Resenha Especial: Peter Pan por J. M. Barrie

Quem não gosta de um Infanto-Juvenil? Aquela história com gostinho de infância que te faz fica o tempo inteiro com um sorriso de orelha a orelha e quentinho como aquele abraço materno? Se você, como eu, já passou dos 20 e precisa ter um contato constante com sua criança interior, esse livro foi escrito para você!

Título: Peter Pan
Autor: J. M. Barrie
Editora: Zahar
Páginas: 224
Ano: 2012
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Peter Pan quer ser eternamente menino. Na história criada pelo escritor escocês J.M. Barrie e publicada pela primeira vez no início do século XX, Peter e a fada Sininho levam seus amigos Wendy, João e Miguel para conhecer o lugar em que vivem, a Terra do Nunca, onde o tempo não passa. Uma sucessão de aventuras espera a turma. Eles vão se deparar com um navio pirata e ter que enfrentar o temível Capitão Gancho, conhecer a aldeia dos índios e os meninos perdidos. Uma história cheia de emoções e mensagens.

Sejamos honestos: Há alguém que nunca tenha ouvido sequer falar de Peter Pan? O menino que nunca cresce é uma lenda urbana e um mito que todo adulto tem preso dentro do coração. Para aqueles nascidos nos anos 90, a obra foi disseminada por nós através da animação da Disney. Ouso dizer a você, caro leitor, que se você gosta daquela adaptação, você irá se apaixonar pelo livro! Já para você que, infelizmente, não foi apresentado a essa obra fantástica, vamos a um breve resumo...

A história se passa na Inglaterra, inicialmente na casa dos Darling. Nela somos introduzidos a toda a família, que é composta pelos Sr. e Sra. Darling e seus três filhos: Wendy, João e Miguel. Na história o Sr. Darling é representado como o adulto insensível, irritante e um tanto abobalhado, sendo totalmente ofuscado por sua esposa. A Sra. Darling é uma mulher encantadora, e mais do que isso, uma mãe atenciosa e cuidadosa que cuida de seus filhos com todo o carinho e atenção que uma mãe pode ter. Não o suficiente, temos também a presença da babá mais maravilhosa da literatura, que é a Naná, que além de atenciosa e muito carismática, ela é uma cadela. Quem nunca quis uma cadela de babá?

Após a história de formação da família, ficamos sabendo que os Sr. e Sra. Darling estão indo a uma festa, e que as crianças serão deixadas sozinhas, dormindo, pois o Sr. Darling teve uma pequena desavença e prendeu a pobre Naná na casinha, do lado de fora da casa. Durante o primeiro capitulo já ficamos cientes que Peter Pan já existe, mas a priori apenas no imaginário das crianças e a Sra. Darling sente um receio quanto a isso.

Após saírem, o garoto que não quer crescer entra em cena. Aparentemente, Peter gosta muito das histórias da Sra. Darling, vindo sempre para ouvi-las. Em um certo dia, por acidente, sua sombra fica presa dentro da casa, e por isso ele se vê forçado a entrar na casa e prendê-la novamente.Nisso, ele acaba despertando as crianças, faz amizade com as mesmas e acaba por levá-las para a Terra do Nunca. 

É muito interessante notar que o autor, ao se referir sobre este local, menciona que cada criança tem sua própria Terra do Nunca em sua cabeça, mas que aquela era onde todas elas se encontravam... Fantástico! A partir de então o resto é história. Conto com a curiosidade de todos para desbrava esse universo.

Ainda sobre livro, além de sua história cativante, há dois elementos que, para mim, foram responsáveis por transformar esse universo em um dos mais amados, que seriam seus personagens e as analogias com a realidade.

Não apenas os Darling (com grande foco em Wendy e sua mãe) e Peter, mas a Sininho, os garotos perdidos e o antagonista, Capitão Gancho, são personagens muito bem caracterizados. Wendy carrega com ela a ideia de que meninas desenvolvem-se mais rápido que os meninos (um fato, caros amigos, um fato). Ela é, de longe, a mais madura entre todos, tornando-a responsável por eles, afinal ela é carregada de instinto materno, que era o grande objetivo da mulher no período em que o livro foi escrito.

O mais interessante a respeito da Sininho são, na verdade, a história de como as fadas nascem (a partir do primeiro riso de um bebê) e  o fato de que, por serem pequeninas, ma fada ou é inteiramente boa, ou inteiramente má, o que explica muito sobre nossa personagem.

Os garotos perdidos são muito bem caracterizados para personagens secundários. Eles são muito mais que meros personagens para encher a história. Cada um tem uma caracterização bem definida e isso os dá uma identidade.

Um dos meus personagens favoritos do livro, sem dúvida, é o Capitão Gancho (Minha mania de me apegar a vilões, quem nunca?). É a primeira vez em um conto infantil clássico que vi um vilão retratado como bonito e elegante (A única exceção que me vem a mente seria a Rainha Má, da Branca de Neve), além de que o backstage do personagem é fascinante e incrivelmente bem bolado, pois, oriundo de nosso mundo, o Capitão Gancho é uma vítima dos bons costumes, sendo esta sua bússola moral, e sua rivalidade com Peter vem justamente, ao ver do Gancho, do garoto ser a representação de todos os Maus Modos que todos os seus professores e pais o fizeram abominar durante toda a vida.

Um elemento também muito bem bolado seria o envolvimento romântico entre Wendy e Peter Pan. É bem palpável que há um interesse ali, mas Barrie consegue desenvolver muito bem, afinal são apenas crianças que não tem quase nenhuma noção a respeito disso. É muito divertido vermos que quem toma qualquer iniciativa nesse relacionamento nunca é o Peter, mas a Wendy. Um dos pontos mais belos da história é que justamente o Peter a leva para que ela seja mãe dos meninos perdidos e quando eles querem partir, ele fica desolado.

Não sendo o suficiente tudo já dito, Barrie nos brinda com uma série de analogias que poderiam muito bem estar em qualquer livro de psicologia infantil. Apesar de bonito e meigo, o livro nos mostra somo são, de fato, as crianças. Sinceras e ingênuas, mas, mesmo sem intenção, egocêntricas, mimadas, metidas e, porque não, insensíveis. Ele explora a psicologia das crianças, nos mostrando que elas são por vezes cruéis, mostrando aí a importância da instrução paternal para o desenvolvimento delas como adultas.

Em suma, Peter Pan, apesar de suas poucas páginas, é um livro recheado de aventuras e cenas singelas, mas que trazem consigo uma mensagem de suma importância tanto para as crianças de outrora, como as de hoje, principalmente aquela que vive nos corações dos adultos.

[...] E assim continuará sendo, enquanto as crianças forem alegres,inocentes e desalmadas. Pág 220


--- Marcel Elias --- 

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