Resenha: Eu Sou O Mensageiro por Markus Zusak


Há alguns anos, quando eu ainda estava no ensino médio e lia os livros apenas da biblioteca da minha escola, eu conheci o livro A Menina que Roubava Livros. Chega até ser repetitivo dizer que essa obra é magnífica, mas foi nessa época que eu me apaixonei perdidamente pela escrita de Markus Zusak. Contudo, apesar de ter me tornando fã do autor eu, infelizmente, demorei muito tempo para ler Eu Sou O Mensageiro e perdi a chance de confirmar a mais tempo o que eu já desconfiava: Markus Zusak é um dos melhores autores contemporâneos.

Título: Eu Sou O Mensageiro
Autor: Markus Zusak
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Ano: 2007
Conheça Ed Kennedy: taxista, patético jogador de cartas, um desastre no amor. Mora numa casinha alugada com seu cachorro viciado em café e está apaixonado pela melhor amiga. Seu dia a dia é uma rotina de incompetência, até que, sem querer, impede o assalto a um banco. Então recebe a primeira carta: um Ás. É quando Ed se torna o mensageiro... Escolhido para socorrer, ele segue seu caminho na cidade ajudando – e machucando (quando necessário) – até que resta apenas uma questão: Quem está por trás de sua missão? Eu sou o mensageiro é uma jornada enigmática repleta de humor, socos e amor.

Ed Kennedy é um simples taxista que não quer muito coisa da vida além de conquistar sua melhor amiga Audrey, mas até nisso ele está sendo incompetente, já que ela dorme com qualquer um menos com ele. Vivendo em uma casinha alugada com Porteiro, seu cachorro guloso e viciado em café, ele não faz nada além de trabalhar, ler livros e jogar cartas com seus amigos. Contudo, sua vida sem graça ganha um novo sentido quando em um ímpeto ele impede um assalto a banco e saboreia pela primeira vez o sabor do heroísmo. Mas o que seria um ato extraordinário na sua vida pacata prova-se apenas o primeiro teste diante de tudo o mais que acontece em seguida, já que a partir disso ele passa a receber cartas de baralho com informações que o leva até pessoas que de alguma forma precisam do seu auxílio e da mensagem que ele sem saber carrega. Entretanto, apesar de aceitar essa missão que lhe foi imposta, ele ainda quer saber quem está por trás de tudo isso e está determinado a não parar até descobrir o real significado de ser um mensageiro.

A história de Ed começa como qualquer outra, de maneira simples e por que não, trágica. Logo nas primeiras páginas vamos entrando na vida dele e observando o quanto ele é acomodado, preguiçoso e medroso, mas toda essa familiaridade com seu jeito largadão de ser vai se dissipando quando ele é convocando a realizar feitos dos quais ele sequer sonhou ser capaz de tentar. A cada tarefa dada, vemos suas esperanças e medos serem testados, mas principalmente, vemos o crescimento dele e sua transformação.

Entretanto, isso ocorre de maneira gradual, pois assim como os demais membros do seu seleto grupo de amigos, algo o impede de ultrapassar a linha invisível, porém tocável, do comodismo que o acompanhou durante toda uma vida. Às vezes chega a ser um pouco irritante a maneira como ele vê a sua própria vida, mas essas fraquezas dá nele um toque de realidade que é essencial para que nos sintamos ligados a ele. Contudo, tenho que confessar que não me identifiquei com os amigos dele, as pessoas com quem ele acaba por se relacionar ao longo da trama me pareceram muito mais interessantes que as pessoas que o rodeavam constantemente, com exceção do Porteiro, é claro, pois apesar de ficar sempre muito claro que ele fede, adoraria tê-lo por perto para lhe preparar um cafezinho do jeito que ele tanto gosta (risos).

Por mais que eu não goste de comparar obras de um mesmo autor, é impossível não fazê-lo. Em "A Menina Que Roubava Livros" a obra me arrebatou logo nas primeiras páginas, eu não só me identifiquei com a Liesel, mas também me pus em seu lugar em todos os momentos da história. Fato que não aconteceu com o Ed, porque eu me mantive em uma distância segura dele mesmo tendo me identificado com as situações que ele vivia. Talvez isso se deva a maneira diferenciada que o Zusak escreveu, já que com descrições e diálogos rápidos e curtos, às vezes a leitura carece daquele a mais que só uma boa discrição é capaz de dar.

Sei que algumas pessoas certamente se incomodarão com isso e abandonarão o livro, mas com o decorrer da história eu contornei isso e me entreguei ao enredo fantástico que ele elaborou. Ainda no quesito escrita, a ausência de sutileza de suas palavras faz com o leitor acostumado com um vocabulário mais empregado no cotidiano sinta um pouco de dificuldade com a leitura, pois é uma enxurrada de palavras como "porrada" "cacete" "cagaço", mas no fim você nota que com a vida que ele leva fica até difícil descrever as situações que ele viveu com o uso de palavras politicamente corretas como "surra" e "medo". 

Uma coisa interessante sobre a estrutura do livro que eu gostaria de salientar é que ele foi escrito seguindo a quantidade de cartas do baralho, ou seja, cada capítulo representa uma carta e cada Ás representa três missões que ele terá que solucionar nos capítulos seguintes que alternam entre curtos e longos. Nessas tarefas, o autor conta histórias curtas sobre outros personagens que cruzam o caminho do mensageiro e isso enriquece sobremaneira a trama, pois por trás da narração informal que dá voz ao Ed e os destinatários dessas mensagens, como fora supracitado, o leitor é levado a uma revelação maior que é: ajudar ao próximo é o primeiro passo para ajudar a si mesmo. E sendo esse um dos primeiros livros escritos por Markus, fica claro porque ele é um autor tão aclamado, pois por mais que Eu Sou O Mensageiro seja um livro com erros, os acertos são tão maiores que no final você sente que valeu a pena ter lido e compreendido a mensagem que ele trouxe com essa história.


É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só dá pra admirá-la. Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. “Eu tô bem”, dizemos. “Tá tudo bem”. Mas às vezes a verdade pega no pé e não tem santo que a faça desgrudar. É aí que percebemos que às vezes ele nem chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta. Mesmo agora, estou aqui pensando até que ponto minha vida é convincente. Pág. 270

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

8 comments

Anônimo 2 de março de 2013 às 12:52

Muito legal o seu blog... Gostei!!!

Rosana Apolonio 2 de março de 2013 às 17:22

Já li "A menina que roubava livros" e adorei o livro. Markus Zusak tem uma escrita poética e por vezes, mórbida, que encanta o leitor.

Apesar de não ter "Eu sou o mensageiro", acredito que seria um livro que eu iria gostar, apesar de odiar quando os autores escrevem os livros com palavras "politicamente incorretas". hahahahaha

;)

de Dai para Isie 3 de março de 2013 às 02:58

Oi, Isa.

Ainda não li A Menina Que Roubava Livros, mas tenho muita vontade de lê-lo. Gostei demais da resenha! A história parece bastante interessante. E quem é que não tem um animalzinho de estimação por melhor amigo, né? Hahaha! Escrevi dois romances em que havia um cachorro bufão - o mesmo cachorro. kkkkk... Também gosto muito de baralho, foi uma grande jogada do autor.

Beijos,

Isie Fernandes - de Dai para Isie

Melissa Paulino 3 de março de 2013 às 13:03

Eu amo esse livro e adoro a forma que Mark conduz seus personagens! Mas, nada me deixou tão encantada como A Menina que Roubava Livros e, por isso, espero que façam uma ótima adaptação! Ah, amei sua resenha.
Beijo

Anônimo 5 de março de 2013 às 12:11

Eu li A Menina que Roubava Livros e simplesmente me apaixonei pela escrita do Markus. Ainda não li Eu Sou o Mensageiro, mas vontade é que não falta!!

Abraços

IsabelleVitorino 17 de julho de 2013 às 14:40

'A Menina que Roubava Livros' é um livro que marcou a vida de muitos leitores. Acredito que ele foi o primeiro que li que não havia tanta fantasia em seu conteúdo e talvez por isso, acabei lendo um monte de livros do gênero que se tornou um dos meus favoritos a partir dos 15 anos de idade. Mas de verdade, se um dia puder ler 'Eu Sou o Mensageiro', leia, pois vale muito a pena.
Beijos!

IsabelleVitorino 17 de julho de 2013 às 14:42

Eu também amei esse livro, mas quando fiz um comparativo com 'A Menina que Roubava Livros' não havia maneira de dar uma nota 5 a ele, já que seria injustiça com a sua história de maior sucesso. Com relação a adaptação, confesso que estou insegura, mas espero que eles façam um bom trabalho com a história.

Obrigada pelo carinho.

Beijos!

IsabelleVitorino 17 de julho de 2013 às 14:43

Obrigada pelo carinho! Volte sempre.
Beijos!

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