Resenha: Predestinados por Josephine Angelini
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‘Predestinados’
era um livro que não estava nos meus planos para ser lido recentemente, mas
como eu sempre reservo o meu tempo para alguma leitura mais “impulsiva”, hoje
vocês poderão conferir qual é a minha opinião a respeito do primeiro livro
dessa série que promete trazer muito romance e mitologia grega para os seus
leitores.
Título: Predestinados
Série: Predestinados
#1
Autor (a): Josephine
Angelini
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Ano: 2012
Helen Hamilton passou a vida inteira tentando disfarçar o fato de que é uma garota diferente, mas agora, aos dezesseis anos, isso está cada vez mais difícil. Não apenas por causa de sua força sobre-humana ou porque às vezes, sem motivo aparente, pessoas estranhas simplesmente a atacam, mas também porque ela teme que seu juízo esteja seriamente comprometido. Pesadelos recorrentes com uma estranha viagem pelo deserto e a visão de três mulheres derramando lágrimas de sangue a tem atormentado noite e dia. Ao mesmo tempo, um impulso inexplicável, incontrolável, passa a dominar seus pensamentos: Helen quer matar Lucas, um dos rapazes da glamorosa e misteriosa família Delos. À medida que descobre mais sobre sua verdadeira origem, ela percebe que a relação dos dois está submetida não só à sua vontade, mas a forças e tradições ancestrais.
Helen nunca se considerou uma garota normal. Inexplicavelmente,
ela sempre fora diferente das demais pessoas da ilha e por isso tinha que se
esforçar para não chamar a atenção. Contudo, o seu último ano na escola está
sendo especialmente difícil para ela, já que além de ter que lidar com os
populares que a odeiam, ela passa a enfrentar a dura tarefa de ignorar os Delos
e todos os sentimentos que eles despertam nela. Como se isso já não fosse
suficiente, ela ainda tem que encarar os pesadelos que a
atormentam todas as noites, onde ao final, ela está sempre cansada, sedenta de
água e com seus pés sujos de areia e sangue. Sem entender o significado disso,
ela tenta ao menos compreender porque seus impulsos passam ser controlados por
três mulheres que choram lágrimas de sangue e que exigem dela algo que ela
jamais imaginou dever. Mas é a medida que ela passa a questionar sua sanidade
mental, que ela se depara com uma explicação que apesar de ser digna de
incredulidade, acaba sendo a resposta que ela sempre buscou.
Predestinados foi um livro que eu comprei
completamente no escuro. A capa belíssima e a frase sobre os deuses me chamaram a atenção logo de cara, mas eu preferi não ler a sinopse dele e ver o que a
autora me reservava pessoalmente. Depois que ele chegou, li todas as informações
descritas a respeito dele na capa, contracapa e orelhas, e eu fiquei muito
ansiosa para lê-lo. No início da leitura as coisas estavam lentas, porém eu
mantive a esperança de que as coisas fossem melhorar. E não vou mentir,
aconteceram algumas reviravoltas interessantes, porém as páginas foram transcorrendo
de um modo que eu não tive outra opção a não ser admitir que no livro faltava o
mais importante: originalidade.
Podem me julgar – eu deixo –, mas eu tenho
um sério problema com livros que me lembram demais
outras histórias famosas. Isso acontece porque odeio sentir a sensação de que
já li aquilo em outro lugar. É certo que isso tem acontecido com tanta
frequência que nós leitores acabamos relaxando um pouco no quesito julgamento
de enredo – principalmente quando as inspirações são leves –, mas quando elas
são tão nítidas quanto as que eu encontrei no livro, fica muito difícil
relevar. Ainda mais quando a própria essência da trama da autora fica perdida
em um mar de clichês que o leitor só sabe que não está lendo especificamente os
livros associados na sua mente porque o título do livro e o nome da autora são
diferentes.
Para ser mais direta, vou descrever algumas características dos personagens que pude observar no decorrer da leitura para vocês entenderem melhor
do que estou falando e assim tirarem suas próprias conclusões: a nossa protagonista
Helen mora apenas com o pai e é tida como a mulher mais bonita da ilha,
contudo, ela não se sente assim e sempre acha que é a mais feia do lugar; o
mocinho Lucas é o mais lindo da escola e todas as meninas sentem inveja da
atenção que ele dá a Helen por não entenderem como ele quer uma garota tão esquisita;
Hector é o mais forte da família Delos e não perde uma oportunidade de chamar a
Helen pra briga; Jason se mantém distante de uma garota por ter
medo de machucá-la; Ariadne é a garota que entende de moda e sente uma simpatia
quase que imediata por Helen; Cassandra carrega segredos e é a mais séria;
Noel é a matriarca da família e não perde a oportunidade de usar sua cozinha; Castor
é o chefe dos Delos e é compassivo por ter como prioridade a felicidade de todos.
E como se não bastasse essas claras
construções de personagens inspiradas em um certo best seller mundial, a autora
ainda me chateou por ter feito praticamente todos os personagens extremamente
belos (pensei que havia uma divisão de casas, mas pelo jeito todos eles
descendem de Afrodite) e olha, até mesmo aqueles não tem nada a ver com a
descendência grega que fornece essa “característica” aos personagens, também
possuem uma beleza acima da média. Mas não é só isso, a família Delos
também é muito rica e possui na mansão onde todos eles moram juntos, uma
garagem repleta de carros de luxo. Contudo, como não só de erros o livro foi
feito, tenho que admitir que gostei da dinamicidade que a autora colocou em
certas cenas em que os personagens interagiam, pois elas foram capazes de me render
boas risadas durante a leitura.
Com relação a narrativa, achei fraca e
confusa. A autora não foi muito feliz ao escrever o livro e eu sempre tinha a
impressão de que era necessário eu ler o parágrafo mais de uma vez para
entender o que ela queria dizer em cenas que ela precisava ser mais descritiva.
Outro ponto chato do desenvolvimento do seu enredo é que ela foi jogando coisas
aleatórias na história ao seu bel prazer para que a cena e/ou o diálogo que ela
fosse desenvolver nas linhas seguintes tivesse mais sentido. Acreditem se
quiser, mas ela inseriu tantas chuvas e tormentas do nada que eu só percebia
que esses fenômenos naturais estavam ocorrendo quando alguém era descrito como
molhado (ela não preparava o leitor fazendo a descrição do clima). Não satisfeita
com isso, ela ainda mandou um romance proibido no livro que não tinha nada a
ver ser colocado na história e que só me fez lembrar dos primeiros livros da
série ‘Os Instrumentos Mortais’. Já a mitologia grega é algo que apesar de ser
constantemente citado, não tem um bom embasamento e foca apenas na Guerra de Tróia
e na poesia Ilíada, por isso se você tem esperanças de ver uma gama de
referências a esses mitos tenho que lhe dizer que esse não é o livro ideal para
isso.
Depois de tantos pontos negativos que eu citei você deve estar curioso para saber se eu ainda indicaria esse livro para alguém. E
a resposta é sim. Confuso? Espere que vou me explicar. Apesar de o livro ter
incontáveis clichês que me irritaram profundamente, isso aconteceu porque eu sou muito exigente com a questão da
trama, por isso, acredito que se você for um leitor flexível e que não leu os
livros que ela claramente se inspirou, você conseguirá se divertir com a
proposta da autora. Além disso, se você gosta de romances que beiram o platonismo, mas que rendem algumas cenas fofinhas, também
ficará satisfeito com o que encontrará aqui. Só não espere um desenvolvimento
excepcional com relação a isso porque você não terá, já que até agora eu não
entendi a cena que eles “fingem” ser um cometa e passam do mais puro ódio a um
amor escrito nas estrelas. Em suma: o livro está repleto de defeitos que podem
ser facilmente encontrados, mas ainda assim, não é o pior que já li na vida.
[...] O que você não consegue aguentar? Decida qual das duas opções é mais difícil e faça a outra. Dessa forma, não importa o quanto sua escolha seja difícil, você pelo menos pode se consolar sabendo que está evitando algo ainda pior. Pág. 211
Playlist:
--- Isabelle Vitorino ---
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