Resenha: Confesso que Menti por Justine Larbalestier
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Todo mente em algum momento. Certo? Mas quando a mentira deixa de ser um subterfúgio e passa ser aquilo que você é, como as outras pessoas enxergam você ainda lhe importa? É com essas e outras questões que a autora Justine Larbalestier inicia a sua história que não poderia começar de outra forma que não com uma confissão... Por isso prepare-se para conhecer (ou não) os segredos de Micah e vamos lá!
Título:
Confesso que Menti
Autor (a):
Justine Larbalestier
Editora:
Galera Record
Páginas: 320
Ano: 2014
Micah Wilkins é uma mentirosa compulsiva. Para ela, mentir é tão natural quanto respirar. Por isso é preciso prestar muita atenção a seu relato e desconfiar de tudo o que ela disser. Por que ela mente? É um segredo que envolve o outro. Tudo começou quando ela nasceu com a doença da família. E desde então Micah criou um labirinto de mentiras para manter todos afastados da única e terrível verdade. Mas quando seu namorado Zach é encontrado morto em circunstâncias violentas e misteriosas, o comportamento nada confiável da menina a transforma na principal suspeita do crime. Agora, para desvendar essa trama e provar sua inocência, Micah Wilkins promete contar apenas a verdade e nada mais que a verdade.
Micah não é uma
jovem comum. Ela mente mais do que o normal e isso já faz parte de quem ela é.
Ninguém pode confiar nela. Nem ela mesma, já que imersa em um labirinto de
verdade ocultas, sua essência vai se perdendo junto com a sua verdadeira
natureza. Ainda mais quando isolada de todos, ela tem que manter para si tudo
aquilo que ela teme, bem como, tudo o que a faz feliz. A única pessoa que
parecia conhecê-la melhor acabou de ser encontrada morta e ela não sabe o que
fazer para lidar com todos os sentimentos que estão preenchendo sua mente. Mas
quando a sua inocência é posta a prova, ela tem que se libertar das amarras que
a prendem e confessar que mentiu.
Uma das coisas que
mais me deixaram inquietas com relação ao livro antes mesmo de eu iniciar a
leitura foi sobre a falta de confiança que o próprio título nos induz a ter com
relação à Micah. Esse aspecto me deixou tão em guarda a respeito de tudo o que
eu encontraria que enquanto estava lendo a história eu só pensava “Eu não
acredito em você, Micah. Não tente me enganar que você não vai conseguir.”. Mas
foi com um jeito muito especial de uma mentirosa profissional, que ela me
mostrava que eu estava absolutamente errada com relação a tudo o que imaginei e
ria de mim e de todos que ela enganou com as suas mil e uma versões sobre um
mesmo fato.
A verdade é que por
o livro ser intimista demais e narrado apenas por uma personagem não-confiável,
o leitor fica preso em uma teia de jogos mentais conduzidos por Micah que, ora
te deixar irritado com a confusão que ela cria sem necessidade, ora te deixa
estupefato diante do modo que ela consegue manipular as pessoas. De verdade,
mesmo ela fazendo muita gente de boba, eu confesso que senti dó dela na maior
parte do tempo, porque as mentiras não fazia mal apenas a quem ela contava,
como também, a ela mesma, já que quando ela era descoberta as pessoas tendiam a
massacrá-la, isolá-la e deixá-la com a sensação de que ela não era boa o
bastante para estar entre eles.
Mas é ao explorar
uma construção diferenciada que a autora monta um complexo quebra-cabeças em
torno de Micah que nos induz a ler um em outra página com o intuito de
descobrir aonde reside a verdade na história. Com capítulos divididos entre “antes”
e “depois”, “histórico familiar” e “histórico escolar”, ela conta sobre como as
coisas eram entre ela e Zach quando ele estava vivo, como as coisas ficaram
após a morte dele, e como as coisas sempre foram para ela no âmbito familiar e
escolar. Apesar de não ser uma leitura alucinante, os vários aspectos que são
abordados tornam a leitura bastante fluida, o problema é que ela é bem frustrante.
No começo o jogo de gato e rato é legal, mas com o passar do tempo deixa de ser
divertido e fica cansativo. Ainda mais quando o leitor espera mais do livro do
que apenas mentiras.
A bem da verdade, por
ser dividido em três partes, na segunda e na terceira as coisas começam a tomar
um rumo diferente. Tanto, que as explicações sobre quem Micah é de verdade e os
segredos que rondam a sua estranha família pegam o leitor de surpresa que sente
o choque por não ter desconfiado da realidade dos fatos. Mas ainda assim o
livro não era bem o que eu esperava. Torci para que fosse um thriller juvenil
protagonizado por uma garota que por causa da sua aparência diferente sofria
bullying e que encontrava nas suas mentiras uma maneira de suprir a carência
familiar e os desafios de ser considerada incomum num meio de pessoas que
geralmente seguem um padrão. E não o que ele foi no final...
Sei que essa minha
última frase deixou muita coisa em aberto. Mas acredito que se eu der uma pista
do por que dela, muitos dos sentimentos que o leitor poderia ter desde o
princípio podem ser minimizados. De modo que, me perdoem, mas vocês terão que
ler “Confesso que Menti” para saber o porquê essa história deixa quem a lê tão
dividido, estarrecido e pensativo, com relação a tudo o que viu. A boa notícia
é que acredito que quem gosta de história que surpreendem o leitor por ser
construída através de um labirinto de informações, vai gostar do que encontrará
nas páginas desse livro.
[...] É estranho como muitas vezes a verdade parece mentira e a mentira parece verdade. Pág. 55
Playlist:
--- Isabelle Vitorino ---
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