Resenha: Os Três por Sarah Lotz
Marcadores:
Arqueiro,
Os Três,
Resenha,
Sarah Lotz,
Suspense
Falar de “Os Três” não é uma tarefa fácil, pois além de
trazer um número considerável de personagens, qualquer detalhe dito sem cuidado
pode tirar uma surpresa do leitor. Dessa forma, na resenha de hoje tentei me
ater as emoções que tive ao ler o livro e a estrutura da história como um todo.
Espero que gostem!
Autor (a): Sarah Lotz
Editora: Arqueiro
Páginas: 400
Ano: 2014
Quinta-Feira Negra. O dia que nunca será esquecido. O dia em que quatro aviões caem, quase no mesmo instante, em quatro pontos diferentes do mundo. Há apenas quatro sobreviventes. Três são crianças. Elas emergem dos destroços aparentemente ilesas, mas sofreram uma transformação. A quarta pessoa é Pamela May Donald, que só vive tempo suficiente para deixar um alerta em seu celular: Eles estão aqui. O menino. O menino, vigiem o menino, vigiem as pessoas mortas, ah, meu Deus, elas são tantas... Estão vindo me pegar agora. Vamos todos embora logo. Todos nós. Pastor Len, avise a eles que o menino, não é para ele... Essa mensagem irá mudar completamente o mundo.
No dia 12 de janeiro de 2012 centenas de pessoas em quatro
continentes do mundo fizeram check-in
e embarcaram em um voo no intuito de chegarem ao seu destino final. No entanto,
eles jamais conseguiram chegar até onde desejavam, pois uma sucessão de fatos
aterrorizantes culminou na queda dos aviões em que eles estavam, tornando a morte
a única certeza para os passageiros que viveram verdadeiros momentos de terror a
bordo das aeronaves. A humanidade estava em choque, pois além de nunca ter
visto uma catástrofe de tamanha proporção, ninguém imaginava que fosse possível
alguém sobreviver aquele tipo de acidente. Mas para a surpresa de todos, três
crianças sobreviveram a queda.
Consideradas como um milagre pela maioria, a crença de que
uma força maior estava agindo na terra começa a ser disseminada com fervor. Logo,
teorias para explicar o que aconteceu na denominada “Quinta-feira Negra” passam
a ganhar um tom mais sobrenatural e vários seguimentos religiosos e científicos
iniciam uma busca para provar que estão corretos nas suas afirmações após as
autoridades divulgarem a gravação que uma das passageiras fez antes de morrer pedindo
para vigiassem um dos sobreviventes. As famílias das crianças que já não sabem o
que fazer para lidar com a pressão da mídia e dos fanáticos que passam a
persegui-los, ainda se deparam com a difícil tarefa de encarar os estranhos
acontecimentos que passaram a rondar as suas vidas com a chegada dos três.
Até onde nossa
mente é capaz de ir quando influenciada? Essa é a pergunta que nos é infligida
do início ao fim durante a leitura de “Os Três”. Abordando a loucura, a
superstição e o fanatismo, a autora Sarah Lotz trouxe para o seu livro uma
história densa, onde cada detalhe brinca conosco sem permitir que enxerguemos a
realidade dos fatos mesmo quando ela oferece uma gama enorme de informações
para serem analisadas. Escrito de forma a imitar uma biografia, há no livro uma
espécie de ghost writer conhecida
como Elspeth Martins que além de responsável por fazer um apanhando do que há
de mais importante a ser dito sobre o evento conhecido como a quinta-feira
negra, também exerce um papel fundamental para nos direcionar a algo mais
próximo do que seria a verdade por trás de todas as tragédias ocorridas após a
queda dos aviões.
Dessa forma, além de termos acesso a entrevistas com aqueles
que se envolveram de algum modo com os sobreviventes, podemos conferir gravações,
trechos de jornais, e-mails, blogs, e tudo aquilo que é importante para entendermos
a dimensão das consequências que essa catástrofe trouxe para a vida das
pessoas. Por sua construção tão diferenciada, o livro não pede um ritmo de
leitura rápido. Mas a maneira como a autora soube dar vida a cada um dos seus
personagens e suas respectivas histórias, faz com que comecemos a ler e não
tenhamos mais vontade de largar o livro antes de descobrir pelo menos um
detalhe que indique que estamos seguindo a pista correta para desvendar o
mistério como um todo.
E talvez seja nesse ponto que resida a grande sacada da
autora: não há pistas reais para seguir. Já que de um modo ou de outro, tudo
que está ali teve a influência seja das peripécias pregadas pela mente, seja da
propensão a seguir alguma diretriz religiosa que cada um dos personagens nutria
em seu interior. A maneira como ela fez isso foi o que mais me impressionou,
pois ela utiliza um personagem de caráter fraco e de personalidade forte para
ilustrar com perfeição o que pode acontecer quando a religião é vista de modo
doentio. Mas não foi só nisso que ela me surpreendeu... Apesar do livro não
entrar na categoria de terror, há uma personagem que me aterrorizou tanto que
eu até tive pesadelos depois de ler as passagens que ela protagonizou. Pode
parecer estanho, mas isso fez dela a minha personagem favorita em toda a
história.
Outra pitada de horror que a autora inseriu e que me deixou
com frio na barriga foi a utilização da floresta Aokigahara (conhecida como
floresta do suicídio) como um dos cenários principais do livro, pois mesmo que o
núcleo asiático da história não seja tão empolgante quanto os demais, o peso do
que milhares de pessoas já fizeram nesse local no decorrer dos anos, o tornou
ainda mais interessante sob a luz do que Lotz escreveu. Essa mescla bem
equilibrada entre ficção e realidade que a autora transmitiu através do seu
livro, me fez admirar ainda mais o trabalho dela como ficcionista, já que por
um momento eu não só me coloquei no lugar dos seus personagens, como também,
imaginei o que aconteceria na terra se algo tão estarrecedor acontecesse nos
dias de hoje. Podem ter certeza, eu que já sou medrosa por natureza, nunca mais
cruzarei o oceano sem pensar em “Os Três”.
[...] Parece amargo, eu sei, mas a gente descobre quem são os amigos de verdade quando a vida desmorona. Pág. 47
Playlist:
--- Isabelle Vitorino ---
Postar um comentário
Obrigada pela visita, dê sua opinião, participe e volte sempre.
- Caso tenha uma pergunta deixe seu e-mail abaixo que respondo assim que o comentário for lido.
- Caso sua mensagem não tenha relação com o post, envie para o e-mail.