Resenha: O Inferno do Gabriel por Sylvain Reynard
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Sylvain Reynard
Gosto
de começar a ler um livro achando que sei por quais caminhos a trama irá
percorrer e ser surpreendida pelo autor. Gosto da sensação de fechar um livro e
apesar de toda a densidade da história estar com um sorriso no rosto. Entretanto,
gosto ainda mais de ver um autor explorar todas as nuances da elegância em um
livro onde a premissa de sensualidade poderia lhe conferir certo ar de
vulgaridade e principalmente, notar que ele conseguiu fazer isso satisfazendo
seus leitores de forma que não os ofendeu. E é com esta breve introdução, que
eu convido vocês a lerem a resenha de hoje para que possam junto comigo
descobrir um pouco mais desse universo peculiar criado por Syvain Reynard em O
Inferno de Gabriel.
Título: O Inferno de
Gabriel
Série: Gabriel's Inferno #1
Série: Gabriel's Inferno #1
Autor: Sylvain Reynard
Editora: Arqueiro
Páginas: 512
Ano: 2013
Enigmático e sedutor, Gabriel Emerson é um renomado especialista em Dante. Durante o dia assume a fachada de um rigoroso professor universitário, mas à noite se entrega a uma desinibida vida de prazeres sem limites. O que ninguém sabe é que tanto sua máscara de frieza quanto sua extrema sensualidade na verdade escondem uma alma atormentada pelas feridas do passado. Gabriel se tortura pelos erros que cometeu e acredita que para ele não há mais nenhuma esperança ou chance de se redimir dos pecados. Julia Mitchell é uma jovem doce e inocente que luta para superar os traumas de uma infância difícil, marcada pela negligência dos pais. Quando vai fazer mestrado na Universidade de Toronto, ela sabe que reencontrará alguém importante – um homem que viu apenas uma vez, mas que nunca conseguiu esquecer. Assim que põe os olhos em Julia, Gabriel é tomado por uma estranha sensação de familiaridade, embora não saiba dizer por quê. A inexplicável e profunda conexão que existe entre eles deixa o professor numa situação delicada, que colocará sua carreira em risco e o obrigará a enfrentar os fantasmas dos quais sempre tentou fugir. Primeiro livro de uma trilogia, O inferno de Gabriel explora com brilhantismo a sensualidade de uma paixão proibida. É a história envolvente de dois amantes lutando para superar seus infernos pessoais e enfim viver a redenção que só o verdadeiro amor torna possível.
Julia
deixa sua cidade natal e parte para Toronto em busca da realização de um de seus
maiores sonhos, que é ser especialista em Dante Alighieri. Apesar de todas as
dificuldades que enfrenta por estar em um lugar desconhecido com pouco
dinheiro, ela não pensa sequer na hipótese de desistir. Nem mesmo quando o
misterioso Gabriel Emerson, um famoso especialista em Dante, e seu professor de
mestrado, deixa bem claro na frente de toda a classe, que sua presença em suas
aulas é mais do que inconveniente, é simplesmente insuportável. Ainda que
profundamente humilhada e magoada, ela continua a frequentar o curso na
esperança de que um dia tenha seu valor reconhecido e tenta não ceder aos
caprichos de Gabriel que a quer fora de sua vida. O que ela não sabe é que ela desperta
nele a estranha sensação de familiaridade, e que por já ter se auto-condenado ao
Inferno, ele não acredita em mais nada que não seja na sua própria culpa, nem
mesmo que ela e seu ar de anjo possam retirá-lo da danação eterna.
Narrado em terceira pessoa o autor disponibiliza para o leitor o ponto de vista não só de Gabriel e Julia, como também, dos demais personagens que os cercam. Contudo, o que a princípio pode se mostrar como um distanciamento do leitor e dos personagens, no decorrer da narrativa mostra-se algo favorável, já que com diálogos bem construídos e com a possibilidade de saber cada lado da mesma história, é possível se conectar com todo o universo criado pelo autor. Não vou mentir para vocês e dizer que a história é de fácil leitura, porque não é, por vezes você se sente um intruso, alguém que não deveria estar ali sabendo de todas aquelas coisas – que em alguns momentos chegam a ser extremamente espantosas –, mas com o decorrer da trama você acaba se acostumando com os segredos dos personagens e se conformando com algumas atitudes deles.
Narrado em terceira pessoa o autor disponibiliza para o leitor o ponto de vista não só de Gabriel e Julia, como também, dos demais personagens que os cercam. Contudo, o que a princípio pode se mostrar como um distanciamento do leitor e dos personagens, no decorrer da narrativa mostra-se algo favorável, já que com diálogos bem construídos e com a possibilidade de saber cada lado da mesma história, é possível se conectar com todo o universo criado pelo autor. Não vou mentir para vocês e dizer que a história é de fácil leitura, porque não é, por vezes você se sente um intruso, alguém que não deveria estar ali sabendo de todas aquelas coisas – que em alguns momentos chegam a ser extremamente espantosas –, mas com o decorrer da trama você acaba se acostumando com os segredos dos personagens e se conformando com algumas atitudes deles.
Não
vou dizer todas as atitudes, porque se teve uma personagem que me irritou muito
no livro foi a Julia. Ela é daquele tipo em que é passiva quando deve ser
ativa, e ativa quando deve ser passiva (juro que não estou fazendo nenhum
trocadilho infame de cunho sexual - risos-). Além do que, me senti um pouco
incomodada com o jeito dela de quem ruboriza com tudo e fica sempre olhando
para baixo como se fosse uma criança e não uma mulher de 23 anos. Sério, apesar
de o Gabriel ser problemático, eu pensei: “Uau, como ele aguenta essa garota?”.
Porém, foi com certa relutância que no final eu tive que admitir que por mais
que ela tivesse me chateado, ela foi maravilhosa com o Gabriel e o fez
vislumbrar um novo caminho para sua vida.
E
por falar em Gabriel é válido dizer que ele vive no melhor estilo Bon Vivant, pois mesmo enfrentando
vários problemas e escondendo segredos escabrosos, ele não perde a oportunidade
de desfrutar as coisas boas da vida. E foi justamente essa dualidade no seu
modo de viver que me deixou intrigada com relação a ele. Sei que muitas pessoas
não vão gostar dele porque às vezes ele tem picos que só posso nomear como
sendo de bipolaridade, porém apesar de sua controversa, ele é um personagem
original e que superado as primeiras cem páginas, torna-se extremamente
cativante. Acredito que eu teria gostado menos dele se ele tivesse permanecido
com sua postura de “eu não estou nem aí para o mundo”, mas a mudança exercida
por Julia, credita a ele certa vontade de viver que acaba revelando todo o
charme que ele possui.
Boa
parte do encantamento que me manteve cativa na história se deve ao fato do
autor ter explorado muito bem o livro “A Divina Comédia”, do italiano Dante Alighieri.
Como eu já tinha lido o livro, gostei da abordagem e da forma como trechos do
livro foram citados na história, bem como, do importante papel que Dante e Beatriz tem
no decorrer da trama, apesar dos personagens não pertenceram a Sylvian. E como
se não bastasse explorar essa obra-prima, o leitor ainda tem a chance de
conhecer vários autores da literatura clássica que são citadas na história, como também, ver através dos olhos de Gabriel e Julia obras de arte que vão desde quadros
e esculturas a exposições da época renascentista. E para fechar esse banho de
cultura que o autor mescla com sua história original, temos ao decorrer do
livro, uma playlist de tirar o fôlego, artistas como Mozart, Edith Piaf e Andrea
Bocelli, acrescentam ao enredo certo romantismo que nos envolve mais e mais no
decorrer das páginas.
Principalmente,
porque todo esse universo da literatura e das artes é explorado de forma adjunta
ao romance que ocorre entre Gabriel e Julia. E dessa forma o romantismo é
predominante na maior parte do livro. Contudo, quando falo em romantismo, eu
não falo em apelo sexual de forma crua e sem nexo, porque ao contrário do que
imaginei quando comecei a ler o livro, o autor soube explorar a sensualidade
dos personagens sem fazer disso a parte principal de sua história, tanto que
não vemos uma cena de sexo em nenhum lugar que seja, antes das últimas 50 páginas finais. Por
isso posso dizer com sinceridade: comparações com outras séries do gênero hot são completamente
infundadas. E por mais que possa ser estranho admitir isso com toda a moda
literária em cima do gênero, foi justamente por “O Inferno de Gabriel”
seguir outro caminho que eu me apaixonei pela história e não hesito em dizer
para vocês: LEIAM! LEIAM! LEIAM!
– Vou me lembrar do seu perfume, do seu toque e da sensação de amá-la. Mas, acima de tudo, vou me lembrar da sensação de olhar para a verdadeira beleza, interna e externa. Pois você é bela, minha amada, de corpo e de alma, generosa de espírito e de coração. E nunca verei nada mais bonito do que você deste lado do Paraíso. Pág. 487
Playlist:
P.S. Para quem já leu o livro e quer saber mais sobre as obras de arte citadas no livro visite o Uffizi Gallery e para quem deseja informações sobre a vida e obra de Dante, vale a pena visitar o site Dante Online (textos em Italiano e Inglês). Divirtam-se!
--- Isabelle Vitorino ---
7 comments
O que dizer depois de ler uma resenha tão caprichada dessas? Estou completamente sem palavras! Como sempre você mostrou os pontos fortes e fracos do livro, e me fez desejar ainda mais ler ele. Saber também que a história reserva um bom conteúdo cultural me animou bastante para adquiri-lo, por que né... a maioria dos livros atualmente se resumem a sexo, é quase como se esse fosse o princípio básico para a relação funcionar e não o amor, é engraçado como em alguns livros o casal fica mais tempo tendo relações que fazendo qualquer outra coisa, até parecem um bando de ninfomaníacos. hahahaha Enfim, vou ler o livro e depois volto para dizer o que achei! ;)
Sou doida pra ler esse livro. Mais também por ele esta sendo super bem comentado acabou que despertou muito em mim a vontade de conferir ele.
A história também me chamou atenção.
Gostei da resenham beijos....
Para falar a verdade!! Não sei se leria esse livros...Vejo muitas resenhas como a sua falando bem dele, mais não me chamou atenção, quem um dia.
Beijos
Brubs
contodeumlivro.blogspot.com.br
Gostei muito do livro também. Acho que o segundo é ainda melhor mas a cena da aula (palestra) do capítulo 15 do primeiro livro é minha preferida dos últimos anos e acho que de sempre!
Olá Renata,
Aquela cena foi realmente muito boa. Vê-lo discorrer sobre Dante e expor seus sentimentos diante de toda a plateia foi algo inesperado para mim. Espero, de verdade, que em O Julgamento de Gabriel o autor nos proporcione mais dessas cenas encantadoras.
Beijos,
Isa.
eu amei o Inferno de Gabriel,já tinha lido quando era fanfic e ler o livro foi uma agradável surpresa,pois o autor (que é um cara super atencioso aliás) conseguiu manter toda aquela expectativa,aquela pressão entre Gabriel e Julia.é muito legal de acompanhar o crescimento de Julia e o começo da redenção de Gabriel por assim dizer.o livro é sexy sem ser apelativo,e o romantismo nele é palpável depois de certos acontecimentos.a capa tudo a ver com o livro,ponto para Editora Arqueiro que optou em manter a capa original. e Parabéns pela resenha.
Olá Ana,
Muita gente comentou comigo que esse livro tinha sido uma fanfic e eu estava completamente alheia a isso, só esses dias quando fui pesquisar que vi que ele veio da geração "Crepúsculo", confesso que fiquei chocada, pois eu realmente não esperava. Com relação ao autor, eu li uma entrevista dele e o achei, além de muito simpático, extremamente inteligente. Espero poder ler mais livros dele além da série Gabriel's Inferno.
Fico feliz que você tenha gostado da resenha. :D
Beijos,
Isa.
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