Resenha: Quase Mortos por Rook Hastings

Surpresas, eu tive tantas durante a leitura deste livro que quando eu o fechei, eu mal pude conter a minha felicidade por tê-lo lido. E se eu pudesse escrever apenas poucas linhas para fazer com que vocês lessem esta resenha até o fim, eu diria: ‘Quase Mortos’ é surpreendente e instigante do início ao fim. Não percam a oportunidade de conhecê-lo mais um pouco, pois vocês não sabem o que estão perdendo.

Título: Quase Mortos
Série: Weirdsville #1
Autor (a): Rook Hastings
Editora: Pandorga
Páginas: 240
Ano: 2011
Woodsville não é como as outras cidades. Lá a noite cai um pouco mais cedo, as sombras são mais escuras e mais densas, e todas as pessoas sabem que é um lugar onde coisas estranhas acontecem. Mesmo que elas não admitam isso. Bethan preferia estar em qualquer outro lugar, menos ali. Jay tinha suas teorias, mas ainda não estava pronto para compartilhá-las. Hashim via mais do que dizia, enquanto os demônios de Kelly eram mais de carne e osso mesmo. Mas o medo de Emily tirou-os da negação e fê-los ficar cara a cara com o sobrenatural. Em todos os outros lugares, as noites de sexta-feira eram noites de sair para namorar. Mas não em Woodsville.

Bethan mal pode acreditar na sua falta de sorte ao ser colocada em um grupo junto com o nerd, o esportista, a popular e a esquisita da escola. Principalmente porque Emily estava falando coisas sem sentido, como algo sobre estar ouvindo o ruído de um fantasma em sua casa. Não era como se Bethan ou qualquer outra pessoa que escutou essa história fosse admitir, mas todos eles possuíam a mesma sensação de que Woodsville possuía mais sombras com coisas escondidas nelas do qualquer outro lugar do país e por isso a história da garota poderia não ser falsa. Contudo, ninguém ali estava pronto para assumir isso, não diante de toda a classe. Sendo assim, é apenas quando eles se encontram na casa de Bethan que eles escutam o que a garota tem a dizer sobre o assunto, o problema é que mesmo tendo conhecimento dos fatos, ninguém está muito certo se devem acreditar nela ou não.

Entretanto Jay – como o bom nerd que era –, não permite que essa chance passe sem antes testar suas várias teorias sobre o tema e decide dar vazão a sua imaginação formando um grupo de investigação sobrenatural. Kelly não está nem aí para toda essa farsa, ela tem perigos mais reais para enfrentar, porém a ideia de ficar sozinha a apavora a tal ponto que ela acaba entrando nessa jornada junto com Hashim, um garoto que enxerga muito além do que diz e que apesar de não estar totalmente pronto, resolve encarar seus medos. Juntos, eles dão início a uma caçada que a princípio parece não passar de uma brincadeira, mas logo as coisas se mostram mais reais do que nunca e perigos que antes pareciam inimagináveis, agora parecem espreitá-los a todo o momento pelos becos e prédios de toda a cidade fazendo-os temer até as suas próprias sombras.

Eu não sei por que, mas sempre que começo a ler um livro cuja história está embasada no suspense, a minha cabeça já inicia aquele processo de análise para tentar descobrir o que – ou quem – está por trás dos acontecimentos narrados. A maioria das vezes eu acerto em cheio nas minhas suspeitas, mas no caso de ‘Quase Mortos’ eu errei feio. Ou melhor, eu fui surpreendida de tal maneira que o enredo do livro se tornou uma grande incógnita para mim. Muito disso se deve aos personagens da história, já que a Rook não só soube construir a personalidade deles, como também, desconstruir seus estereótipos de um modo que me deixou boquiaberta.

Contudo, não foi apenas a maneira que a autora conduziu seus personagens que me encantou. Não. Ela fez muito mais do que isso. Ela transformou a cidade em um personagem que possui tantos segredos quando Bethan, Jay, Kelly e Hashim, já que ninguém sabe o que esperar dela com suas quedas bruscas de temperatura, suas aparições fantasmagóricas e seus ruídos enlouquecedores. De verdade, a maneira como Hastings apresenta a cidade faz com que o leitor pense que ela tem vida própria e que ninguém está seguro nela. E querendo ou não é isso que vai se comprovando com o decorrer da narrativa, já que na busca por respostas esse grupo é obrigado a encarar seus próprios medos que parecem tomar forma e vida em cada canto da cidade.

Ademais, por ser narrado em terceira pessoa e ter um ponto de vista alternado, o leitor tem a oportunidade de conhecer cada personagem a fundo. E é através disso que vamos descobrindo que eles são muito mais do definem os estereótipos fornecidos a cada um deles. Confesso que contra todas as probabilidades, não foram o nerd e a indiferente da história que me encantaram, mas sim a Kelly e o Hashim, pois apesar deles serem considerados populares – cada qual ao seu modo –, eles demonstraram um crescimento e uma humanidade que foram incríveis de se ver. Principalmente porque Rook fez isso de forma tão suave que é apenas quando chegamos no final do livro que vemos que ela os transformou em pessoas capazes de superar as diferenças em prol de uma amizade que foi sendo construída em paralelo ao desenvolvimento do mistério da história. 

E como se só isso não fosse suficiente, ela fez um desfecho tão brilhante que eu passei pelo menos uma hora sem acreditar que aquilo realmente aconteceu. Sério, se não fossem os erros da revisão eu teria dado nota máxima e favoritado o livro com toda certeza, ainda mais depois do gancho que a Rook Hastings deixou para ‘Corpos Imortais’, o segundo livro da série Weirdsville que tem tudo para mexer com os meus nervos da mesma forma que aconteceu com ‘Quase Mortos’, a grande surpresa da minha temporada de leituras e o responsável por me fazer dizer mais uma vez pra vocês: LEIAM! LEIAM! LEIAM!

– […] Eles não querem acreditar que existem mais coisas neste mundo que trabalho, contas, peixe e batatas fritas numa sexta-feira. A maioria dessa gente não sabe o que é viver. São sonâmbulas. Mas, se não acordarem logo, vão morrer muito mais rápido do que imaginaram e então nada de piquenique. Não haverá luzes brilhantes, nem túneis e nuvens fofinhas. Será escuro e frio e um inferno sem fim.  Pág. 161

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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