É Filme: Mundos Opostos


Título: Mundos Opostos
Título original: Upside Down
Lançamento: 2012 (EUA)
Direção: Juan Solanas
Elenco: Jim Sturgess, Kirsten Dunst, Timothy Spall, Neil Napier.
Duração: 109 min.
Gênero: Ficção Científica, Romance, Suspense.
Adam (Jim Sturgess) e Eden (Kirsten Dunst) se apaixonam ainda na adolescência. Um amor impossível, separado pela gravidade. Eles vivem em planetas com forças gravitacionais opostas: ele no mundo inferior, pobre; ela no superior, explorador. São brutalmente afastados quando um patrulheiro interplanetário os flagra, provocando um acidente aparentemente fatal para Eden. Dez anos se passam e Adam é apenas mais um cara normal tentando levar a vida, ainda abalado pela perda da amada. Mas eis que Adam vê Eden na televisão e descobre que ela está trabalhando num prédio que conecta os dois planetas. Ele agora fará de tudo para, finalmente, reencontrar o amor de sua vida.

Em algum lugar do universo, dois planetas vivem em uma estranha simetria. Sendo um o reflexo do outro, os habitantes desses mundos vivem sob a influência de gravidades opostas e por isso não podem viver em outro lugar que não seja aquele em que nasceu. No entanto, contrariando as regras impostas pelo governo que proibia o contato entre os habitantes desses planetas, Eden e Adam se conhecem e se apaixonam perdidamente. Lutando dia após dia para poder viver esse amor, eles passam a desafiar a gravidade numa tentativa de ficarem juntos. Contudo, a tragédia se abate sobre eles e faz com que Adam pense que perdeu a mulher amada para sempre.

E é assim que ele passa a viver sem grandes expectativas, dedicando-se apenas a um projeto revolucionário que se mantém distante de sua conclusão graças as ferramentas de trabalho precárias que ele tem acesso no Mundo Inferior. Mas eis que um dia o destino se mostra favorável e ele descobre que Eden ainda está viva. Desesperado para estar com ela novamente, ele decide se candidatar a um emprego na TransWorld, uma empresa mercenária cujos esforços tornam os cidadãos do Mundo Superior cada vez mais ricos e os do Mundo Inferior cada vez mais pobres, mas que também é o lugar onde ele dá início a uma intensa jornada que ele espera que seja capaz de trazer Eden de volta para a sua vida.

Upside Down é um filme de roteiro complexo e de fotografia belíssima, escrito por Juan Solanas, ele traz em seu enredo uma história que pode confundir o espectador com suas minúcias se não for visto atentamente. Principalmente porque ao elaborar novas leis físicas, o roteirista garantiu que tudo aquilo que aprendemos sobre a ciência não nos ajude a entender os caminhos sinuosos abordados nesse filme. Nesse sentido, há algumas particularidades da história que nos deixa incomodado, ainda mais quando observamos que o roteirista desobedece as regras que ele próprio criou de acordo com a necessidade do desenrolar da trama. É claro que por se tratar de uma ficção científica, a imaginação não precisava ter fim, porém, era necessário certa cautela para não desmentir o próprio enredo como aconteceu incontáveis vezes nesse longa metragem.

Outro ponto que tirou um pouco da credibilidade da história foram as respostas sucintas e um tanto grosseiras que só elucidavam as questões levantadas no decorrer do filme para os próprios personagens, deixando o espectador permanecer até o fim com dúvidas acerca de suas conjecturas. Essas falhas deixaram uma má impressão em mim que foi acentuada ainda mais pela maneira prosaica em que o roteirista deixou passar a oportunidade de detalhar o governo apresentado para focar apenas no romance shakespeariano dos personagens. Ainda mais porque eu que gosto muito de distopias, logo notei nuances do gênero na forma em que o Juan Solanas apresentou estilos de vida tão distintos para os habitantes dos Mundos Superior e Inferior, que me senti enganada por não ver um aprofundamento na trama da força totalitarista que claramente regia os dois mundos.

No entanto, tenho que ser justa e dizer que a história me manteve cativa durante todo o tempo. Pois, por mais que as falhas do filme pudessem ser vistas a todo o momento, havia algo de mágico na forma que o amor de Adam e Eden era retratado que me comoveu sobremaneira. Os diálogos, apesar de simples, conseguem transmitir com exatidão e delicadeza os sentimentos dos personagens de modo que o expectador se sente mais próximo a eles. Ademais, quando observamos esse pequeno conjunto de qualidades, notamos que se Solanas não tivesse focado apenas na boa qualidade técnica do filme, os expectadores teriam acesso a uma obra incrivelmente diferenciada.

Todavia, a falta de cuidado no roteiro deixa ‘Upside Down’ longe ser uma obra prima cinematográfica e a inclui no grupo de produções cujo filme depende sumariamente da capacidade de percepção dos seus espectadores para ser considerado um bom filme ou não. No meu caso, eu estaria mentindo se dissesse que os erros de lógica do roteiro me fizeram desgostar do filme, pois ainda que eu saiba de todas as deficiências da história, continuo acreditando que essa longa metragem tem algo intrínseco a ele que é capaz de emocionar e impactar os seus espectadores de modo que com o passar do tempo as lembranças sobre o que foi visto se tornam mais doces que sombrias, tornando-a sim, em uma história linda e memorável.


Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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