Resenha: Sr. Daniels por Brittainy C. Cherry

Resenha: Sr. Daniels por Brittainy C. Cherry

Por algum tempo eu resisti aos romances new adults. O fato de sempre enxergar um padrão nessas obras era o grande responsável por isso. Mas depois de me apaixonar por "Beleza Perdida", foi a vez de "Sr. Daniels" me encantar...

Título: Sr. Daniels

Autor (a): Brittainy C. Cherry

Editora: Record

Páginas: 310

Ano: 2015

Onde comprar: Saraiva

Depois de perder a irmã gêmea para a leucemia, Ashlyn Jennings vê sua vida mudar completamente. Além de ter de aprender a conviver sem parte de si mesma, ela precisa se adaptar a uma nova rotina. Enviada pela mãe para a casa do pai, com quem mal conviveu até então, ela viaja de trem para Edgewood, Wisconsin, carregando poucos pertences, muitas lembranças e uma caixa misteriosa deixada pela irmã. Na estação de trem Ashlyn conhece o músico Daniel, um rapaz lindo e gentil, e a atração é imediata. Os dois compartilham não só o amor pela música e por William Shakespeare mas também a dor provocada por perdas irreparáveis. Ao sentir-se esperançosa quanto a sua nova vida, Ashlyn começa o ano letivo na escola onde o pai é diretor. E não consegue acreditar quando descobre, no primeiro dia de aula, que Daniel, o belo músico de olhos azuis com quem já está completamente envolvida, é o Sr. Daniels, seu professor de inglês.  Desorientados, eles precisam manter seu amor em segredo, e são forçados a se ver como dois desconhecidos na escola. E, como se isso já não fosse difícil o bastante, eles ainda precisam tentar de todas as formas superar os antigos problemas e sobreviver a novos e inesperados conflitos.

Ashlyn não sabe qual o sentindo de viver. Após perder sua irmã gêmea, ela não consegue mais se conectar com a vida. A sua relação com sua mãe que sempre foi difícil, se torna cada vez pior em decorrência do distanciamento que aquela que deveria lhe amar acima de tudo lhe impõe. Tendo que se desfazer de tudo o que conhecia até então, ela é mandada para casa do pai com quem não tinha nenhum laço. Durante a viagem de trem que a levaria para longe, ela conhece um rapaz de belos olhos azuis e que toca seu coração ferido. Ela não sabe porque, mas algo a conduz a ele mesmo quando tudo o que ela tem vontade de fazer é chorar desesperadamente.

Os dias se passam e tudo parece tão terrível como ela imaginava. Seu pai não sabe o que fazer com ela e a sua madrasta pretende ser um modelo de perfeição. Por sorte, os seus novos irmãos se revelam pessoas melhores do que ela esperava e logo desenvolve uma relação de profunda afeição com eles. Mas nada disso conseguia tirar o garoto do trem da sua cabeça, e quando ela vai ao lugar que ela sabe onde encontrá-lo, a atração continua ali, tão densa que se torna quase palpável. Daniel Daniels, esse era o nome dele. Ela só não esperava que o mesmo garoto que a encantou com a sua música e sua paixão por Shakspeare, seria o seu professor de Inglês. Sem saber como lidar com essa nova informação, ela tem que aprender a lidar com os seus sentimentos pelo Sr. Daniels ao mesmo tempo em que precisa encontrar uma maneira de superar a ausência de sua irmã.

Quando iniciei a leitura de "Sr. Daniels" tive alguns déjà vus de outros livros e de pronto já comecei a tecer um milhão de teorias a respeito do que eu poderia encontrar no decorrer dessa história. No entanto, tenho que confessar que apesar de ter acertado um bom número dessas previsões, as surpresas que me aguardavam na história me deixaram completamente rendida a narrativa de Brittainy C. Cherry.

Narrado em primeira pessoa sob o ponto de vista tanto de Ashlyn quanto de Daniel, o livro me conquistou por deixar claro desde o início que independente dos desencontros que surgissem no caminho desse casal, eles pertenciam um ao outro sem reservas, sem medidas. Esse é um ponto importante para mim, porque não gosto de histórias com triângulos amorosos, tampouco com aqueles sentimentos ambíguos entre o casal que se prolonga pela maior parte do livro, para no final os personagens acabarem juntos e esse ter sido apenas um pretexto para dar momentos de clímax a obra.

Não, isso não acontece em "Sr. Daniels", pois o que Cherry traz para o seu livro é uma forte carga dramática que consegue saltar das páginas e atingir diretamente o coração do leitor. Sua relação com Gabby é tão linda que mesmo após a sua morte, é possível perceber o quanto ela faz tudo o que está ao seu alcance para continuar ligada a sua irmã gêmea de alguma forma. A verdade é que só alguém que perdeu uma pessoa a quem amava muito, sabe o quanto é difícil seguir em frente e deixar as lembranças e tudo o que elas significam para trás. Essa ponte com a realidade se torna mais forte quando a autora aborda a dificuldade que é se assumir gay e como o medo de rejeição por vezes fala mais alto do que o desejo de ser feliz.

E como se isso não bastasse para me deixar com os nervos à flor da pele, Brittainy relata um amor tão lindo e tão forte que se tornou simplesmente impossível não torcer para que Ashlyn e Daniel conseguissem encontrar uma maneira de fazer as pazes com o passado para que pudessem lutar pelo seu futuro juntos. Ashlyn é uma garota incrível e constante em suas ações, me identifiquei muito com a maneira dela ver e sentir o mundo a sua volta. As relações familiares que são tão tensas para ela, também são para Daniel, porém, ao invés de ter que lidar com um pai ausente, ele precisa conseguir superar todas as besteiras que seu irmão fez.

Sendo bem sincera, o Daniel possui tamanha delicadeza e sensibilidade com tudo a sua volta, que é impossível não chorar pelas circunstâncias difíceis que rodeiam a sua relação com Ashlyn. Ao final, eu senti que meu coração foi estilhaçado por essa bela história e reconstruído nas páginas finais quando eu já não achava ser possível. Diante de tudo isso, não me restou alternativa a não ser me render a essa história e ficar na torcida para que nos próximos livros new adults que eu ler, consiga encontrar esse misto de razão e emocional que torna tudo ainda mais real.

Vivo. Quero estar vivo, e não tenho nem ideia do por quê, vendo quão horrível é a vida às vezes.

--- Isabelle Vitorino ---