Resenha: Nove Noites e Um Sonho de Outono por Lesley Livingston
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Acredito que a
grande maioria dos apaixonados pelo universo da fantasia e magia já deve ter
lido algo a respeito de “Sonho de Uma Noite de Verão” do autor William
Shakespeare. Mas se você não se enquadra nesse grupo, não se sinta deslocado
porque em “Nove Noites e Um Sonho de Outono”, a autora Lesley Livingston inicia
um ambicioso projeto de reconstrução das obras do autor através da trilogia “Nove
Noites” e transfere para as suas páginas muito do encanto contido nas tramas
construídas pelo grande mestre do teatro.
Título: Nove
Noites e Um Sonho de Outono (1º ato)
Série: Nove
Noites #1
Autora (a):
Lesley Livingston
Editora:
Gutenberg
Páginas: 320
Ano: 2014
Kelley Winslow está vivendo seu sonho. Aos 17 anos de idade, ela se muda para Nova York e começa a trabalhar em uma companhia de teatro. Ela ainda é, claro, apenas uma assistente e eventual substituta, mas um dia as coisas começam a mudar: a atriz que interpreta a protagonista Titânia em “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare, sofre um acidente, e ela tem uma chance de assumir o papel principal. Nesse mesmo dia, ela passa a perceber que o mundo mágico é mais real do que pensava. Ela conhece um lindo jovem chamado Sonny Flannery, a atração entre os dois é imediata, mas o rapaz é, na verdade, um dos guardiões do portal do Samhain, que dá passagem para o outro mundo. A cada solstício de inverno, o portal se abre, mas a cada nove anos ele permanece aberto durante as últimas nove noites do outono. E é nesse breve tempo que ela, ao descobrir sua verdadeira descendência, se vê ameaçada por uma terrível trama, que coloca em perigo o mundo real, o mundo encantado e a promessa de viver um amor verdadeiro.
Kelley é uma garota
que sabe o que quer. Com apenas dezessete anos deixou a segurança e conforto do
seu lar para viver na agitada cidade de Nova York na tentativa de realizar o
seu sonho de se tornar atriz. Dividindo o apartamento com Tiffy, uma garota
temperamental, ela divide seu tempo entre sonhar com a sua carreira e trabalhar
no teatro Avalon Grande como ajudante e atriz substituta. As coisas não estavam
sendo fáceis, mas parecem melhorar quando a atriz principal se machuca e ela é convocada
para interpretar Titânia, a Rainha das Fadas e personagem do clássico de
Shakespeare “Sonho de Uma Noite de Verão”.
Mas a felicidade que
ela sentiu a princípio, aos poucos vai se esvaindo quando ela passa a ter
dificuldades de demonstrar o talento que tem e esquecer as suas falas. Num
esforço para fazer as coisas darem certo, ela vai ao Central Park ensaiar sem
saber que o lugar seria um dos grandes responsáveis pela mudança radical que a sua
vida sofreria. Ainda mais porque foi lá que ela conheceu Sonny, um garoto bonito
e misterioso, que tem um propósito a cumprir diferente de tudo que ela poderia
imaginar. Principalmente porque é ao lado dele que ela descobre que nem tudo
que estava nos livros de Shakespeare era ficção.
Lembro que uma vez,
há muitos anos, eu assisti a adaptação de “Sonho de Uma Noite de Verão” e
fiquei encantada com aquele mundo mágico e com aqueles seres poderosos, mas com
personalidades muito traiçoeiras. Nunca cheguei a ler a história escrita por Shakespeare,
mas quando li a respeito do livro “Nove Noites e Um Sonho de Outono”, de
imediato quis mergulhar novamente na magia do universo dos seres fantásticos
que eu sabia que estaria me aguardando nas páginas. Mas mais do que isso, eu
queria saber como a autora faria isso mesclando a fantasia de tempos imemoriais
e o mundo moderno.
Para a minha
agradável surpresa, ela fez isso tão bem que eu não consegui desgrudar do livro
sem antes concluir a leitura. Pois por mais que a linguagem utilizada por ela
seja simples, ela flui de uma maneira tão gostosa que a história transcorreu
sem que eu sequer notasse. Grande parte disso se deve ao modo como ela
construiu uma ponte entre o universo do Reino Encantado e a agitada Nova York,
e utilizou dois personagens cuja história de vida é bem mais complicada do que
se imagina inicialmente, para retratar as coisas boas e ruins que podem ser
encontradas nos dois lugares.
E é ao intercalar os
pontos de vistas entre Kelley e Sonny, que o leitor consegue entender a trama
como um todo e se envolver ainda mais com a complicada situação que ela propõe
para os seus personagens. Particularmente, eu gostei muito de ambos os
protagonistas, achei que eles tinham uma maneira de se portar bastante linear –
apesar de serem adolescentes – e encaravam com coragem grande parte das
situações extremas aos quais eles eram expostos. Algumas vezes fiquei em dúvida
com relação à passividade que eles demonstravam em certos momentos, mas quando
as revelações começaram a surgir, foi mais fácil entender as decisões da autora.
No entanto, quando a
história foi se aproximando do seu fim, senti que ela se perdeu um pouco, já
que ela passou a mudar a personalidade de alguns personagens e a descrever
mudanças bruscas demais para que o leitor acreditasse no que ela estava
dizendo. Isso me incomodou um pouco, mas a riqueza da sua história acabou me
deixando impressionada o suficiente para que eu desejasse ter os próximos
livros da série em mãos tão logo terminei de ler a última página. Por isso não
hesito em vir aqui hoje e recomendar a leitura do livro para todo aquele que
gosta de uma história mágica, repleta de revelações e que de quebra ainda traz
grandes personagens de Shakespeare para o centro desse luminoso palco montado
por Lesley Livingston.
[...] Ela nunca se sentira tão “em casa” como naquele momento. Contudo, não era o lugar que a fazia sentir-se assim. Era a pessoa. Pág. 259
Playlist:
Toby Martin – Garden
of Exile
--- Isabelle Vitorino ---
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