de Fruits Basket, me digam se ela
precisa de algum poder pra ser a mais incrível personagem de todos dos tempos!
Ela é aquele tipo de garota que normalmente passaríamos despercebidos, mas que
nos mostra que devemos sorrir e sermos gratos, mesmo diante das maiores
diversidades da vida! (Comentários a parte, o elenco todo desse mangá é
maravilhoso, façam um favor a vocês mesmos e leiam essa obra de arte!)
E como se já não bastasse isso, nos mangás Shounen³ também temos mulheres
incríveis, mesmo que por vezes escassas.
Bulma é um dos personagens mais marcantes de DragonBall Z.
Ela é um alivio cômico, e vamos admitir que sem ela no elenco a história talvez
se tornasse um pouco maçante com lutas atrás de lutas. Saint Seiya não fica
atrás, pois apesar de poucas, Marin e Shina são duas mulheres que cativaram a
atenção dos fãs da série, e não são apenas um suporte, como por vezes tem uma importância
muito significativa nas aventuras do protagonista.
Três dos mangás de maior sucesso da atualidade, Blech,
Naruto e One Piece, o que seriam deles sem seu elenco feminino? E mesmo as que
começaram como meras secundárias foram ganhando tanto espaço e força ao longo
da história que é impossível que não se tenha 3 ou 4 exemplos que se fixem na
cabeça dos leitores.
Algo que vale a pena como nota também são as próprias
escritoras. Não achem que mulheres apenas escrevem dramas românticos, e olha
que mesmo esses são muito bem trabalhados (vide CLAMP), temos DIVERSAS autoras
escrevendo mangás adultos ou mesmo com material mais “masculino” e que não
deixam nada a desejar. Olha a Hiromu Arakawa, que foi responsável por uma das séries
mais famosas do mundo, Fullmetl Alchemist.
Diferente dos ocidentais, os quadrinistas do oriente focam
muito mais na essência do ser humano. Mesmo em mangás com temática mais “boba”
ou “infantil”, sempre há algo que fala com o nosso interior e nos faz rever
alguns conceitos que adotamos ao longo da vida, ou mesmo consolidá-los. Em suas
personagens isso não é algo diferente. Mesmo aquele drama bobinho da “menina
que quer o rapaz dos sonhos” aprofunda sobre seus desejos e aspirações e, o
melhor de tudo, não foca apenas nisso. Essa mesma garota tem uma vida a ser explorada,
onde diversos autores fazem com uma maestria extrema.
E deixo a pergunta: “Quais são suas personagens de mangá
favoritos e como vocês acham que os autores enxergam esses personagens?”
Conto com vocês para uma discussão bastante animada! =D
Mangáká¹ - A pessoa que desenha mangá
Shoujo² - Mangás cujo público alvo são jovens mulheres
Shounen³ - Mangá cujo publico alvo são jovens homens
--- Marcel Elias ---
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