Resenha: Princesa Adormecida por Paula Pimenta

Eu sempre li comentários muito elogiosos a respeito da escrita da Paula Pimenta e de seus livros. No entanto, nunca tive oportunidade lê-los. Quando "Princesa Adormecida" chegou em minhas mãos, vi ali uma ótima oportunidade de conferir se eu me identificava com tudo o que li sobre a autora mesmo o livro sendo de um gênero que eu estou saturada. Para minha surpresa, até que gostei do que encontrei.

Título: Princesa Adormecida
Autor (a): Paula Pimenta
Editora: Galera Record
Ano: 2014
Páginas: 192
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Era uma vez uma princesa... Você já deve ter ouvido essa introdução algumas vezes, nas histórias que amava quando criança. Mas essa princesa sou eu. Quer dizer, é assim que eu fiquei conhecida. Só que minha vida não é nada romântica como são os contos de fada. Muito pelo contrário. Reinos distantes? Linhagem real? Sequestro? Uma bruxa vingativa? Para mim isso tudo só existia nos livros. Meu cotidiano era normal. Tá, quase normal. Vivia com meus (superprotetores) tios, era boa aluna, tinha grandes amigas. Até que de uma hora pra outra, tudo mudou. Imagina acordar um dia e descobrir que o mundo que você achava que era real, nada mais é do que um sonho. E se todas as pessoas que você conheceu na vida simplesmente fossem uma invenção e, ao despertar, percebesse que não sabe onde mora, que nunca viu quem está do seu lado, e, especialmente, que não tem a menor ideia de onde foi parar o amor da sua vida. Se alguma vez passar por isso, saiba que você não é a única. Eu não conheço a sua história, mas a minha é mais ou menos assim...

Tudo começou com um casal apaixonado em um país pequeno e longínquo. Desse amor, nasceu Áurea Bellora, a princesa dessa história que acabou sofrendo as consequências da inveja de uma mulher ciumenta que não aceitava o casamento dos seus pais e resolveu que a melhor forma de se vingar pelo amor que não pode viver ao lado do homem que amava, era sequestrando a sua linda filha. No entanto, ela não contava que seus planos fossem ser destruídos por um corajoso garotinho que a delatou. Tendo a filha de volta aos seus braços, o casal decidiu que precisavam protegê-la a qualquer custo e quando a sua inimiga passa ameaçá-la novamente eles não veem alternativa senão mandá-la para o Brasil para viver com os seus três tios até que o perigo passasse.

Mas a menininha cresceu e se tornou uma jovem e linda, Ana Rosa. Aos dezesseis anos e estudando em um colégio eterno, ela pouco se lembra de sua infância e dos acontecimentos dela. Por isso não entende porque seus tios são tão super protetores com ela. É certo que ela os amava, mas quando suas amigas começam a mostrar o que ela estava perdendo, ela decide que já estava na hora de colocar um basta naquela situação. Desobedecendo pela primeira vez os seus tios, ela foge do colégio para comemorar o seu aniversário com suas amigas. O que ela não esperava era que aquela breve escapada fosse trazer uma avalanche de coisas novas para sua vida, incluindo um amor que ela sempre esperou viver...

Paula Pimenta é uma das autoras nacionais de maior reconhecimento no cenário literário do país e encanta leitores cada vez mais jovens através de suas histórias de fácil identificação, principalmente para o público infantojuvenil. Tendo participado de um livro de contos publicado pela editora Galera Record, ela trouxe para “O Livro das Princesas” a história de Ana Rosa ou Áurea Bellora, a Bela Adormecida dessa fábula que ganhou ares modernos com a releitura feita pela autora. Através do êxito obtido através da publicação desse livro, a autora escreveu “Princesa Adormecida” e trouxe uma versão estendida daquilo que ela esboçou em seu livro de contos.

Escrito em primeira pessoa através do pronto de vista de Rosa, o tom da narrativa é de um relato. Com uma linguagem simples e rápida, é fácil sentar e concluir a leitura em poucas horas. Sem muitas descrições e pouca profundidade, o livro transcorre sem despertar grandes emoções em leitores que não estão vivendo a pré-adolescência. Mas nem por isso, ele deixa de ser divertido, já que além de proporcionar ao leitor aquele tipo de leitura em que ele consegue dar risadas e torcer pela protagonista, o livro deixa uma sensação gostosa após o término da leitura. Acredito que se autora tivesse aprofundado os personagens e situações para alcançar um público mais adulto, provavelmente teria me agradado mais.

Até porque a protagonista é bem bobinha e vive no mundo dos contos de fadas, o que acaba irritando um pouco. Ainda mais quando ela já está com dezesseis anos quando a história é contada e parece ter onze ou doze anos de idade, com a sua maneira de agir e se portar diante de determinas situações. Com relação aos demais personagens, eles tão pouco tem personalidades marcantes e não me causaram nenhum tipo de empatia. O príncipe, por exemplo, não sabemos quase nada a respeito dele e o pouco que sabemos, não é suficiente para despertar maiores sentimentos por ele. Por isso, reforço o que disse anteriormente: apesar do livro ser de leitura fácil e gostosinho de ser lido, poderia ter alcançado outro nível se tivesse sido melhor trabalhado.

E por falar em contos de fadas, a autora parece ter se baseado na versão da Disney, já que eu não encontrei quase nada do que podemos ver nas narrativas dos irmãos Grimm, Charles Perrault e muito menos do polêmico livro indiano que deu origem ao conto da “Bela Adormecida”. Exceto o fato de a protagonista ser chamada de Rosa e remeter a denominação dada a princesa no conto dos Grimm, em que a personagem passa a ser chamada de a Rosa das Urzes após cair em seu sono profundo. Essa falta de embasamento nos contos “originais” acabou tirando um pouco mais da graça do livro e ao final, apesar de ter passado momentos divertidos com o livro, não foi uma leitura memorável. Por fim, aconselho a leitura desse livro para jovens leitores, seja na idade, seja no espírito.

Quando o coração está inquieto, a cabeça dificilmente consegue se concentrar. Pág. 97

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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