Resenha: Mago – Aprendiz por Raymond E. Feist

Fantasia épica é um gênero que eu admiro, mas que não faz parte das minhas leituras rotineiras. Por isso, pegar um livro recheado de reinos, guerras e criaturas mágicas, é uma viagem sem igual para mim. E se você, assim como eu, fica curioso apenas com a menção da palavra magia, não deixe de conferir essa resenha até o final, tenho certeza que você não vai se arrepender.

Título: Aprendiz
Série: Mago #1
Autor: Raymond E. Feist
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 432
Ano: 2012
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Na fronteira do Reino das Ilhas existe uma vila tranquila chamada Crydee. É lá que vive Pug, um órfão franzino que sonha ser um guerreiro destemido ao serviço do rei. Mas a vida dá voltas e Pug acaba se tornando aprendiz do misterioso mago Kulgan. Nesse dia, o destino de dois mundos altera-se para sempre. Com sua coragem, Pug conquista um lugar na corte e no coração de uma princesa, mas subitamente a paz do reino é desfeita por misteriosos inimigos que devastam cidade após cidade. Ele, então, é arrastado para o conflito e, sem saber, inicia uma odisseia pelo desconhecido: terá de dominar os poderes inimagináveis de uma nova e estranha forma de magia… ou morrer. Mago é uma aventura sem igual, uma viagem por reinos distantes e ilhas misteriosas, onde conhecemos culturas exóticas, aprendemos a amar e descobrimos o verdadeiro valor da amizade. E, no fim, tudo será decidido na derradeira batalha entre as forças da Ordem e do Caos.

Pug é um jovem órfão franzino que vive em Crydee, uma vila tranquila que pertence ao Reino das Ilhas. Possuidor de sonhos infantis, ele é criado no castelo pelos pais do seu melhor amigo Tomas e aguarda ansiosamente o dia em que terá idade suficiente para ser escolhido por um dos Mestres do lugar para ser seu aprendiz. Em seu coração, ele guarda a esperança de se tornar um guerreiro treinado pelo Mestre das Armas. Mas para sua tristeza isso não acontece e ele acaba sendo escolhido por Kulgan, o mago de Crydee e um homem cheio de mistérios. Durante muito tempo Pug esforça-se para aprender os ensinamentos do Mago, mas algo dentro de si impede que ele utilize a magia da forma como lhe é repassada. Frustrado com sua aparente incapacidade de executar feitos mágicos, ele é posto a prova em um ataque inesperado onde a vida da princesa Caline e a sua própria dependem de uma atitude de coragem.

Deixando-se levar pelas emoções, ele realiza um poderoso feitiço e consegue salvar a princesa. Como forma de agradecimento por sua valentia, o Duque lhe concede terras e um lugar na sua corte. Tornando-se um Escudeiro, ele se distancia cada vez mais do jovem com sonhos infantis e traços do homem que ele virá a ser já começam a ser notados. Entretanto, é apenas quando o seu lar é invadido por um povo vindo de terras longínquas, cujos interesses, origens e costumes eles nada sabem, que Pug terá que enfrentar uma jornada jamais imaginada, onde a lealdade, a amizade e a honra, estreitam laços cada vez mais íntimos e onde todos os seus valores serão postos à prova.

Considerado um clássico da literatura, o livro ‘Aprendiz’ abre a série que contará a jornada não só de Pug, como de todo o Reino das Ilhas. Narrado em terceira pessoa, o autor traz para o leitor uma história que contempla vários anos das vidas dos personagens e que busca mostrar todo o impacto que uma guerra tem sobre um povo. Escrito com minuciosidade, por vezes sentimos que as cenas estão acontecendo diante dos nossos olhos e não nas páginas de um livro que foi escrito há muito tempo. Com um ritmo envolvente, durante boa parte da história senti a mesma ânsia de conhecer todos os pormenores contidos ali que sinto cada vez que estou assistindo a série Merlin – uma das minhas prediletas. Tenho certeza que os fãs de literatura épica irão encontrar muito com o que se entreter, principalmente porque o autor descreve com extrema riqueza todos os perigos que estão à espreita e deixa o leitor sob a tensão sobre o por vir durante todo o tempo.

Mas infelizmente todas as qualidades supracitadas não fizeram deste, um livro isento de defeitos, já que na mesma proporção em que o autor merece cada elogio que fizeram dessa série um sucesso, é possível notar defeitos no enredo que não só incomodam, como também, tiram um pouco do brilho da história. Não sei se isso ocorreu porque o primeiro livro da série ‘Mago’ foi dividido em duas partes, mas o fato é que ao término da leitura senti que faltava algo mais no enredo para me encantar. Um dos principais pontos negativos da trama consiste na ausência de aprendizagem da magia de Pug, ainda mais, porque o título é sugestivo demais e deixa o leitor na expectativa constante de que encontrará muitas informações acerca das dificuldades e vitórias que o personagem teria nessa área, quando na verdade pouco se vê sobre o assunto. Essa “imperfeição” na construção do enredo também provoca a sensação de que qualquer personagem do livro poderia ser o protagonista, já que mesmo dotado de poderes mágicos, Pug é mais um narrador da história do que um personagem que faz diferença nos acontecimentos e que tem poder de modificar o rumo das coisas.

Dessa forma, outros personagens acabam se destacando mais e mostrando uma maior evolução do que ele. Tomas certamente faz parte desse grupo, pois é notório as transformações que ele sofreu no decorrer da sua jornada. O mesmo posso dizer de Arutha, que tendo grandes responsabilidades para lidar não deixa dúvidas sobre o tipo de governante que ele irá se tornar. Além disso, senti falta de mais detalhes sobre certas transformações que ocorreram em determinados personagens porque o autor não só utiliza passagens de tempo de anos entre um capítulo e outro, como também, não explora muito bem os dramas e conflitos pessoais dos personagens por focar mais na possibilidade de uma guerra ser iniciada a qualquer momento do que no aprofundamento das personalidades e motivações deles. Contudo, quero deixar bem claro que esses foram os pontos que enxerguei na primeira parte do livro I dessa série, isso não quer dizer que após a leitura da segunda parte irei ter os mesmo pensamentos, já que é possível que todos os defeitos que apontei estejam diretamente ligados a essa divisão do livro. Ademais, mesmo com todos esses incômodos que senti, posso dizer com sinceridade que o ‘Aprendiz’ é um livro agradável e que vai conquistar grande parte dos seus leitores por tratar de amor e guerra, e dos efeitos que ambos surtem naqueles que sentem o seu poder.


[...] entre as atividades mais estranhas que o homem realiza, a guerra é sem dúvida a que vem em primeiro lugar. Pág. 379

Playlist:


--- Isabelle Vitorino ---

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