Resenha: Manhã de Núpcias por Lisa Kleypas

Depois de ter me apaixonado por "Tentação ao Pôr do Sol", não estava me contendo de ansiedade para saber como Leo e Catherine lidariam com as suas diferenças e se conciliariam. E olha, Lisa Kleypas me surpreendeu mais uma vez.

Título: Manhã de Núpcias
Série: Os Hathaways #4
Autor (a): Lisa Kleypas
Editora: Arqueiro
Páginas: 272
Ano: 2014
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Quando herdou o título de lorde Ramsay, Leo Hathaway e sua família passavam por um dos momentos mais difíceis de sua vida. Mas agora as coisas vão bem. Três de suas quatro irmãs já estão casadas, uma preocupação que Leo nunca teve consigo mesmo. Solteiro inveterado, ele tem uma certeza na vida: nunca se casará. Mas então a família recebe uma carta que pode pôr tudo isso em risco: se Leo não arrumar uma esposa e gerar um herdeiro dentro de um ano, ele perderá o título e a propriedade onde todos vivem. Solteira e sem pretendentes, a governanta Catherine Marks talvez seja a única salvação da família que a acolheu com tanto carinho. O único problema é que Leo não compartilha do mesmo afeto que suas irmãs têm pela moça. Para ele, Catherine é uma megerazinha cheia de opinião que fala demais. Apesar de irritá-lo e quase o levar à loucura, ela é a primeira – e única – mulher com quem ele considera se casar. Catherine, por sua vez, tem uma opinião igualmente negativa a respeito do patrão. Além disso, ela esconde alguns segredos do passado e um deles pode destruir a vida que tão cuidadosamente construiu para si. Agora Leo e Catherine precisam um do outro, mas para vencer as dificuldades e consertar as coisas eles terão que superar as turras e as diferenças, num romance intenso e sensual que só Lisa Kleypas poderia ter escrito.

Leo herdou um título da aristocracia por acaso e desde então se esforçou ao máximo para esquecer o seu passado de sofrimento e se entregar a luxúria e a vida desregrada que a nobreza poderia ter. Ele sabia que após a morte de Laura jamais havia uma mulher com quem ele desejasse casar, muito menos, uma pela qual ele morreria. Mas de repente ele se vê em uma situação em que ele deveria escolher entre casar ou perder todos os benefícios que conquistou através da sua posição. Não tinha outra maneira de encarar isso senão como uma tarefa das mais odiosas, afinal, se não casaria por amor como suas irmãs, tão pouco se casaria com uma total desconhecida apenas para atender as formalidades necessárias para atender aos caprichos do antigo lorde Ramsay. No entanto, quando o futuro da sua família é posto em jogo, ele passa a repensar no assunto, ainda mais quando imagina o quão divertido seria importunar a governanta Catherine Marks com uma corte que ela não deseja.

Catherine Marks é uma mulher extremamente rígida com a sua vida, porém, as causas para isso são muito mais profundas do que qualquer pessoa poderia imaginar. Poucas pessoas sabem, mas ela tem condições suficientes para não precisar trabalhar para os Hathaways, contudo, a chance de poder se sentir parte de uma família de verdade por ao menos uma vez é mais forte do que o impulso de fugir do odioso Leo. Ela não sabe porque se sente tão impelida a entrar em uma briga sempre que ele abre a boca, ela só sabe que quilômetros nunca serão o suficiente para apaziguar a irritação que sente cada vez que ele lhe importuna. Todavia, a família pela qual ela sente tanto afeto está correndo risco de perder a propriedade que eles reconstruíram com todo o carinho e a única maneira de salvar a tudo e a todos é com o casamento de Leo. Ela nunca se considerou dentro dos planos do chefe dos Hathaways, mas ele parece não pensar o mesmo e aposta todas as suas fichas nela. E se antes era fácil odiá-lo, com tantas atenções, torna-se difícil não amá-lo.

Desde o primeiro livro da série "Os Hathaways" sempre torci o nariz para o Leo. Achava ele inconsequente e absolutamente incapaz de voltar a amar depois de ter visto ele destruir sua vida aos poucos. Mas devo dizer que me surpreendi sobremaneira com a profundidade desse personagem, ainda mais porque ele é muito mais do que as tragédias que se abateram sobre a sua vida, bem como, das suas atitudes completamente condenáveis. Ver Lisa Kleypas explorar outra faceta dele foi algo bonito de se ver, já que a todo momento ficamos com a sensação de que a redenção não é algo distante, tão pouco que a pluralidade de facetas em alguém fica restrito a pessoas que são emocionalmente estáveis. Pelo contrário, lendo "Manhã de Núpcias" é impossível não sentir que a vida é repleta de altos e baixos, e que mesmo que não queiramos, isso interfere a maneira que nos portamos diante desses momentos.

Por outro lado temos a rígida e sempre séria Catherine, seu passado é um mistério e a cada revelação que é feita, o leitor sente uma das camadas de Cat ser destruída. A cada vez que isso ocorria, ela se mostrava mais instável e os seus sentimentos mais confusos. Confesso, que em alguns momentos senti irritação com o jeito dela, já que ao mesmo tempo que ela afirmava não poder amar por não ser capaz de confiar em decorrência do que aconteceu em sua vida, ela se entregava a paixão de forma avassaladora. Sabendo dos seus segredos, essa atitude dela se torna inverossímil e mesmo passando a gostar dela, não engoli totalmente a história. Contudo, não é possível falar de Catherine sem falar do Dodger, o furão. Gente, mais uma vez esse personagem peculiar tomou as rédeas da situação e protagonizou cenas hilárias e que deram uma leveza muito bem-vinda ao enredo.

Em meio a desafios e superações, "Manhã de Núpcias" me surpreendeu do início ao fim por ser uma história protagonizada por dois personagens que eu não sentia tanta empatia e que mesmo assim conseguiram me tocar profundamente. Lisa Kleypas novamente conseguiu provar que é possível trazer carga dramática para romances históricos, assim como, pinceladas de misticismo e diversão. E apesar do livro da Beatrix ser o último da série "Os Hathaways", estou desejando loucamente poder tê-lo em mãos para saber como a irmã mais doce e de gostos mais peculiares vai encontrar o amor e o seu próprio caminho.

– O amor é uma forma de loucura, não é? – perguntou Cam prosaicamente. Pág. 99

--- Isabelle Vitorino ---

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