Resenha: Nevermore por Kelly Creagh
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Quem
visitou o blog no mês de outubro se deparou com várias resenhas e materiais
sobre o autor americano Edgar Allan Poe. Apesar de eu não ser uma grande
estudiosa da sua vida e obra, sou uma admiradora do legado literário que ele
deixou e o considero o meu autor clássico predileto. Por isso, quando li a
sinopse de ‘Nevermore’ foi impossível não desejar lê-lo e conferir o que autora
tinha reservado não só para os fãs de Poe, como também, para os fãs dos livros
sobrenaturais. Após a leitura do livro, posso dizer sem sombra de dúvidas: ela
conseguiu agradar a ambos os grupos.
Título: Nevermore
Série: Nevermore #1
Autor (a): Kelly Creagh
Editora: Pandorga
Ano: 2012
Páginas: 448
A líder de torcida Isobel Lanley fica horrorizada quando descobre que seu parceiro para o projeto de inglês é Varen Nethers e que o projeto deve ser entregue — tão injusto — no dia do jogo contra o rival do colégio. Frio e indiferente, cínico e com a língua afiada, Varen deixa claro que ele também preferia não ter que estudar com ela. Porém, quando Isobel descobre um texto estranho escrito no diário de Varen, acaba vendo com outros olhos esse enigmático garoto de olhar expressivo. Logo Isobel começa a inventar desculpas para poder encontrar Varen. Afastando-se cada vez mais de seus amigos e do namorado possessivo, Isobel entra mais fundo no mundo de sonhos que Varen criou nas páginas de seu diário, um mundo onde as aterradoras histórias de Edgar Allan Poe ganham vida. Enquanto seu mundo começa a desmoronar ao seu redor, Isobel descobre que os sonhos, assim como as palavras, têm mais poder do que ela imaginava, e que as realidades mais assustadoras são aquelas criadas pela mente. Agora ela precisa encontrar uma maneira de chegar a Varen antes que ele seja consumido pelas sombras de seus próprios pesadelos. A vida dele depende disso.
A vida de Isobel era boa, tranquila e perfeitamente
previsível. Ela era líder torcida, namorava um belo e ciumento jogador de
futebol americano, tinha uma melhor amiga com a qual contar e sua vida social
fluía como o esperado. Contudo, tudo que ela sempre prezou passa a ser ameaçado
pela presença sombria de Varen, o garoto gótico que foi designado como seu
parceiro em um projeto de inglês. Sempre mantendo uma rígida fachada de cinismo
e indiferença, ele parece não se importar com ela e vive imerso nos mistérios
de sua própria mente.
Entretanto, as coisas começam a ficar estranhas quando eles
elegem o escritor Edgar Allan Poe como foco do seu trabalho e ela passa a
pensar em como as coisas poderiam ser mais fáceis se Varen baixasse à guarda só
um pouco e permitisse que ela vislumbrasse mais dele do que olhares furtivos e
cheios de significado. O que ela não imaginava era que a presença dela em sua
vida o colocaria em um risco inimaginável onde realidade e sonho passam a se confundir
em uma linha tênue capaz de transformar as palavras em uma perigosa arma e o universo
descrito por Poe em um lugar com mais labirintos do que saídas.
Ao contrário do que imaginei inicialmente, a autora Kelly Creagh
não trouxe para ‘Nevermore’ uma narrativa densa, pois mesmo que os escritos de
Poe se tornem uma constante em seu livro, ela consegue manter uma jovialidade
com a narração em terceira pessoa que facilita o entrosamento entre os leitores
que não estão acostumados a ler clássicos a se sentirem mais confortáveis ao
serem inseridos na vida e obra de Edgar Allan Poe. Entretanto, tenho que avisar
que para entender melhor o contexto da história, bem como, as referências que a
autora faz, é necessário ler ao menos ‘A Máscara da Morte Rubra’, ‘O Corvo’ e ‘Ulalume’,
pois mesmo que a autora tenha transcrito alguns trechos dessas obras no
decorrer da trama, eles não estão na íntegra em seu livro.
Sendo um livro juvenil e com temática sobrenatural, a autora
traz dramas adolescentes condizentes com o seu enredo e usa e abusa dos
mistérios que envolvem seus personagens. Como eu sou apaixonada por mistérios e
situações carregadas de suspense, saboreei cada linha que a autora utilizou
para construir sua trama e comemorei cada detalhe das cenas que, a princípio
parecem insanas, mas que estão carregadas de informações a respeito do Poe e
que se entrelaçam brilhantemente com a loucura que passa a rodear a vida de
Isobel depois da chegada de Varen. É provável que algumas pessoas não gostem
muito de determinadas cenas que podem ser vistas a partir da metade do livro
por serem carregadas de uma atmosfera psicodélica que deixa o leitor em dúvida
do que é ou não real. Mas eu não só amei, como não consegui me desgrudar dos parágrafos
subsequentes.
Sobre os personagens, posso dizer que a Isobel conquistou meu
respeito ao não ser uma irritante e mimada líder de torcida. É certo que ela
tende a perder o foco facilmente, mas a maneira como ela enfrentou todos os
problemas que surgiram me fez torcer por ela durante todo o tempo. Ainda mais
quando ela tinha uma amiga tão fofa quanto a Gwin e que substituía totalmente a
apática Nikki e toda a sua falsidade. Contudo, quem rouba mesmo todas as
atenções é o Varen, principalmente porque ele consegue ser inteligente, cínico,
carinhoso, frio, fofo e distante, tudo em uma mesma cena, de modo que o leitor
não sabe se o ama ou o odeia. Mas não é só ele que tem os seus mistérios, pois
se tem um personagem que é grande candidato a assumir o posto de ‘misterioso mor’
esse alguém é o Reynolds. Confesso que até agora estou atônita com esse
personagem, mas isso será assunto abordado apenas quando eu ler o segundo livro
da trilogia, pois ainda não sei o que pensar sobre ele.
Além disso, a única coisa que vem em minha mente agora é que eu necessito
‘Enshadowed’ logo, pois preciso saber o que aconteceu após aquele final que
dilacerou meu coração. Espero que a editora não só publique em breve o livro,
como também, continue com o brilhante trabalho de diagramação que eu pude
observar em ‘Nevermore’. Adorei cada detalhe dele – principalmente os corvos
no início de cada capítulo –, minha única ressalva sobre esta edição é apenas
no que se refere à revisão, pois encontrei alguns erros que me incomodaram bastante
no decorrer da leitura. No mais, eu só tenho elogios ao livro, pois após
algumas resenhas realmente negativas que li, foi uma surpresa me deparar com
uma história sombria, envolvente e original, bem do jeito que eu gosto.
[...] Porque tudo isso, eu sei, é apenas um sonho.
E quando nós finalmente acordarmos,
Eu verei você de novo. Pág. 442
Playlist:
--- Isabelle Vitorino ---
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