Resenha: A Garota que Perseguiu a Lua por Sarah Addison Allen

Iniciar uma leitura sem saber o que esperar da história é um misto de prazer e aflição que jamais conseguirei descrever. Contudo, nem mesmo essas emoções podem se equiparar ao poder contido na narrativa de Sarah Addison Allen. E se vocês, assim como eu, amam uma história cheia de magia e surpresas, não deixem de conferir essa resenha!

Título: A Garota que Perseguiu a Lua
Autor (a): Sarah Addison Allen
Editora: Planeta
Páginas: 240
Ano: 2012
Onde comprar: Saraiva | Submarino
Você está oficialmente convidado para conhecer Mullaby, uma cidadezinha muito simpática, mas muito cuidado, pois nela nada é o que parece... Depois da morte da mãe, Emily é mandada à cidade para morar com o avô que até então não conhecia, e começa a se envolver com os (muitos) mistérios de Mullaby. Para isso, ela conta com a ajuda de Julia, uma confeiteira que estudou com a sua mãe e que carrega um grande segredo. Existem mesmo papéis de parede que mudam de cor? De onde vêm as famosas luzes de Mullaby? Poderia um dos bolos de Julia trazer de volta um amor perdido? Entre histórias de amor, de perdão, acontecimentos inexplicáveis e doces deliciosos, descubra os segredos de Mullaby.

Emily tem muito com o que se adaptar. Sua vida está desordenada e ir morar numa cidade singular com seu avô gigante é apenas uma das coisas que ela está tendo que se acostumar após a morte repentina de sua mãe. Certamente isso por si só já era o bastante para ela digerir, mas à medida que os dias transcorrem ela se vê imersa em mais mistérios do que jamais ousou imaginar. Entre eles está Win, um garoto de ar sulista e aparência sofisticada, que tem o estranho poder de fazer com que ela sinta coisas diferentes quando ele está por perto, mas que também a deixa confusa por todos os enigmas que envolvem a sua vida. Por sorte, ela pode contar com Julia, uma confeiteira especialista em atrair as pessoas através do cheiro dos seus bolos e que tem seus próprios problemas para resolver em Mullaby. Especialmente com Sawyer, um amor de sua adolescência, que apesar de lindo e carismático, não é a pessoa mais confiável do mundo. E é em meio a conflitos e mistérios que Mullaby envolve todos os visitantes em seus encantos e mostra que não é uma cidade tão ruim para se viver.

Um grande conto. Essa é a frase perfeita para definir esse livro. Principalmente quando poucas horas depois do término da leitura ainda consigo sentir o cheiro de bolo recém-saído do forno emanado através das páginas, bem como, ouvir alguns dos sons vindos da floresta após uma perseguição interminável em busca da lua. Acredito que isso acontece porque apesar do que dizem alguns céticos, há pessoas que realmente conseguem realizar um ato mágico. Sarah Addison Allen, por exemplo, ela certamente faz parte desse grupo, já que com uma escrita repleta de encantos, ela consegue preencher a sua história com detalhes que parecem ter saído de um conto de fadas. As linhas escritas por ela transbordam de um encanto tão sutil que por mais que o leitor tente, se afastar do livro antes do término se torna uma tarefa impossível.

Narrado em terceira pessoa a autora muda de ponto de vista frequentemente. Dessa forma, além dos pensamentos e sentimentos de Emily e Julia, conhecemos um pouco mais dos demais personagens que de alguma forma são importantes seja para a história, seja para as duas protagonistas. E posso dizer de antemão: tudo que eles têm para dizer é extremamente interessante. São tantos conflitos internos, tantas dúvidas, que participar de tudo isso deixa sempre o leitor ansiado por mais. Até porque Sarah conseguiu alcançar uma proeza que sempre me pareceu difícil de ser alcançada: todos os seus personagens são encantadores, com características muito bem definidas e nenhum deles deixou a leitura maçante por ter uma personalidade dúbia ou chata de ser acompanhada. O plano de fundo que ela construiu para narrar a sua história e a maneira que ela tornou Mullaby em uma personagem do seu enredo, também é uma característica fascinante do seu livro. De verdade, se eu pudesse morar em um livro, certamente minha escolha seria ‘A Garota que Perseguiu a Lua’ – adoraria poder conhecer todos os segredos de Mullaby.

Contudo, a densidade com que a autora construiu as histórias de suas protagonistas de modo paralelo – apesar de em alguns momentos estarem intricados –, foi o que realmente me conquistou. Já que ao mesmo tempo em que é possível acompanhar os desdobramentos que ocorrem na vida de Emily, uma garota que tem que lidar com o passado conturbado de sua família, trabalhar a sua relação com o vovô Vance (que possui uma ingenuidade apaixonante) e entender todos os sentimentos que permeiam sua relação com o jovem Win; também vemos todas as indecisões e a solidão que preenchem a vida de Julia, uma mulher madura que não sabe o que fazer com os segredos que esconde muito menos com a presença constante de Sawyer em sua vida. São duas histórias trabalhadas em um único livro com tanta delicadeza que o enredo parece ter sido construído com as mesmas camadas deliciosas que os bolos da Julia são feitos, deixando impresso no leitor a sensação de plenitude que só uma grande narrativa é capaz de deixar. Podem ter certeza, ‘A Garota que Perseguiu a Lua’ é um livro memorável e que conquistará o seu coração.

– Estou sempre com saudade de casa. [...] Só não sei onde é a minha casa. Há uma promessa de felicidade por aí. Eu sei disso. Até a sinto às vezes. Mas é como perseguir a lua: bem na hora em que você a tem, ela some no horizonte. Eu fico triste e tento seguir em frente, mas o maldito troço volta na noite seguinte, me dando a esperança de pegá-la novamente. Pág. 175

Playlist:

--- Isabelle Vitorino ---

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