Comic Resenha: Wolverine – O Velho Logan por Mark Millar e Steven McNiven

Enquanto o mundo conhece e admira a parceria Mark Millar e Steven McNiven por serem os responsáveis por Guerra Civil, eu os aprecio muito mais por essa por essa inusitada história, que eu jurava que ia detestar, mas que ganhou meu coraçãozinho de pedra. Então preparem suas mochilas e viagem comigo por essa América em que o sonho americano é apenas um passado distante...

Título: Wolverine – O Velho Logan
Título Original: Wolverine – Old Man Logan
Roteiro: Mark Millar
Desenho: Steven McNiven
Editora: Marvel Comics
Ano: 2014
Páginas: 244
Cinquenta anos no futuro, os super-heróis perderam a batalha contra os vilões e os Estados Unidos são divididos em feudos. É quando um velho e aposentado Wolverine é levado a voltar à ativa.

O mundo como conhecemos já não existe mais. Os vilões, após anos de derrotas e humilhações, uniram-se com o objetivo de erradicar todos os heróis do planeta. Uma missão concluída com sucesso. Todos os super-heróis foram eliminados, e os poucos sobreviventes ou se exilaram, ou fizeram alguma espécie de acordo político para continuarem a viver. Os EUA então foram divididos em feudos, onde cada vilão domina seu próprio pedaço de terra.

Um herói, diferente dos demais, não se uniu às batalhas pela sobrevivência, tornando-se um dos primeiros exilados. Wolverine vive, 50 anos após a queda dos heróis, numa desolada fazenda nas proximidades de São Francisco, com sua esposa e seus dois filhos. O território em que vive é dominado pelo Hulk e sua família, e, pela primeira vez em mais de vinte anos, o carcaju não conseguiu reunir dinheiro para pagar o aluguel.

Logan, diferente de seus dias de herói, não é mais o cara pavio curto que não hesitava em soltar as garras e sua fera interior. Algo aconteceu no passado, fazendo o anti-herói favorito da Marvel exilar-se sem nem mesmo participar das lutas contra os vilões e forçando-o a jurar que nunca mais agredir alguém, ou mesmo mostrar as famosas garras de adamantium ao mundo.

Após levar uma surra dos membros monstruosos da família Hulk (que foram gerados a partir da relação de Bruce Banner com sua prima) com a promessa de pagar o dobro no próximo mês, Logan recebe a visita de outro herói aposentado, o Gavião Arqueiro. Barton então propõe a Logan que ele sirva de navegador numa viagem em que ele precisa fazer para entregar uma mercadoria em “Nova Babilônia” a cidade a Oeste dos Estados Unidos, onde quem domina é o Caveira Vermelha.

Com a promessa de dinheiro o suficiente para tirar a família o aperto, embarcamos com Barton e Logan no Aranhamóvel, onde iremos ver em primeira mão como ficou o mundo e como o Carcaju lidará com as adversidades dessa penosa viagem.



A meu ver, para uma história dar certo, além de diversos outros fatores, um dos principais é saber usar o personagem certo, na ideia certa. E nisso, Mark Millar é exemplar. Wolverine é o tipo de personagem que combina e muito com uma história de Roadtrip¹, e o mundo distópico, ainda mais tomado de violência, somado ao pacto de não violência do x-man torna toda a história ainda mais instigante. A parceria dele com Clint Barton também foi uma escolha ótima. Millar trabalha com ambos de uma maneira tão fenomenal que ora temos o Logan como protagonista e o Clint de apoio, hora as posições invertem.

Mas, a pérola dessa história, a meu ver, não é apenas a visão micro, onde acompanhamos a história do Logan e do Gavião, mas o macro, onde vemos o que o mundo se tornou e temos alguns indícios do que aconteceu. Esse não é um daquele universos que está ferrado, mas sempre há aquele grupo revolucionário, para salvar tudo e todos. Esse é um mundo sem qualquer tipo de esperança, onde mesmo aqueles que parecem ser justiceiros, na verdade são apenas pessoas mesquinhas, com objetivo de tornarem-se os novos líderes.

Com essa trama bem trabalhada, somo totalmente envolvidos na história, curiosos em ver esse mundo caído, enquanto ficamos curiosos com o que houve no passado do Logan. Diga-se de passagem, quando eu descobri o motivo que o fez jurar nunca mais agredir alguém, senti até um aperto nesse meu coração gelado.

Além do plot bem bolado e das trama internas da história, a arte também é algo que é muito bem feita aqui. O traço de Steve McNiven puxa um pouco para o realismo, com expressões mais quadradas e semblantes mais duros, o que pra mim casou bem mais que em Guerra Civil. O ambiente e cenas de luta também são bem feitos, com uma ou outra referência à saga mais famosa da dupla criativa.

Acho q o único ponto que me incomodou um pouco foi a luta final. O que poderia (e deveria) ser o ponto alto da história, tanto pela história em si, quanto pela referência à origem do Logan nos quadrinhos, me pareceu algo feito as pressas. É “Ok”, mas tinha chances de ser algo melhor...

Um arco com roteiro pesado, denso e emocionante, trazendo toda a brutalidade que a arte do McNiven podem criar e com lutas bem boladas e um final aberto a várias interpretações, Wolverine – O Velho Logan é uma história sobre escolhas e como elas moldam nosso destino.

“Chega de me esconder, fiz isso por tempo demais”

Playlist:

Guns N’ Roses – November Rain
Whitesnake – Judgment Day
The Piano Guys – Kung Fu Piano: Cello Ascendant

(ou qualquer música de viagem que te remeter ao Arizona)


¹ RoadTrip: Basicamente, uma história que se passa em uma viagem, seja de carro ou moto.

--- Marcel Elias ---

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